sábado, 27 de abril de 2013

Esta... Chico César



Nenhuma mulher me basta
Mesmo que se meta a besta
Mesmo que se finja casta
Venha rindo numa cesta
Hare-krishna, puta ou rasta
Dê-me prazer, reza, êxtase
Chegue quando o mal se afasta
Nenhuma mulher me basta

A não ser esta, assim é esta
A não ser esta, assim é esta

Que traga ouro na testa
Dê forma à disforme pasta
Seja a única que resta
De matéria que não gasta
Tenha gestos sem arestas
Arre na festa nefasta
Trigo pro pão, luz na fresta
Nenhuma mulher me basta

Fedra, Medéia, Jocasta
A cachorra da moléstia
Peste que me arrasta
Cura pra minha imosdéstia
Couro de anja, pele de ginasta
Pôr-do-sol que resta
Sou sozinho, a vida é vasta
Nenhuma mulher me basta





A primeira vista pensem que postei essa música por um surto romântico, mas é uma homenagem a mim mesma. Nenhuma das mulheres que vivem em mim me bastam. Somente ESTA: a que tenho me tornado. Cortei os cabelos de novo. Sozinha, em casa. Senti-me livre, ninguém para opinar, ninguém para dizer que iria ficar péssimo, somente eu e a tesoura do desejo e minha persona que ora encontra sua individuação. 
Os cabelos são armas de conquista, de sensualidade, de feminilidade. Mas assim está bom, esta mulher ME BASTA. 

terça-feira, 23 de abril de 2013

Individuação


*Dicionário crítico de Análise Junguiana

Uma pessoa tornar-se si mesma, inteira, indivisível e distinta de outras pessoas ou da psicologia coletiva (embora também em relação com estas).
Este é o conceito chave da contribuição de Jung para as teorias do desenvolvimento da personalidade. Como tal, está inextricavelmente entrelaçada com outros, sobretudo SELF,EGO e ARQUÉTIPO, como também com a síntese de elementos CONSCIENTES eINCONSCIENTES. Um modo simplificado de expressar o relacionamento dos conceitos mais importantes envolvidos seria: o ego está para a INTEGRAÇÃO (vista socialmente comoADAPTAÇÃO) como o self está para a individuação (auto-experiência e auto-realização). Enquanto a consciência aumenta com a análise das defesas (por exemplo, PROJEÇÃO daSOMBRA), o processo de individuação é uma CIRCUMAMBULAÇÃO do self como o centro da personalidade que, com isso, vai sendo unificada. Em outras palavras, a pessoa se torna consciente no que tange a ela ser tanto um ser humano único como, ao mesmo tempo, não mais que um homem ou uma mulher comum.
Devido a esse paradoxo inerente, as definições abundam, tanto por toda a obra de Jung como também nas dos “pós-junguianos” (Samuels, 1985a). O termo “individuação” foi adotado por Jung através do filósofo Schopenhauer, porém reporta-se a Gerard Dorn, um alquimista do século XVI. Ambos falam do principium individuationisJung aplicou o princípio à psicologia. Em Psychological Types, publicado em 1921, porém em composição desde 1913, encontramos a definição pela primeira vez publicada (CW 6, parágs. 757-762). Os atributos enfatizados são: (1) o objetivo do processo é o desenvolvimento da personalidade; (2) pressupõe e inclui relacionamentos COLETIVOS, isto é, não ocorre em um estado de isolamento; (3) a individuação envolve um grau de oposição a normas sociais que não têm uma validade absoluta: “Quanto mais a vida de um homem é moldada pela norma coletiva, maior é sua imoralidade individual” (ibid.). Ver MORALIDADE.
O aspecto unificador da individuação é enfatizado por sua etimologia. “Uso o termo ‘individuação’ para denotar o processo pelo qual uma pessoa se torna ‘in-dividual’, isto é, uma unidade indivisível ou um ‘todo’” (CW, parág. 490). Os fenômenos descritos por Jung em uma variedade de contextos estão sempre ligados a sua própria experiência pessoal, seu trabalho com pacientes e suas pesquisas, especialmente da ALQUIMIA e das mentes dos alquimistas. As definições ou descrições da individuação, portanto, variam de ênfase de acordo com a fonte da qual Jung estivesse mais próximo na ocasião.
Um livro mais recente (CW 8, parág. 432) refere-se à dificuldade que aparentemente persistia na distinção entre a integração e a individuação: “cada vez mais noto que o processo de individuação é confundido com o advento do ego à consciência e que o ego é, em conseqüência, identificado com o self, o que naturalmente produz um distúrbio incorrigível. A individuação fica sendo então apenas egocentrismo e auto-erotismo... A individuação não exclui do mundo, mas aproxima o mundo para o indivíduo”. É claro que é tão importante descrever quais são as manifestações da individuação, como dizer quais não são (as referências ao auto-erotismo, isto é, o NARCISISMO). Além disso, “individualismosignifica enfatizar deliberadamente e dar proeminência a alguma suposta particularidade, mais que a considerações e obrigações coletivas. Porém, a individuação significa precisamente preenchimento melhor e mais completo de qualidades coletivas”(CW 7, parág. 267, grifo acrescentado). Ou então: “O objetivo da individuação é nada menos que despir oself dos falsos invólucros da PERSONA, por um lado, e do poder sugestivo de imagens primordiais, pelo outro” (CW 7, parág. 269). Ver ARQUÉTIPO.
Sabemos que Jung começou a pintar MANDALAS em torno de 1916, durante um período tempestuoso de sua vida, não muito tempo depois do rompimento com Freud. Um capítulo inteiro de CW 9i é chamado “A Study in the Process of Individuation” e é baseado em um estudo de caso clínico em que as PINTURAS do paciente desempenhavam um papel proeminente. Não surpreende que, com a introversão de Jung e a ênfase daquele período inicial no material intrapsíquico, possa ter-se verificado a impressão de que a experiência do mundo psíquico  interno estava assumindo precedência sobre relacionamentos interpessoaisdurante o processo. Jung depois ilustra a individuação de Cristo em "TransformationSymbolism in the Mass (CW 11) e isto, junto com declarações no sentido de que a individuação não era para todo mundo, pode ter levado à noção de que se estava lidando com um conceito elitista.
Jung pode involuntariamente ter contribuído para esse equívoco afirmando que o processo é uma ocorrência relativamente rara. Muito embora o processo possa ser demonstrado com mais facilidade mediante escolha de exemplos dramáticos, freqüentemente ocorre em circunstâncias moderadas. A transformação que ocorre pode resultar tanto de um evento natural (por exemplo, nascimento ou morte) como, às vezes, de um processo técnico. O procedimento dialético da ANÁLISE oferece, em nossos dias e em nossa época, um exemplo proeminente do último tipo, no qual o analista já não se torna mais o agente, mas um participante amigo no processo. Nesse caso, o trabalho apropriado com a transferência pode ser de capital importância (ver ANALISTA E PACIENTE).
O perigo de um envolvimento intenso com o mundo e suas imagens fascinantes é que ele pode acarretar uma preocupação narcisista. Outro perigo seria considerar todas as manifestações, inclusive atividades anti-sociais e mesmo colapsos psicóticos, como resultados justificáveis de um processo de individuação. Desde que a transferência na análise desempenha um papel decisivo, há que acrescentar que a individuação é, na linguagem da alquimia, um trabalho contra a natureza (opus contra naturam). Quer dizer, oINCESTO ou libido de consangüinidade não pode obter concessões. Por outro lado, não deve ser desprezado, porque é a força de um impulso essencial.
No que concerne à metodologia, a individuação não pode ser induzida pelo analista nem, naturalmente, exigida. A análise simplesmente cria um ambiente de facilitação para o processo: a individuação não é o resultado de uma técnica correta. Contudo, significa que o analista deve ter mais que apenas intuições a respeito da individuação (e/ou da falta dela) a partir de sua experiência pessoal, a fim de ter uma mente aberta para o possível significado, para o paciente, de suas produções inconscientes que se estendem desde sintomas físicos até SONHOSVISÕES ou pinturas (ver IMAGINAÇÃO ATIVA). Certamente se pode falar de uma psicopatologia da individuação, o que Jung claramente faz (por exemplo, ver CW 9i, parág. 290). Os perigos normais durante a individuação são a INFLAÇÃO (hipomania), de um lado, e a DEPRESSÃO, do outro. Colapsos esquizofrênicos também são conhecidos.
Jung refere-se a idéias psicóticas que, ao contrário de conteúdos neuróticos, não podem ser integradas (CW 9i, parág. 495). Mantêm-se inacessíveis e podem assoberbar o ego; sua natureza é instável. É concebível que o centro da personalidade (o self) seja expresso por idéias e imagens que, neste sentido, são “psicóticas”. A individuação é considerada uma questão inevitável e o analista pouco mais pode fazer que assistir com toda a paciência e simpatia que é capaz de reunir. O resultado, em todo caso, é incerto. A individuação não é senão um objetivo em potencial, cuja idealização é mais fácil que sua realização.
Mandalas e sonhos sugerem o simbolismo do self sempre onde aparecem em centro e um círculo (normalmente em um quadrado). E os símbolos do self, muitos dos quais estão registrados e ilustrados na obra de Jung, ocorrem sempre onde o processo de individuação“se torna o objeto de escrutínio consciente, ou onde, como na PSICOSE, o inconsciente coletivo povoa a mente consciente com figuras arquetípicas” (CW 16, parág. 474). Os símbolos do self às vezes são idênticos à deidade (tanto oriental como ocidental) e existemsobretons “religiosos” para alguns conteúdos psicóticos, embora a distinção possa ser útil. Em certo ponto, Jung respondia à questão feita a ele, replicando: “Individuação é a vida emDeus, como a psicologia da mandala mostra claramente” (CW 18, parág. 1.624, grifo acrescentado).
Análise e casamento são exemplos específicos de situações de natureza interpessoal que se prestam ao trabalho de individuação. Ambos requerem devotamento e são árduas jornadas. Alguns analistas consideramo o tipo psicológico de cada parceiro de importância capital (ver TIPOLOGIA). Sem dúvida existem outros relacionamentos interpessoais que, combinados com uma observação mais ou menos consciente de eventos intrafísicos, poderiam facilitar a individuação. O mais importante desenvolvimento teórico desde que Jung afirmou que a individuação fazia parte da segunda metade da vida foi a extensão do termo que passou a abranger também o começo da vida (Fordham, 1969).
Uma pergunta, sem resposta ainda, é saber se a integração deve, necessariamente, preceder a individuação. Obviamente, as chances são melhores para o ego que é forte (integrado) bastante para resistir à individuação quando esta irrompe subitamente, ao invés de se introduzir calmamente na personalidade. Grandes artistas, cuja auto-realização dificilmente pode ser posta em dúvida (por exemplo, Mozart, van GoghGauguin), às vezes parecem ter preservado uma formação de caráter infantil e/ou traços psicóticos infantis. Eram individuados? Em termos de perfeição de seus talentos que se tornaram amalgamados com suas personalidades, a resposta é sim; em termos de completude e relacionamentos pessoais, provavelmente não.
Finalmente, há uma pergunta relativa à individuação que concerne a toda análise profunda, e à sociedade como um todo: fará alguma diferença para o resto da humanidade se um número infinitesimalmente pequeno empreende essa árdua jornada? Jung responde positivamente que o analista não está trabalhando somente para o paciente, mas também para o bem de sua própria alma, e acrescenta que “por pequena e invisível que possa ser a contribuição, ela, contudo, é um magnum opus* ... As questões decisivas daPSICOTERAPIA não são um assunto de interesse privado – representam uma responsabilidade maior ”(CW 16, parág. 449).
* a composição realizadora no processo alquímica: a obra [N. do T. ]

sexta-feira, 19 de abril de 2013

E se nós mulheres fossemos homens?

E se nós mulheres pudêssemos ser homens por um dia? Ver como funciona um homem? O motivo pelo qual muitos não valorizam suas mulheres, noivas, namoradas?  
Encontrei esse clip da Beyoncé em que ela troca de lugar (imaginário) com seu parceiro e faz tudo como se fosse um homem e ele como uma mulher. Ao final, ela chega a três conclusões: 1 - ela seria um homem melhor, porque entenderia e amaria melhor uma mulher. 2 - Ele não se importa  em perder sua parceira porque acredita que ela já está garantida. 3 - Ele é somente um garoto nas ações e emoções.





If I Were a Boy

If I were a boy even just for a day
I'd roll out of bed in the morning
And throw on what I wanted
And go drink beer with the guys

And chase after girls
I'd kick it with who I wanted
And I'd never get confronted for it
'Cause they stick up for me

If I were a boy
I think I could understand
How it feels to love a girl
I swear I'd be a better man

I'd listen to her
'Cause I know how it hurts
When you lose the one you wanted
'Cause he's taking you for granted
And everything you had got destroyed

If I were a boy
I would turn off my phone
Tell everyone it's broken
So they'd think that I was sleeping alone

I'd put myself first
And make the rules as I go
'Cause I know that she'd be faithful
Waiting for me to come home, to come home

If I were a boy
I think I could understand
How it feels to love a girl
I swear I'd be a better man

I'd listen to her
'Cause I know how it hurts
When you lose the one you wanted
'Cause he's taking you for granted
And everything you had got destroyed

It's a little too late for you to come back
Say it's just a mistake
Think I'd forgive you like that
If you thought I would wait for you
You thought wrong

But you're just a boy
You don't understand
And you don't understand, oh
How it feels to love a girl
Someday you wish you were a better man

You don't listen to her
You don't care how it hurts
Until you lose the one you wanted
'Cause you're taking her for granted
And everything you had got destroyed
But you're just a boy

Se Eu Fosse Um Garoto

Se eu fosse um garoto nem que fosse por um dia
Levantaria da cama de manhã
E vestiria o que eu quisesse
E iria beber cerveja com os caras

E paqueraria garotas
Sairia com quem eu quisesse
E nunca teria que ser encarado por isso
Porque eles ficariam do meu lado

Se eu fosse um garoto
Acho que entenderia
Como é amar uma garota
Juro que seria um homem melhor

Eu a escutaria
Porque sei como magoa
Quando você perde alguém que queria
Porque ele não te dá valor
E tudo que você tinha foi destruído

Se eu fosse um garoto
Desligaria meu telefone
Diria a todos que ele está quebrado
Então eles iriam pensar que eu estava dormindo sozinho

Me colocaria em primeiro lugar
E faria as regras pra seguir
Porque sei que ela seria fiel
Esperando que eu volte pra casa, que eu volte pra casa

Se eu fosse um garoto
Acho que entenderia
Como é amar uma garota
Juro que seria um homem melhor

Eu a escutaria
Porque sei como magoa
Quando você perde alguém que queria
Porque ele não te dá valor
E tudo que você tinha foi destruído

É um pouco tarde demais pra você voltar
Dizer que é só um engano
Pensar que perdoaria você assim
Se você pensou que eu esperaria por você
Você pensou errado

Mas você é só um garoto
Você não entende
E você não entende, oh
Como é amar uma garota
Um dia você desejará ter sido um homem melhor

Você não a escuta
Você não se importa como isso 
                               

Até que você perca alguém que você queria

Porque você não deu valor a ela
E tudo que você tinha foi destruído
Mas você é só um garoto

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Heitor de Tóia


Heitor (em grego: Ἕκτωρ, transl. Hektōr) era, na mitologia grega, um príncipe de Troia e um dos maiores guerreiros na Guerra de Troia, suplantado apenas por Aquiles. Era filho de Príamo e de Hécuba. Com sua esposa, Andrómaca, foi pai de Astíanax.

Como o seu pai foi incapaz de combater, durante o cerco de Troia feito pelos Aqueus, devido à sua avançada idade, Heitor foi nomeado general das tropas troianas. A sua força, coragem e eficiência na guerra foram enormes: nos poemas épicos de Homero, Heitor é responsável pela morte de 28 heróis gregos; nem Aquiles obtém um número tão grande (22 heróis Troianos caídos a seus pés). Pela voz do Destino, os Troianos estavam informados que as muralhas de Troia nunca cairiam enquanto Heitor se mantivesse vivo.

Na Ilíada, Homero chama-o de "domador de cavalos", devido a preocupações de métrica e porque, de modo geral, Troia era conhecida por ser criadora de cavalos. Na narrativa da Ilíada, no entanto, Heitor nunca é visto com cavalos. Outro epíteto que lhe é característico é "o do elmo flamejante".

Heitor contrasta fortemente com Aquiles. Se por um lado Aquiles foi essencialmente um homem de guerra, Heitor lutava por Troia e por aquilo que esta representava. Alguns estudiosos têm vindo a sugerir que é Heitor, e não Aquiles, o verdadeiro herói da Ilíada. A sua repreensão aPolidamante, dizendo-lhe que lutar pela pátria era o primeiro e único presságio, tornou-se provérbica para os patriotas gregos. É por ele que podemos ver pormenores sobre como seria a vida em Troia, em tempo de paz, e noutros sítios de civilização mediterrânica da Idade do Bronzedescrita por Homero. Na Ilíada, a cena em que Heitor se despede da sua esposa Andrómaca e do seu filho é particularmente comovente.

Durante a Guerra de Troia, Heitor matou Protesilau e foi ferido por Ájax. Nos quadros de guerra descritos na Ilíada, ele luta com muitos dos guerreiros Gregos e normalmente (mas nem sempre) consegue matá-los ou feri-los. Quando, sob a assistência de Apolo, ele mata Pátroclo por engano, acreditando ser Aquiles, desbarata todo o exército grego. É aí que se chega a um ponto de viragem no decorrer da guerra…

No entanto, o destino pessoal de Heitor, decretado por Zeus no início da história, nunca está em dúvida. Aquiles, irado pela morte do seu amigo Pátroclo, desafia Heitor para um combate que é aceito de imediato pelo mesmo, matando-o no combate somente após uma violenta topada numa pedra que desorienta os sentidos de Heitor. Dessa forma, Aquiles arrasta seu cadáver em volta das muralhas de Troia. Finalmente, por intervenção de Hermes, Príamo convence Aquiles a permitir que o seu corpo seja recuperado de modo a prestarem-lhe cerimónias fúnebres. O último episódio da Ilíada é o funeral de Heitor, depois do qual a perdição de Troia é uma questão de tempo.

No saque final à Troia, como é descrito no Canto II da Eneida, o seu pai e muitos dos seus irmãos são mortos, o seu filho é atirado do cimo das muralhas, por medo que este vingue a morte do seu pai, e a sua esposa é transportada por Neoptólemo para viver como escrava


Referencia: Winkipedia
Filme Tróia

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Almas gêmeas e o Mito do Andrógino

Você conhece o Mito do Andrógino? Está no Banquete, do filósofo grego Platão. Vou contar a história, mas antes de começar, dois lembretes. Não entenda mito como mentira, fábula. Não. Os mitos são histórias nascidas da alma coletiva dos seres humanos. Intuições profundas transformadas pela mágica das palavras em contos. E andrógino, mais do que ser um e outro, homem (andros) e mulher (gyno), como a gente em geral pensa, é ser um só. Andrógino é o ser quase perfeito porque, assim como os deuses, ele contém em si mesmo todas as oposições, ele se basta a si mesmo e, completo e fecundo, dá a luz a si próprio. Em muitas mitologias, o primeiro homem era um andrógino, assim como será o último de nós.

E, então, lá vai a história. No início, a raça dos homens não era como hoje. Era diferente. Não havia dois sexos, mas três: homem, mulher e a união dos dois. E esses seres tinham um nome que expressava bem essa sua natureza e hoje perdeu seu significado: Andrógino. Além disso, essa criatura primordial era redonda: suas costas e seus lados formavam um círculo e ela possuía quatro mãos, quatro pés e uma cabeça com duas faces exatamente iguais, cada uma olhando numa direção, pousada num pescoço redondo. A criatura podia andar ereta, como os seres humanos fazem, para frente e para trás. Mas podia também rolar e rolar sobre seus quatro braços e quatro pernas, cobrindo grandes distâncias, veloz como um raio de luz. Eram redondos porque redondos eram seus pais: o homem era filho do Sol. A mulher, da Terra. E o par, um filhote da Lua.

Sua força era extraordinária e seu poder, imenso. E isso tornou-os ambiciosos. E quiseram desafiar os deuses. Foram eles que ousaram escalar o Olimpo, a montanha onde vivem os imortais. O que deviam fazer os deuses reunidos no conselho celeste? Aniquilar as criaturas? Mas como ficar sem os sacrifícios, as homenagens, a adoração? Por outro lado, tal insolência era perfeitamente intolerável. Então...

O Grande Zeus rugiu: Deixem que vivam. Tenho um plano para deixá-los mais humildes e diminuir seu orgulho. Vou cortá-los ao meio e fazê-los andar sobre duas pernas. Isso com certeza irá diminuir sua força, além de ter a vantagem de aumentar seu número, o que é bom para nós. E mal tinha falado, começou a partir as criaturas em dois, como uma maçã. E, à medida em que os cortava, Apolo ia virando suas cabeças, para que pudessem contemplar eternamente sua parte amputada. Uma lição de humildade. Apolo também curou suas feridas, deu forma ao seu tronco e moldou sua barriga, juntando a pele que sobrava no centro, para que eles lembrassem do que haviam sido um dia.

E foi aí que as criaturas começaram a morrer. Morriam de fome e de desespero. Abraçavam-se e deixavam-se ficar assim. E quando uma das partes morria, a outra ficava à deriva, procurando, procurando...

Zeus ficou com pena das criaturas. E teve outra ideia Virou as partes reprodutoras dos seres para a sua nova frente. Antes, eles copulavam com a terra. De agora em diante, se reproduziriam um homem numa mulher. Num abraço. Assim a raça não morreria e eles descansariam. Poderiam até mesmo continuar tocando o negócio da vida. Com o tempo eles esqueceriam o ocorrido e apenas perceberiam seu desejo. Um desejo jamais inteiramente saciado no ato de amar, porque mesmo derretendo-se no outro pelo espaço de um instante, a alma saberia, ainda que não conseguisse explicar, que seu anseio jamais seria completamente satisfeito. E a saudade da união perfeita renasceria, nem bem os últimos gemidos do amor se extinguissem.

E esta é a nossa história. De como um dia fomos um todo, inteiros e plenos. Tão poderosos que rivalizávamos com os deuses. É a história também de como um dia, partidos ao meio, viramos dois e aprendemos a sentir saudades. E é a razão dessa busca sem fim do abraço que nos fará sentir de novo e uma vez mais, ainda que só por alguns momentos (quem se importa?), a emoção da plenitude que um dia, há muito tempo, perdemos.

Não é à toa que aqui e ali, entre os chineses e os hindus, por exemplo, tenham florescido rituais, técnicas e filosofias, cujo objetivo era transformar a energia que nascia deste abraço em energia espiritual e fazer do sexo o caminho para o divino. Algo que, de fato, pudesse preencher o vazio de que somos feitos. Alguma coisa forte o bastante, para nos alçar de novo até o alto da montanha dos deuses.

Adilia Belotti

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Novo amor


Novo Amor
Maria Rita


A luz apaga porque já raiou o dia
E a fantasia vai voltar pro barracão
Outra ilusão desaparece quarta-feira
Queira ou não queira terminou o carnaval.

Mas não faz mal, não é o fim da batucada
E a madrugada vem trazer meu novo amor
Bate o tambor, chora a cuíca e o pandeiro
Come o couro no terreiro porque o choro começou.

A gente ri
A gente chora
E joga fora o que passou
A gente ri
A gente chora
E comemora o novo amor.

sábado, 6 de abril de 2013

Apêndice à publicação de Narciso


Publicação aqui

A questão do arquétipo existente entre Eco e Narciso é que ele nos ajuda nos dias de hoje com muitos dos nossos "relacionamentos". Todo Narcisismo é na verdade um mecanismo de defesa de alguém que não se acha auto-suficiente. Explicando melhor: uma pessoa narcísica tem na verdade uma ferida de auto-estima. Quanto a Eco, é um arquétipo de quem se completa apenas no outro. Prefere anular-se à exprimir sua verdadeira condição de senhor ou senhora do seu destino. Logo, torna-se alguém cansativo e descartável. Este mito tem muito a nos ensinar quando o assunto é relacionamento. 


Podemos escolher o nosso futuro, pelo sim e pelo não: cuidado com as feridas narcísicas.


*PS: reflexões que fazem parte da nossa página no Facebook: Olimpo: saga dos deuses