sexta-feira, 8 de novembro de 2013

DIONÍSIO - VIDA LOUCA VIDA - CAZUZA


Série uma música (brasileira) para cada arquétipo greco-romano.


Dionísio é o deus que nasceu duas vezes. Filho do grande Zeus com Sêmele, uma mortal, foi gerado na coxa do pai depois que a mãe morreu consumida pela presença do grande deus. Ao crescer, o deus foi enlouquecido por Hera, inconformada com a traição de seu marido. Ele passou então a circular por todos os recantos do Planeta. Ao encontrar a deusa Cibele, na Frígia, ela lhe concedeu a cura e o formou dentro das cerimônias religiosas que ela cultivava.

Foi então que ele se tornou o deus do vinho e da vegetação. Desta forma, ele assumiu o papel de revelar aos mortais os segredos do cultivo da videira. Seu corpo é geralmente coberto por um tecido de pele leonina, pois nos mitos romanos ele se transforma em Baco, que se metamorfoseia em um leão, com a missão de derrotar e se alimentar dos gigantes que tentavam atingir o céu.

Também é possível encontrar a imagem de Dionísio assentado sobre uma vasilha, com um copo na mão, o qual verte vinho embriagante, o que justifica seu andar vacilante. Os gregos ofereciam a ele bodes, coelhos e pássaros corvídeos. Este deus era também considerado um guerreiro, sempre vencendo os adversários, principalmente se livrando das armadilhas de sua rival maior, Hera.

Sua fama como deus do vinho e do prazer rendeu-lhe vários festivais teatrais em sua honra. Ele é sempre conectado também com atividades prazerosas, como o erotismo e as orgias. Segundo as lendas, ele era muito simpático com quem lhe rendia culto, mas podia proporcionar loucura e ruína para os que menosprezavam os festins devassos a ele ofertados, conhecidos como bacanais. Consta igualmente que ele sempre se recolhia na morte durante o inverno e voltava a nascer na primavera.

Por que a música Vida Louca Vida para o arquétipo Dionísio? Esse deus representa o nosso impulso para a vida, a coragem de mergulhar no desconhecido. É o que nos aproxima do nosso excêntrico apaixonado. A Vida louca Vida "cansada de tanta babaquice, tanta caretice dessa eterna falta do que falar".

Alguns impulsos são vitais no sentido que permeiam e permitem mudanças estruturais no ser.  e por isso, essa bela música do nosso Cazuza que tão bem soube viver a vida:






Vida Louca Vida
Cazuza



Vida louca vida, vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve
Vida louca vida, vida imensa

Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa

Quando ninguém olha quando você passa
Você logo acha eu tô carente, eu sou manchete popular
Tô cansado de tanta babaquice, tanta caretice
Dessa eterna falta do que falar.

Se ninguém olha quando você passa
Você logo acha que a vida voltou ao normal
Aquela vida sem sentido, volta sem perigo
É a mesma vida sempre igual

Se alguém olha quando você passa
Você logo diz: "Palhaço!"
Você acha que não está legal

Perde todos os sentidos...
Corre sempre um perigo
Você passa mal

Vida louca vida, vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve

Vida louca vida, vida imensa
Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa
Não,não compensa

Se ninguém olha quando você passa
Você logo acha eu tô carente, eu sou manchete popular
Tô cansado de tanta babaquice, tanta caretice

Dessa eterna falta do que falar
Vida louca vida, vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve
leve,leve,leve,leve,leve,leve...

Link: http://www.vagalume.com.br/cazuza/vida-louca-vida.html#ixzz2k5CwZ2YR

fontes:Tarot mitológico
Infoescola

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Hefesto (Vulcano) e sua música


Série uma música (brasileira) para cada arquétipo greco-romano.

Projetado por sua mãe, Hera (alguns dizem que ela o concebeu sozinha), Hefesto tornou-se posteriormente deus da forja e dos artífices e finalmente das artes e da perícia manual.
Reina sobre os vulcões que são as suas oficinas e onde trabalha com os seus ajudantes, os Ciclopes. Deus poderoso, combate diante de Tróia com a chama, onde durante a Gigantomaquia matou o gigante Clítio, atingindo-o com uma maçã de ferro em brasa.

Hefesto, o deus coxo, uma versão diz que Hera, envergonhada pela imperfeição do filho, expulsou-o do Olimpo atirando-o ao mar, onde foi recolhido por Tétis e Eurínome, que o criaram até aos nove anos numa gruta. Hefesto trabalhou por nove anos, formou e modelou para ambas diversas jóias e guardou sempre um reconhecimento profundo pela bondade que elas lhe haviam demonstrado.
Fisicamente desfavorecido, nem por isso deixou de ter mulheres de grande beleza. De Hera, recebeu a mão da bela Afrodite, como reparação pelos anos de exílio. 

Hefesto seria talvez o grande estranho dos deuses. Tem uma relação conflituosa com a mãe que transfere para as mulheres.
 Para Hefesto uma música linda, cujo título não poderia ser diferente:


Extraño 
Nenhum de Nós

“O que eu sinto a respeito dos homens é estranho
É estranho como é frio
É estranho como eu perdi a fé
É estranho como é estranho
Perguntar o nome”



Alteridade, coisa de deuses e heróis



Este ano, a palavra alteridade vem me perseguindo. E quero compartilhar com vocês exemplos de alteridade na Mitologia greco-romana. 
Antígona, filha de Édipo e Jocasta, que tinham mais três filhos, Etéocles, Ismênia e Polinice, foi um exemplo belo de amor fraternal. Foi a única filha que não abandonou Édipo quando este foi expulso de seu reino, Tebas, pelos seus dois filhos. Seu irmão, Polinice, tentou convencê-la a não partir do reino, enquanto Etéocles ficou indiferente com sua partida. Antígona acompanhou o pai em seu exílio até sua morte.  
A história da heroína pode ser lida  em Antígona de Sófocles, porém para que entendam bem esta palavra, compartilho com vocês o belíssimo texto de Frei Betto a respeito de alteridade:


ALTERIDADE - Frei Betto



O que é alteridade? É ser capaz de apreender o outro na plenitude da sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença. Quanto menos alteridade existe nas relações pessoais e sociais, mais conflitos ocorrem.

A nossa tendência é colonizar o outro, ou partir do princípio de que eu sei e ensino para ele. Ele não sabe. Eu sei melhor e sei mais do que ele. Toda a estrutura do ensino no Brasil, criticada pelo professor Paulo Freire, é fundada nessa concepção. O professor ensina e o aluno aprende. É evidente que nós sabemos algumas coisas e, aqueles que não foram à escola, sabem outras tantas, e graças a essa complementação vivemos em sociedade. Como disse um operário num curso de educação popular: "Sei que, como todo mundo, não sei muitas coisas".

Numa sociedade como a brasileira em que o apartheid é tão arraigado, predomina a concepção de que aqueles que fazem serviço braçal não sabem. No entanto, nós que fomos formados como anjos barrocos da Bahia e de Minas, que só têm cabeça e não têm corpo, não sabemos o que fazer das mãos. Passamos anos na escola, saímos com Ph.D., porém não sabemos cozinhar, costurar, trocar uma tomada ou um interruptor, identificar o defeito do automóvel... e nos consideramos eruditos. E o que é pior, não temos equilíbrio emocional para lidar com as relações de alteridade.

Daí por que, agora, substituíram o Q.I. para o Q.E., o Quociente Intelectual para o Quociente Emocional. Por quê? Porque as empresas estão constatando que há, entre seus altos funcionários, uns meninões infantilizados, que não conseguem lidar com o conflito, discutir com o colega de trabalho, receber uma advertência do chefe e, muito menos, fazer uma crítica ao chefe.

Bem, nem precisamos falar de empresa. Basta conferir na relação entre casais. Haja reações infantis...

Quem dera fosse levada à prática a idéia de, pelo menos a cada três meses, um setor da empresa fazer uma avaliação, dentro da metodologia de crítica e autocrítica. E que ninguém ficasse isento dessa avaliação. Como Jesus um dia fez, ao reunir um grupo dos doze e perguntar: "O que o povo pensa de mim?" E depois acrescentou: "E o que vocês pensam de mim?"

Quem, na cultura ocidental, melhor enfatizou a radical dignidade de cada ser humano, inclusive a sacralidade, foi Jesus. O sujeito pode ser paralítico, cego, imbecil, inútil, pecador, mas ele é templo vivo de Deus, é imagem e semelhança de Deus. Isso é uma herança da tradição hebraica. Todo ser humano, dentro da perspectiva judaica ou cristã, é dotado de dignidade pelo simples fato de ser vivo. Não só o ser humano, todo o Universo. Paulo, na Epístola aos Romanos, assinala: "Toda a Criação geme em dores de parto por sua redenção".

Dentro desse quadro, o desafio que se coloca para nós é como transformar essas cinco instituições pilares da sociedade em que vivemos: família, escola, Estado (o espaço do poder público, da administração pública), Igreja (os espaços religiosos) e trabalho. Como torná-los comunidades de resgate da cidadania e de exercício da alteridade democrática? O desafio é transformar essas instituições naquilo que elas deveriam ser sempre: comunidades. E comunidades de alteridade.

Aqui entra a perspectiva da generosidade. Só existe generosidade na medida em que percebo o outro como outro e a diferença do outro em relação a mim. Então sou capaz de entrar em relação com ele pela única via possível – porque, se tirar essa via, caio no colonialismo, vou querer ser como ele ou que ele seja como sou - a via do amor, se quisermos usar uma expressão evangélica; a via do respeito, se quisermos usar uma expressão ética; a via do reconhecimento dos seus direitos, se quisermos usar uma expressão jurídica; a via do resgate do realce da sua dignidade como ser humano, se quisermos usar uma expressão moral. Ou seja, isso supõe a via mais curta da comunicação humana, que é o diálogo e a capacidade de entender o outro a partir da sua experiência de vida e da sua interioridade.

Frei Betto é escritor, autor de "Alfabetto - autobiografia escolar" (Ática), entre outros livros.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Série uma música para cada deus: Kairós - Tempo ê - Roberto Ribeiro


Kairós é deus realmente brincalhão que não poupa aqueles que não sabem aproveita-lo.

Pensando na sagacidade do deus, pensei em iniciar uma série chamada uma música para cada deus. Falei da questão do tempo e sua diferenciação para o povo grego nesta postagem aqui e posteriormente aqui. Hoje, a música inicial é Tempo é do sambista Roberto Ribeiro. E por que essa foi a música escolhida para esse deus? Como mencionado anteriormente aqui no blog, Kairós é um momento indeterminado no tempo em que algo especial acontece, a experiência do momento oportuno. É usada também em teologia para descrever a forma qualitativa do tempo, o "tempo de Deus", enquanto Cronos é de natureza quantitativa, o "tempo dos homens". A música ressalta o valor do tempo na perspectiva Kairós: 

"Mil exemplos tem o mundo

Sobre o tempo minha gente
No amor do dia-a-dia
Na saudade, no batente
Veja a fruta que é madura 
Por processos não normais
Não tem a cor nem o cheiro 
Nem sabor das naturais."


Tudo ocorre no tempo certo, ou no tempo Kairós, que significa o tempo de deus em grego. 



Sobre Roberto Ribeiro:


Dermeval Miranda Maciel, mais conhecido como Roberto Ribeiro (Campos dos Goytacazes, 20 de julho de 1940  Rio de Janeiro, 8 de janeiro de 1996) foi um cantor e puxador de samba-enredo brasileiro. Sambista do Império Serrano, Roberto Ribeiro construiu uma respeitável carreira de intérprete e compositor desde a segunda metade dadécada de 1960. De voz bem timbrada e enxuto fraseado, seu repertório incluíam sambasde todos os tipos, como afoxés, ijexás, maracatus e outros ritmos africanos. Tem mais de 20 discos gravados, com sucessos populares como as canções "Acreditar", "Estrela de Madureira", "Todo Menino É um Rei", "Vazio", "Malandros Maneiros", "Fala Brasil" e"Amor de Verdade"
Passou a sofrer de um seriíssimo problema de vista e, em Janeiro de 1996, faleceu em virtude um atropelamento no bairro deJacarepaguá, Rio de Janeiro. Perdeu um olho em razão de uma contaminação por fungo agravada pelo diabetes). fonte: winki

Letra da música:

Tempo ê
Tempo êrerererê
Tempo Arararará
Tempo me disse que só com tempo a gente chega lá
Um amigo meu queria 
Ter a glória apressada
Esqueceu que o tempo tem
Lugar e hora marcada
Chegou no lugar primeiro 
E o tempo mais atrás 
Esperou sentado, em pé, cansou
Finalmente aprendeu mais.
Tempo êrerererê
Tempo Arararará
Tempo me disse que só com tempo a gente chega lá
Mil exemplos tem o mundo
Sobre o tempo minha gente
No amor do dia-a-dia
Na saudade, no batente
Veja a fruta que é madura 
Por processos não normais
Não tem a cor nem o cheiro 
Nem sabor das naturais.
Tempo êrerererê
Tempo Arararará
Tempo me disse que só com tempo a gente chega lá
Um amigo meu queria 
Ter a glória apressada
Esqueceu que o tempo tem
Lugar e hora marcada
Chegou no lugar primeiro 
E o tempo mais atrás 
Esperou sentado, em pé, cansou
Finalmente aprendeu mais.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Qual é o tempo do eterno?

Rubem Alves 
 
"Qual o tempo da eternidade? Como se configura o para sempre? Há o tempo certo para morrer? O belo e o efêmero entram em cena nas questões de conflito com a morte

Um pôr-do-sol, uma carta que se recebe de um amigo, um único olhar de uma pessoa amada, o abraço de um filho. Houve muitos momentos em minha vida, de tanta beleza, que eu disse para mim mesmo: "Valeu a pena eu ter vivido toda a minha vida para viver esse único momento".

Há momentos efêmeros que justificam toda uma vida. Compreendi, de repente, que a dor da sonata interrompida se deve ao fato de que vivemos sob o feitiço do tempo. Achamos que a vida é uma sonata que começa com o nascimento e deve terminar com a velhice. Mas isso está errado. Vivemos no tempo, é bem verdade. Mas é a eternidade que dá sentido à vida.

Eternidade não é o tempo sem fim. Tempo sem fim é insuportável. Já imaginaram uma música sem fim, um beijo sem fim, um livro sem fim? Tudo que é belo tem de terminar. Tudo o que é belo tem de morrer. Beleza e morte andam sempre de mãos dadas. Eternidade é o tempo completo, esse tempo do qual a gente diz: "Valeu a pena". Não é preciso evolução, não é preciso transformação: o tempo é completo e a felicidade é total. É claro que isso como diz Guimarães Rosa, só acontece em raros momentos de distração.

Não importa. Se aconteceu, fica eterno. Por oposição ao "nunca mais" do tempo cronológico, esse momento está destinado ao "para todo o sempre". Compreendi, então, que a vida é uma sonata que, para realizar a sua beleza, tem de ser tocada até o fim. Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum de minissonatas. Cada momento de beleza vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade. Um único momento de beleza e amor justifica a vida inteira."

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CRUSH





Vê-lo...
obriga o meu coração a pulsar;
Músculo involuntário que parece um grande paspalho.
Vê-lo...
é sempre nostalgia boa, é riso fácil, é DESCOMPLICAÇÃO!
São piadas guardadas, são favores adormecidos e são saudades...
Vê-lo...
faz rir de mim mesma, faz lembrar de coisas boas,  faz querer sempre mais.


Assim, juntos e separados: eu e ele (minha linda projeção),

“Quando você vai assumir que é apaixonado por mim?”
“Quando foi que você deixou de ser modesta?”
“Eu sei que é, assume.”
“O que eu sinto por você, seria mais bem definido como Crush...”
Por fim, acaba esta guerra de termos.  
E acabam os parcos momentos com ele.

O que seria Crush se não ter “uma queda exagerado por outra pessoa e essa pessoa te deixar sem ar, sem atitude”.
Para mim: paixão.
De fato!
Vê-lo causa esse fulgor.
E faz pensar sobre esse limiar que na verdade não é uma queda, é um abismo!

Jordin Sparks, Chris Brown - No Air