quarta-feira, 29 de maio de 2013

Deusa Hebe, idades e passar do tempo



Ver pessoas que te fazem bem é um deleite e hoje eu vi uma pessoa muito querida, que tenho boas histórias para lembrar. Sempre que conversamos parece que nos conhecemos ontem, mas já faz sete anos! Eu sinceramente fiquei, ao mesmo momento, surpresa com a grande passagem do tempo (crhonos) e reflexiva com a questão da quantidade de vida que podemos ter naquela outra contagem de tempo efetiva (kairós). 

E nesta questão de tempo vai e tempo vem, existe um assunto que muito tenho refletido: a passagem da juventude. Os gregos antigos possuíam uma deusa da juventude: Hebe.
Hebe era filha do poderoso Zeus e sua esposa Hera. Era ela quem distribuía o néctar da imortalidade para os deuses e possuía uma feição adolescente, seu nome significa juventude, puberdade. Esta Deusa personifica a eterna juventude, mas é também associada como a Deusa da beleza e dos casamentos entre jovens casais.

Aqui no Brasil, também existe uma “deusa da beleza”: a cirurgia plástica. O nosso país quase dobrou o número de cirurgias estéticas realizados nos últimos quatro anos, com 97,2% de crescimento. Foram realizadas 211.108 lipoaspirações, um crescimento de 129%. Aqui certamente as orações à outra deusa da juventude, a deusa Hebe, seriam dispensadas.

Envelhecer é um processo natural do ser humano. Há quem envelheça bem ou mal depende muito da situação. Existem pessoas de 40 anos jovens e existem, de 20 anos velhas. 

Desenvolvi uma teoria para explicar a idade, temos três: a cronológica, a físico-biológica e a emocional. 

A cronológica não é preciso explicar, pois é a mais cartesiana de todas, é igual ao ano que você nasceu. 

A idade físico-biológica é aquela que você tem na sua aparência física. Convivo com três senhores da mesma idade: 65 anos. Um é alegre, cuida da saúde, faz dieta, tem um bom relacionamento e malha todo dia e faz mil (!) abdominais. O segundo sempre teve uma vida cheia de amigos, mas socialmente muito agitada, com passeios, jantares e bebidas e anda muito apaixonado. O terceiro, é uma pessoa extremamente amarga, reclama de trabalhos que teve, do trabalho atual e por assim vai. E qual a diferença na idade físico-biológica dos três, já que possuem a mesma idade? É muito visível. O primeiro você daria dez anos a menos com extrema facilidade. O segundo, cinco anos a menos com muita facilidade. O terceiro você acrescentaria dez anos com muita facilidade. Portanto: idade cronológica 65, mas idade físico-biológica: 55, 60 e 75. 

Com relação à idade emocional, isso já é um fato que a medicina apurou: existem pessoas que, embora tenham certa idade e até um desenvolvimento intelectual normal, são emocionalmente como crianças ou adolescentes, ou seja, não desenvolveram a maturidade necessária para a vida. E, para esta deficiência, ainda não vi cura, só terapia e vontade de se autoconfrontar. Ainda não fizeram cirurgia plástica para imaturidade, neste caso só com muita reza aos deuses. 

Exemplo de famosos com a mesma idade cronológica e com idades físico-biológicas diferentes.











terça-feira, 21 de maio de 2013

Quando os olhos se fecham...


"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Más há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado."— William Shakespeare (via palavras-a-solta)


quarta-feira, 15 de maio de 2013

A SEXUALIDADE DA MULHER NEGRA

Texto de Jarid Arraes*






A sexualidade é um campo diverso e subjetivo e, por isso, nada a seu respeito é unânime. A construção sexual de cada pessoa é única, não podendo jamais ser caracterizada de forma universal. No entanto, a reação da sociedade com relação à sexualidade feminina costuma ser bastante semelhante para diversas mulheres no mundo. Isso se dá em grande parte por conta das influências do patriarcado. Esse sistema de organização social subjuga todas as mulheres, mas o quadro é especificamente complicado para as mulheres negras.

Todas as mulheres são objetificadas culturalmente e usurpadas de qualquer autonomia. Para elas, há um processo compulsório a ser vivido para que a soberania sobre a própria sexualidade seja retomada das mãos do patriarcado. É necessário um esforço extremamente desgastante para conseguir sair da posição de objeto, sem direito a voz, e obter competência sobre a própria vida sexual.

O MACHISMO CONTRA A MULHER NEGRA

A forma como a manutenção sobre a sexualidade feminina é exercida varia de acordo com as outras interseccionalidades da mulher em questão. Uma mulher negra sofre os efeitos do machismo e do patriarcado de forma diferente de uma mulher branca. Um bom exemplo para se refletir está no caso da Quvenzhane, uma garota negra de 9 anos que foi chamada de “cunt” (uma palavra derrogatória para se referir às mulheres, mais ou menos equivalente a “buceta” em português) em um site de paródias de notícias. A reação das pessoas foi de relevar a ocorrência por se tratar “somente de uma piada”. Mas quando uma mulher branca diz a mesma palavra na televisão, as pessoas se chocam. Essa diferença na percepção das situações não é livre de influências socioculturais e, por isso, mesmo que inconscientemente, muitas pessoas conseguem relevar o caso da Quvenzhane – apesar de ser uma criança e vítima de violência de cunho sexual – somente pelo fato dela ser negra.

Nos dois casos, as garotas são dominadas pelo machismo e tratadas como seres sem autonomia. O controle sobre a menina branca é feito de forma pretensiosamente protecionista, enquanto a menina negra é visivelmente hostilizada. Isso nos leva a refletir sobre a própria idéia de resguardo sexual na infância: uma menina branca deve ser resguardada de qualquer expressão de sexualidade, mas para uma menina negra é considerado aceitável a exposição de sexo ou violência, levando-a muitas vezes a situações de abuso sexual.


A COR DO PECADO

A mulher negra é cercada de dicotomias quando o assunto é seu corpo: por um lado, há um misto de invisibilidade e indesejabilidade quando o corpo feminino é negro, pois no mercado erótico, nas revistas masculinas e na representação midiática prevalecem as mulheres brancas e loiras como mulheres desejáveis. Mamilos, axilas e genitais negros, por exemplo, são considerados asquerosos, havendo uma infinidade de produtos com o fim de clarear essas partes. As qualidades sexualmente desejáveis são sempre aquelas associadas ao corpo da mulher branca e mesmo as características consideradas ruins, como cabelo crespo ou nariz largo, são muito mais toleradas em uma mulher de pele clara.

Nas raras ocasiões em que a sociedade expressa algum desejo por mulheres negras, é quase sempre pela idéia de que a mulher negra é um “sabor diferente” e “mais apimentado” de mulher. O corpo feminino negro é hipersexualizado e considerado exótico e pecaminoso. Quem nunca ouviu falar que a mulher negra tem a “cor do pecado”? Essa é a brecha que sobrou para que o patriarcado continue a impôr o racismo às mulheres negras: a dicotomia do gostoso, exótico e diferente, mas que ao mesmo tempo é proibido, impensável, pecaminoso e não serve para o matrimônio ou monogamia. Nossa sociedade já considera geralmente que o racismo é algo ruim; o problema, em grande parte, está em identificar o racismo dentro de atitudes e políticas do dia a dia. E segregar sexualmente as mulheres negras também é uma forma de racismo, mas é socialmente aceitável em pleno século XXI.

OBJETIFICAÇÃO SEXUAL PRECOCE E O ESTIGMA DA PROMISCUIDADE

Desde cedo, a garota negra é simbolizada sexualmente. Afinal, ela é considerada mais provocativa do que a garota branca: tem a “cor do pecado” e não é “a garota certa para relacionamentos”. As meninas e adolescentes negras são vistas sob um olhar objetificador, são as maiores vítimas da exploração sexual e, uma vez que a grande maioria provém das camadas mais pobres – vestígios racistas inegáveis de uma sociedade escravocata -, são inseridas muito cedo no mercado da prostituição forçada, sendo vendidas e trocadas por valores desprezíveis.

Por esses fatores, a garota negra cresce com o estigma de ser promíscua. E a verdade é que a sociedade não reflete sobre a objetificação e exploração que impõe às garotas negras, ela apenas reforça seus conceitos racistas de exotificação e condena a mulher negra a uma vida em que sua sexualidade será sempre sua algoz. É essa garota negra que será usada como bode expiatório para opiniões machistas sobre gravidez na adolesência e também é essa mulher negra que será eternamente a mãe solteira, sem marido e sem moral.

DIFERENÇAS CULTURAIS

Seria incoerente analisar a sexualidade da mulher negra com a mesma ótica que observamos a mulher branca. Há fenômenos socioculturais específicos de uma população negra, especialmente dentro de um contexto de segregação e classe social, como pode ser visto no caso do funk, considerado “música de pobre” pela população rica e branca. Essas especificidades podem funcionar ao mesmo tempo como opressoras e empoderadoras para mulheres negras.

Para tomar o poder sobre sua própria sexualidade, a mulher negra pode e deve agir de maneiras diversas. Sua sexualidade não se encaixa num molde e nem é assunto para apenas um texto. As nuances são muita e a complexidade é grande. É preciso expôr e falar mais sobre o assunto, pois o empoderamento da mulher negra sobre seu próprio corpo e sexualidade encontra um obstáculo monstruoso: o racismo. Ser dona de seu desejo sexual não é uma tarefa fácil. Somente quando o racismo for derrubado, haverá espaço para que a mulher negra consiga ser sexualmente livre.

É importante lembrar que quando o assunto é sexualidade feminina, nenhuma mulher tem sua autonomia concedida pelo patriarcado. A necessidade não é de negar a objetificação, exploração e violência cometidas contra a mulher branca, mas saber que há contextos diversos. A mulher branca, a negra, a indígena, a indiana, a japonesa, a sul-africana etc., cada uma delas sofre exploração sexual, objetificação, estupro e negação de autonomia, mas a forma como isso acontece sofre nuances devido não apenas à etnia, como também à religião e classe socioeconômica. A forma mais eficiente para combater esse tipo de violência é compreendendo as necessidades mais importantes de cada contexto e lidando diretamente com as especifidades de cada um. É preciso conhecer mais e promover discussões mais abrangentes, assim como ações e políticas públicas que atinjam o alvo.





* educadora sexual, especialista em sex toys e escreve no Mulher Dialética.
Texto escrito para o blog Mulheres negras e gentilmente cedido pela autora para o nosso blog.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Você é um rolador de pedra? O Mito de Sísifo - I


"Quantas pessoas estão rolando pedra morro acima? Quantas insistem num caso que nunca terá solução? Ou teimando em mudar outra pessoa para se satisfazer? Exercendo uma função rotineira e vazia? Quantas se acham num martírio sem fim? A maioria? Quantas vivem sob o domínio das ideologias sem questioná-las? Quanto dinheiro é gasto no inútil esforço de parar o tempo e se tornar jovem para sempre?
Até aqui tudo parece ser absurdo, pois quando se tenta reduzir a impossibilidade do mundo a um princípio racional e razoável, nada faz sentido. Mas, levar a sério até o que é absurdo, é reconhecer a contradição entre o desejo da razão humana e da insensatez do mundo. Sem o homem, não há absurdo. Então, por que viver uma vida vã e inútil? Ora, o que conta não é a melhor vida, mas como se deve vivê-la. Daí a liberdade. Todavia, para a maioria, ela também é um absurdo e libertar-se é preciso." 


IN: Saber é preciso




segunda-feira, 13 de maio de 2013

No dia da abolição: O navio negreiro

* 400 anos de subjugo.
**Com imagens do filme Amistad, realizado por Steven Spielberg. 






O poeta Castro Alves escreveu O navio negreiro aos 22 anos, em 1869. A lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravos, fora promulgada quase vinte anos antes. Cada parte do poema tem métrica própria, de maneira que o ritmo de cada estrofe retrata a situação apresentada nela.



Castro Alves

  I
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta. 
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro... 
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas... 
Donde vem? onde vai?  Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam, 
Galopam, voam, mas não deixam traço. 
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade! 
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa! 
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos! 
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
.......................................................... 
Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa! 
Albatroz!  Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas.
 
II
    
Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após. 
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão! 
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir! 
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...
 
III
    
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
 
IV
     
Era um sonho dantesco... o tombadilho 
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite... 
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar... 
Negras mulheres, suspendendo às tetas 
Magras crianças, cujas bocas pretas 
Rega o sangue das mães: 
Outras moças, mas nuas e espantadas, 
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs! 
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala, 
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais... 
Presa nos elos de uma só cadeia, 
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece, 
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri! 
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..." 
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
          Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
          E ri-se Satanás!... 
 
V
    
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! 
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são?   Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!... 
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . . 
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael. 
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!... 
Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer. 
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar... 
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!... 
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ..

VI
       
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio.  Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!... 
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

Homenagem a uma Hera negra


Negras Perucas

Paula Lima

Deixa esse cabelo solto
Que eu faço questão de olhar
Deixa esse alma acesa
Não deixe jamais se apagar
Mantenha os olhos abertos
É por eles que eu quero
Entrar no seu corpo
E esse desejo por perto
Faremos dele
O nosso porto seguro
Quem sabe
Num casamento futuro
Quem sabe
Esse amor seja puro
É essa nossa umidade
Que salvará
Nossos corpos
Do envelhecimento
Mesmo com o avanço
Da idade
E a brutalidade
Do tempo
Seremos jovens
Por dentro
Mesmo
Com nossas pelancas
E rugas
Seremos jovens
Por dentro
Com brancos véus
Negras perucas
Negras perucas
Com brancos véus
Negras perucas
Com brancos véus
Negras perucas
Com brancos véus
Negras perucas
Com brancos véus
Negras perucas
Com brancos véus
Negras perucas
Com brancos véus
(Repete letra)


sábado, 4 de maio de 2013

Garotas do Game of Trones são deusas Gregas

Gostei dos livros e da série. Achei que as garotas do GOT são realmente deusas. Resolvi compartilhar minhas impressões com vocês. Alguma sugestão para Véstia?


Daenerys Targaryen é  Ártemis 



Cersei Lannister é Afrodite


Catelyn Stark é Deméteer


Sansa Stark é Perséfone


Arya Stark é Atena


Margaery Tyrell é Hera