quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Arquétipo ou estereótipo? Gabriela (de Jorge Amado), Carla Perez e Geyse Arruda


Muita gente ouviu a frase: “morena cravo e canela”. Mas penso que hoje em dia, a frase não seja muito comum no cenário brasileiro.  Há quem diga que o perfeito arquétipo da mulher brasileira seja a Gabriela do saudoso escritor Jorge Amado. Porém, analisando o meio social e midiático brasileiro é interessante voltar à questão do estereotipo ou do arquétipo da mulher tupiniquim sobre outro ponto de vista: o das bonecas em série.
Já em meados dos anos 80 Gilberto Freire percebeu nas mulheres brasileiras o que ele chamou de “macaqueação” ou cópia de modelos estrangeiros. O que se via na televisão era uma chuva de imagens vendendo tanto na publicidade, como nas novelas o que era beleza. Uma escrava quando tinha que ser bonita era branca. Ocorreu o que ele chamou de “impacto norte-europeizante ou albinizante”.
            Atualmente, o modelo mudou para algo mais “corporal” mesmo assim continua sendo “menos brasileiro”. A antropóloga Mirian Goldenberg estudou o fenômeno dando-lhe o nome de “Corpo como capital”. O estudo, bastante estruturado e bem fundamentado em Bourdieu mostra como os brasileiros lidam mal com o envelhecer. E isso é mais visível nas mulheres que precisam manter seu “capital corpóreo” em cima, pois sem ele, julgam impossível conquistar o sexo oposto.
            O movimento brasileiro, muitas vezes vai à contra mão do modelo europeu onde se cultiva a beleza, a saúde e cultura como capital para toda vida e própria satisfação. Quando se põe a sedução como fator corporal, se fica na mão do outro (para que te veja como gostos(o)a, etc..) pois se julga menos interessantes ao sexo oposto.
            Um fenômeno interessante aconteceu no Brasil. Carla Perez foi convidada a ser a capa da revista time com a legenda: “The plastic surgery craze: latin american women are sculping their bodies as never before – along California lines. Is this cultural imperialism?”. É sabido que tal bailarina mudou totalmente seu corpo e imagem com cirurgias e procedimentos. Não poupou Real (gastou mais de 28 mil) e  foi copiada por muitas brasileiras.
         Recentemente em uma pesquisa realizada pela instituição Data Popular sobre qual o corpo mais desejado, comprovou que 59% das mulheres preferem o corpo da a ex-garota-Uniban Geyse Arruda. O curioso é que ganhou o primeiro lugar em uma pesquisa em que as opções eram Ela, Giselle Bündchen e Juliana Paes (a nova Gabriela da série baseada no livro de Jorge Amado e possível arquétipo brasileiro). Uma rápida pesquisa sobre ela e sua relação com o corpo diz que fez: tirou 5 litros de gordura dos joelhos, coxas, bumbum, abdômen, costas e braços, e colocou 435 ml de silicone em cada seio, numa operação avaliada em mais de R$ 16 mil reais.  Detalhe: quando Geyse foi a primeira vez ao cirurgião levou uma foto de Carla Perez. Creio que a “macaqueação” dita por Gilberto Freire ficou completa. 

 

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9 comentários:

  1. Quando eu era jovem, sempre quis uma gostosona bonitona - era muito influenciado pela mídia. Mas hoje, considerando que a macaqueação é chata e implica muitos ônus, dissabores e frescuras, tanto na cama, como comportamentais, eu dou muito mais valor a uma mulher de beleza normal, desde que se cuide, inclusive do corpo, e que não usa um monte de maquiagem na cara. Gosto de beleza natural. Um batom e um perfume já bastam.

    O sexo é mais gostoso quando dá para passar o trator sem frescuras (v.g. sem se preocupar com o prazo de validade do silicone ou de estourá-lo) e o relacionamento é melhor quando ela não se preocupa exclusivamente com a beleza dela.

    Enfim, gosto de mulher que cuida da saúde, que seja natural, que seja boa de cama e que saiba conversar sobre assuntos masculinos =). Essas são para sempre.

    O resto é resto. Essas macaqueadas só servem para pegar uma ou duas vezes e depois jogar fora kkkkkkkk (estas não se importam de ser usadas mesmo)

    Beijos!

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  2. Um olhar sobre a estética...

    É muitooooo natural mesmo que o ser humano busque aquilo que é belo. Vemos principalmente na sociedade Helenista, de onde tiras estas deusas em comparações com arquétipos e esteriótipos, a buscar pela beleza, pelo belo, chegando a ser uma busca tanto transcendente como violenta.
    Transcendente poque para ser ou contemplar o belo, o bom grego, aquele que tinha cidadania grega, deveria ser versado em artes, oratória e cultura em geral.
    Violenta porque dentro da estética grega, por exemplo, os bebês que nasciam com defeitos físicos eram "descartados" em algum desfiladeiro. E mesmo o que nascia sem nenhum defeito físico aparente, mas após os anos passarem, fosse se desenvolvendo ou gordo demais, ou magro demais, eram despresados pela sociedade não podendo fazer parte nem do parlamento, nem do exército, quiça dos pensadores.
    Olhando as sociedades mais antigas, todos têm o seu padrão de beleza, buscando natural e inconscientemente o "belo".
    Exemplo: Os Mutus, buscam a obesidade para ser bonito, outra tribo africana, a das mulheres girafas. Os americanos com os peitões, os japoneses com o pé pequeno e os brasileiros com os bundões.
    Penso não ter motivo para tantooo alarde assim ou revolta de nós que estamos fora dos padrões esteriotipados ou arquétipos. Pois graças ao bom Deus, hoje não somos mortos por estar "fora do modelo", rsrs. Além de que, depois da modernidade e da vitória da razão encabeçada por René Descartes, podemos estar livres deste jugo desde que estejamos preparados emocional e intelectualmente para arcar com as consequências, que sem dramatizá-las, hoje não são tão incisivas como antigamente. Ou na contra-mão, nos encaixamos nos padrões por não aguentar a pressão social de ser "feio" e nos submetemos à violência, de não mais sermos mortos como antigamente, mais de mudarmos totalmente nosso corpo, em favor de estarmos encaixados no molde natural do ser e buscar o "belo".

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. "hoje não somos mortos por estar "fora do modelo""
      Eu estou dentro do padrão de beleza atual e não preciso fazer nada para me manter nele. Sou naturalmente belo. Portanto, fale por vc.

      E às vezes, a morte é muito melhor do que o desprezo público ou a indiferença da sociedade. Prefiro morrer lutando e dando dor de cabeça do que sofrer na mão de um monte de panaca. Enfim exijo respeito e não me contento com pouco.

      Ademais a razão não ganhou nada, ela convive com as crenças. Basta verificar a forte influência da religião em pleno século XXI. Toda manhã e madrugada aqueles programas imbecis de pastores nos quais as pessoas ignorantes estão sendo enganadas. Isso não é nenhum um pouco racional.

      Eu gosto de peitões e de pezinhos pequenos. Para a bunda não ligo tanto. Não precisa ser grande, desde que exista e que seja bonita, rs.

      Por fim, buscar o belo é natural, mas não é uma lei. É apenas uma tendência. Prefiro mulheres de beleza mediana boas de cama do que mulheres bonitas e frescas, que fazem do sexo e da beleza moeda de troca, sequer fazendo sexo selvagem e sem limites por simples prazer, se é que conseguem.

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  3. Mário;

    Creio que hoje não exista um padrão tão enrijecido em si. O "PADRÃO" está mais uma questão pessoal do que para uma questão universal. Veja por exemplo a pesquisa do Data Popular. Conversando com meu grupo de amigas nenhuma desejaria ter o corpo de Geyse Arruda, embora seja o corpo desejado por 59% de brasileiras. Isso invalida a pesquisa? Sinceramente não sei. Teria que ser visto onde, em que momento e qual localidade foi realizada tal pesquisa. Para mim, o encaixe no padrão é coisa de menor valor, pois a minha observação teve como enfoque o arquétipo "morena cravo e canela", sexy e despreocupada ao estilo Gabriela da brasileira que hoje não é mais o predominante.
    Para embasar o que falo veja o caso de Iris Apfel uma nova iorquina de 90 anos que é modelo e ícone de moda.

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  4. genteeeeee, aloouuuu,
    ou vc busca o belo, e é claro que o belo é subjetivo, ou seja, o que é belo pra mim pode não ser pra vc, ou vc busca o feio, haha
    não conheõ ninguem que busca o que é feio... me apresenta
    tem gente aqui que parece buscar mas duvido muito, a náo ser que não seja um ser humano.

    todos nós sem exceção buscamos aquilo que nos agrada aos olhos, paladar e olfato.

    se vc procura alguém, ou em alguém, feiura, mal cheiro , etc.... por favor procuro um psiquiatra.

    Agora p Déia.

    concordo com vc, mas vc sabe que o ser humano busca sim o que é belo e que estes arquétipos são reflexo dos desejos de um povo refletidos na sociedade.
    Claro que o caráter de universalidade dá-se através da sociedade, que impõe mesmo, como um general um padrão de beleza, e é neste sentido que escrevi o post anterior, mas lógico, e agora concordando com vc, que apesar desta universalidade de padrão de beleza conferido pela sociedade, que é totalitária sim e que reflete sempre a maioria das opniões e principalmente opiniões que fazem a m[aquina capitalista de consumo se manter em pé, jogando isto para o pessoal, para o gosto de cada um, esta universalidade deixa de existir. mas é gosto, e gosto é q nem c... cada um tem o seu... quanto ao padrão, aos arqu[etipos, estes sim são reflexos de uma sociedade que dita o que é certo e o que é errado, o que é belo e o que é feio, independente de nosso gosto pessoal.

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  5. Sai fora! Eu gosto de mulher! Explico: Se eu sou belo e vc busca o belo, vc me busca e eu não quero vc! Busque marias chuteiras, travestis, homens bonitos e outras criaturas belas, afinal de contas para vc a única coisa que importa é o belo. Seria o belo um fim em si mesmo? Mas... por outro lado, talvez vc esteja certo e seja mais evoluído do que eu, livre de preconceitos, topando tudo, desde que seja belo. Infelizmente, ainda não atingi seu grau de liberdade sexual e amor livre. Sou conservador neste ponto. Limito-me às mulheres e não ao belo, que aceita de tudo.


    Eu gosto de mulher não só porque são belas, mas porque elas cuidam de mim, rs, fazem cafuné, dizem "mimimi" toda hora e, apesar de não prestar atenção no que elas dizem, eu acho tão bonitinho e charmoso elas matraqueando. Gosto do jeitinho delas. São um belo e necessário complemento à minha alma ignorante e maliciosa. Além disso, não gosto de qualquer mulher, ela deve ter um mínimo de beleza, de inteligência, de simpátia, deve ser carinhosa e deve ser boa de cama - deve tirar muito leitinho de mim.


    De qualquer forma, eu, na minha ignorância e conservadorismo, acho tão pequeno ter apenas um critério para pautar sua busca. Só o belo? E o inteligente? E o charmoso? E o aguerrido? E o carinho? E a emoção? E o gozo despreocupado, sem ligar para valores ordinários como a beleza pueril e superficial que tanto apraz aos mais limitados e preconceituosos?


    Sabe, à medida que o tempo corre, a beleza se desfaz e é substituída pelo novo, pela beleza de outras pessoas mais jovens. Não creio que vc vá conseguir trocar de mulher com muita frequência quando elas envelhecerem e ficarem feias, mesmo que se valha do expediente da traição, muito comum entre nós homens. Elas, friso, vão envelhecer também! Aquela mina ou mino que vc gosta, vai envelhecer. E vc vai trocá-la(o)?

    Por isso, no fim, o que importa é o amor e a consideração que aquela pessoa que envelheceu com vc merece. Ela que vai te ajudar e te fazer companhia nas horas mais difíceis. E de qualquer forma, homem que é homem não liga para aquelas gordurinhas e estrias da mulher. Homem que é homem fode a mulherada, sem frescuras. O importante é que elas sintam prazer tanto quanto nós.

    Por derradeiro, e me valho deste argumento de forma subsidiária, vc não é bonito e, se pensarmos logicamente, vc não tem o direito de exigir o belo. Em tese, a beleza da mulher ou melhor, da pessoa que vc escolheu, rs, deveria ser compatível com a sua, ou seja, mediana.

    Para a belíssima Deia:
    http://fenixdefogo.wordpress.com/2012/09/14/grandes-batalhas-xxxiv-idun-hebe-e-isis-mulheres-e-a-batalha-contra-o-envelhecimento/

    Mitologia na veia ImI

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  7. Primeiro, não segundo a mim, mas segundo Platão e Santo Tomás de Aquino, sim, o belo é um fim em si mesmo... é a ideia de perfeição de onde derivam todas as outras ideias... já leu o mito da caverna?

    Sobre o que você disse que as mulheres podem te propiciar... tudo aquilo é contemplado no belo, ou seja, naquilo que nos é belo... talvez o problema aqui senhor renascido das cinzas, esteja numa confusão mental entre o belo da estética filosófica, que reflete na busca do homem sobre aquilo que lhe agrada, com o belo que a mídia e o mercado nos faz engolir goela abaixo, e que infelizmente, aqueles que ainda, como diria Platão, jazem nas trevas da ignorância da caverna, aceitam como válido. E é da primeira opção que sempre falei.

    Os padrões daquilo que o senhor virado em fogo coloca sobre o que busca numa mulher, nada mais é do que um fenix buscando o belo de Platão e da estética filosófica grega que foi, com certeza, desvirtuada e pervertida pelos meios midiáticos dos tempos contemporâneos.
    Como diriam nossos avós: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Uma coisa é o belo que nos é natural buscar por sermos da espécie humana, como o senhor mesmo nos deu, não sei se sem querer, um belo exemplo disso, e outra coisa é buscar o "belo" enlatado e vendido pela mídia que por vários subterfúgios nos "obriga" a aceitar aquilo que o Capitalismo quer e precisa que seja "belo". E que eu como os senhores comentaristas também condeno. Aliás minha tese de mestrado versa exatamente sobre este tipo de manipulação dos desejos e pensamento humano: "A Sociedade Industrial Capitalista como Manipuladora dos Desejos do Indivíduo" e o projeto de doutorado é sobre "O Belo nas sociedades antigas e Modernas: Comparação sobre o Psicológico e o Mercadológico"

    Agora um comentário sobre um argumento falacioso e mui fraco
    Eu não sou bonito, como mesmo disse o senhor...
    Lógicamente pensando, isto não é um argumento válido para se chegar à conclusão de que eu não possa buscar o que é belo... por favor senhor do fogo, antes de entrar em um argumento lógico, sugiro com toda a humildade possível que o senhor estude lógica para não passar por ridículo na frente dos amigos.
    Contra argumento lógico de verdade com tese, antítese e conclusão:
    Se toda a humanidade busca o belo
    E nem toda a humanidade é bonita
    Logo, eu que não sou bonito e o senhor de fogo, também buscamos o belo.

    Abraço

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