quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

“We – A chave da psicologia do amor romântico” – Robert A. Johnson


O mito do amor romântico




Extraño - Nenhum de nós


"O que eu sinto a respeito de nós é estranho
É estranho como é triste
É estranho como olhar pra trás
É estranho como é estranho
Esquecer um nome"

O amor romântico é o maior sistema energético dentro da psique ocidental. Na nossa cultura, é — mais ainda que a própria religião — a arena em que homens e mulheres tentam conseguir transcendência, plenitude, êxtase e sentido para a vida.
Como fenómeno de massa, o amor romântico é pe­culiar ao Ocidente. Estamos tão acostumados a convi­ver com as crenças e as suposições do amor romântico, que o consideramos como a única forma de “amor” que pode gerar casamento e relacionamentos verdadeiros. Achamos que o amor romântico é o único “verdadeiro amor”. Mas existem muitas outras coisas a este respei­to que podemos aprender do Oriente. Nas culturas orientais, como a da índia ou a do Japão, constatamos que os casais se amam com muita cordialidade, muitas vezes com uma devoção e uma estabilidade que desco­nhecemos.
Mas o amor deles não é o “amor romântico” como nós o conhecemos. Eles não impõem aos seus relacionamentos os mesmos ideais que impomos aos nossos,  nem fazem exigências impossíveis ou alimentam expec­tativas como nós fazemos.
O amor romântico não é apenas uma forma de “amor”, mas é todo um conjunto psicológico — uma combinação de ideais, crenças, atitudes e expectativas. Essas ideias, frequentemente contraditórias, coexistem no nosso inconsciente e, sem que percebamos, dominam nossos comportamentos e reações. Inconscientemente, predeterminamos como deve ser um relacionamento com outra pessoa, o que devemos sentir e mesmo o que devemos “lucrar com isso”.
 O amor romântico não significa apenas amar alguém; significa “estar apaixonado”. Este é um fenó­meno psicológico muito peculiar. Quando estamos “apaixonados”, acreditamos ter encontrado o verdadei­ro sentido da vida revelado num outro ser humano. Sentimos que finalmente nos completamos, que encon­tramos as partes que nos faltavam. A vida, de repente, parece ter atingido uma plenitude, uma vibração sobre-humana, que nos ergue acima do plano comum da exis­tência. Para nós, estes são os sinais seguros do “amor verdadeiro”. Este conjunto psicológico inclui uma exi­gência inconsciente de que o nosso amante ou cônjuge nos alimente continuamente com esta sensação de êxta­se e de emoção intensa.
Com a típica presunção ocidental de estarmos sem­pre com a razão, achamos que o nosso conceito de “amor”, o amor romântico, deva ser o melhor. Presu­mimos que, comparado a este, qualquer outro tipo de amor entre homens e mulheres seria frio e insignifican­te. Mas se nós, ocidentais, formos realistas, teremos de admitir que o nosso enfoque do amor romântico não está funcionando bem.
Apesar do êxtase que sentimos quando estamos “apaixonados”, passamos boa parte do nosso tempo com uma profunda sensação de solidão, alienação e frus­tração causada pela nossa incapacidade de construir re­lacionamentos afetuosos, baseados em compromissos. Culpamos geralmente os outros por nos terem falhado; não nos ocorre que talvez sejamos nós que precisemos modificar nossas próprias atitudes inconscientes — as expectativas que alimentamos e as exigências que im­pomos aos nossos relacionamentos e às demais pessoas.
 Esta é a grande ferida na psicologia ocidental, é o problema psicológico básico da nossa cultura. Jung disse que se descobrimos a ferida psíquica num indiví­duo ou num povo, aí descobrimos também o caminho para a conscientização, pois é no processo de cura das nossas feridas psíquicas que acabamos por nos conhecer a nós mesmos. O amor romântico, se realmente tentar­mos compreendê-lo, pode tornar-se tal caminho para a conscientização. Se os ocidentais se libertarem da servi dão maquinal às suas presunções e expectativas incons­cientes, não apenas atingirão uma nova consciência em seus relacionamentos como também uma nova consciên­cia de si próprios.
O amor romântico se tem manifestado em muitas culturas no desenrolar da história. Nós o encontramos na literatura da Grécia antiga, no Império Romano, na antiga Pérsia e no Japão feudal, mas a nossa sociedade ocidental moderna é a única cultura da história que teve a experiência do amor romântico como um fenómeno de massa. Somos a única sociedade a cultivar o ideal do “amor romântico” e a fazer do romance a base de casa­mentos e relacionamentos amorosos.
O ideal do amor romântico irrompeu na socieda­de ocidental durante a Idade Média, surgindo pela pri­meira vez na literatura no mito de T ris tão e I solda, de­pois nos poemas e nas canções de amor dos trovadores. Era conhecido como “amor cortês” e tinha por mode­lo o intrépido cavaleiro que honrava uma bela dama e fazia dela a sua inspiração, o símbolo de toda a beleza e perfeição, o ideal que o incentivava a ser nobre, espi­ritualizado, refinado e voltado para assuntos “eleva­dos”. Na nossa época introduzimos o amor cortês nos casamentos e nos relacionamentos sexuais, mas ainda mantemos a crença medieval de que o amor verdadeiro tem de ser a adoração extática de um homem ou de uma mulher que representa para nós a imagem da perfeição.
Jung nos mostrou que quando um fenómeno psi­cológico marcante acontece na vida de um indivíduo, isto significa que um tremendo potencial inconsciente está emergindo, prestes a manifestar-se ao nível da consciência. O mesmo é válido para as coletividades. Num determinado ponto da história de um povo, uma nova possibilidade surge do inconsciente coletivo; é uma nova ideia, uma nova crença, um novo valor ou, ainda, uma nova maneira de encarar o universo. Isto representa um bem em potencial, se puder ser integra­do ao consciente, mas a princípio é assustador e até mesmo destrutivo.
O amor romântico é um desses fenómenos psico­lógicos realmente arrasadores que surgiram na história dos povos ocidentais. Foi algo que esmagou nossa psi­que coletiva e alterou permanentemente nossa visão do mundo. Ainda não aprendemos a lidar coletivamente com o tremendo poder do amor romântico. Frequente­mente nós o transformamos em tragédia e alienação e não em relacionamentos humanos duradouros. Acredi­to, porém, que se homens e mulheres compreenderem os mecanismos psicológicos que atuam por trás do amor romântico e aprenderem a lidar com eles conscientemente, terão nas mãos a chave para novas possibilida­des de relacionamento, tanto com os outros como con­sigo mesmos.
Nosso veículo para explorar o amor romântico é o mito de Tristão e Isolda. Trata-se de um dos mais comoventes, belos e trágicos de todos os grandes rela­tos épicos. Foi a primeira história na literatura ociden­tal a lidar com o amor romântico, e é a fonte da qual se originou toda a nossa literatura romântica, desde. Romeu e Julieta até a história de amor em cartaz nos cinemas do bairro. Aplicando os princípios da psicolo­gia jungiana, interpretaremos os símbolos do mito e co­nheceremos por ele as origens, a natureza e o significa­do do amor romântico.
O mito de Tristão e Isolda, como o de Parsifal, é um “mito masculino”. Ele retrata a vida do jovem Tristão que se transforma num herói nobre e altruísta, para depois se deparar com uma experiência arrasadora em sua vida: a paixão pela Rainha Isolda. É como uma simbólica peça de tapeçaria, que retrata em cores vivas o desenvolvimento da consciência individual do homem na luta para conquistar sua masculinidade, conscientizar-se do seu lado feminino e lidar com o amor e o re­lacionamento. É uma história que mostra um homem dividido entre a lealdade e as forças conflitantes que se agitam ferozmente na psique masculina, enquanto ele é consumido pelas alegrias, paixões e sofrimentos do romance.
Mesmo assim, existe neste mito muita coisa de grande valor e interesse para as mulheres, pois Tristão revela também o mecanismo universal do amor român­tico que é comum a homem e mulheres (ver “Uma observação para as mulheres”). Examinar esse mito, senti-lo como uma rica evocação do processo da psique ocidental, é algo que irá ajudar a mulher não apenas a compreender melhor o homem na sua vida, como tam­bém a ver mais claramente as forças misteriosas que atuam dentro dela mesma.
Tanto para o homem quanto para a mulher, en­xergar realisticamente o amor romântico é uma tarefa heróica. É algo que nos força a ver não apenas a beleza e o potencial contidos no amor romântico, como tam­bém as contradições e as ilusões que trazemos conosco ao nível inconsciente. Jornadas heróicas conduzem sem­pre a vales sombrios e a confrontos difíceis mas, ao perseverarmos, alcançaremos um novo estágio de conscientização
Jhnson, Robert AWe - A chave da psicologia do amor romântico: Ed. Mercúrio


Categoria: Psicologia / Psicologia

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Aquela que espera.

Por: Deia Morais
"Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência, detalhes de vida e crenças desse texto e blog não expressam a crença da autora, é pura expressão literária”


Em um primeiro momento, aquela que espera não queria ser esta sentada à mesa, papel e lápis a mão. Essa que espera, o que será dela?  E dessa explosão de sentimentos em seu peito? E dessas lágrimas que ficam presas, deixando a garganta salgada? E o que ela fará daquele pressentimento que se questiona se ele virá. Ela se pergunta o que fará com sua resiliência, com sua mania teimosa de quem se dobra e não cede, com sua teima de quem nunca se dá por (con) vencida?  
Aquela que espera sabe da sua passionalidade, da sua explosão. Por outro lado, sabe que sempre terá quem vai a amar. Quanto a ele, aquele que (ainda) não veio, pensa: "você sempre soube no passado, você sempre saberá no futuro". Aquela que espera ri sozinha na mesa porque percebe que pensou sobre si em segunda pessoa. E, para não perder o hábito, novamente diz a si mesma com um riso nos lábios: "você perdeu o juízo".
Aquela que espera sabe que, com relação a ele,  é mais madura,  sabe que é mais vivida,  sabe que vai ser feliz. Sabe que tem amigos de verdade,  amigos de infância e perpétuos,  amores eternizados,  dias iluminados,  pais que a amam, força na vida,  doideiras insanas. Ela tem suas lembranças de cama, sua ausência é sentida, seu coração é de quem ama, sua dor é efêmera. 
Aquela que espera sorri para si mesma porque vê,  que aquele que (de fato) não veio,  jamais poderia amá-la, porque jamais passou do tácito, do material, do falível, daquilo ninguém leva no espírito. E vê que que, sobre o conhecimento mais  importante de vida, ele tão pouco soube, ele tão pouco saberá.
E ali,  entre um copo e outro, decide afogar de vez qualquer espera por ele, qualquer espera de um encontro que nunca mais vai acontecer, nem nesta, nem na outra vida. 



Claude Monet
Camille Monet in the garden
Coleção privada - Zurique - Suiça

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Nix: deusa dos segredos e mistérios noturnos




Nix é a patrona das feiticeiras e bruxas, é a deusa dos segredos e mistérios noturnos, rainha dos astros da noite. Nix é cultuada por bruxas e feiticeiras, que acreditavam que ela da fertilidade a terra para brotar ervas encantadas, e também se acreditava que Nix tem total controle sobre vida e morte, tanto de homens como de Deuses. Homero se refere a Nix com o epíteto "A domadora dos Homens e dos Deuses", demonstrando como os outros Deuses respeitavam-na e temem esta poderosíssima deidade.
Nix, assim como Hades, possui um capuz que a torna invisível a todos, assistindo assim ao universo sem ser notada. Foi Nix que colocou Hélios entre seus filhos (Hemera, Éter e Hespérides), quando os outros Titãs tentaram assassinar Hélios. Zeus tem um enorme respeito e temível pavor da Deusa da Noite, Nix. Os filhos de Nix são a Hierarquia em poder para os Deuses, sua maioria são divindades que habita o mundo subterrâneo e representam forças indomáveis e que nenhum outro Deus poderia conter. Em uma versão, as Erínias são as filhas de Nix (Ésquilo).
Nix aparece ora como uma deusa benéfica que simboliza a beleza da noite (semelhante a Leto) e ora como cruel deidade Tartárea, que profere maldições e castiga com terror noturno (Hécate e Astéria). Nix é também uma Deusa da Morte, a primeira rainha do mundo das Trevas. Nix também tem dons proféticos, e foi ela quem criou a arma que Gaia entregou a Cronos para destronar Urano. Nix conhece o segredo da imortalidade dos Deuses podendo tirá-la e transformar um Deus em mortal, como ela fez com Cronos, após este ser destronado por Zeus.

Algumas vezes, a exemplo de Hades, cujo nome evitava-se de pronunciar, dão a Nix nomes gregos de Eufrone e Eulalia, isto é, Mãe do bom conselho. Há quem marque o seu império ao norte do Ponto Euxino, no país dos Cimérios; mas a situação geralmente aceita é na parte da Espanha, a Esméria, na região do poente, perto das colunas de Hércules, limites do mundo conhecido dos antigos.
Desposou Érebo, seu irmão, de quem teve o Éter (luz celestial) e Hemera (Dia). Mas sozinha, sem se unir a nenhuma outra divindade, procriara o inevitável e inflexível Moros (o Destino), as Queres (morte em batalha), os gêmeos Tânatos (Morte) e Hipnos (o Sono), Oniro (a legião dos Sonhos), Momos (escárnio), Oizus (miséria), as Hespérides, guardadoras dos pomos de ouro, as desapiedadas Moiras (Deusas do destino), Nêmesis (Deusa da retribuição), Apate (engano,fraude), Filotes (amizade) , Geras (velhice) Éris (Discórdia), Limos (a fome), Ftono (inveja), Ênio (Belona, deusa da carnificina), Lissa (a loucura) e Caronte o barqueiro do mundo dos mortos. Em resumo, tudo quanto havia de doloroso na vida passava por ser obra de Nix, a maior parte dos outros descendentes da Deusa nada mais são que conceitos e abstrações personificados; sua importância nos mitos é muito variável. Na tradição Órfica, todo universo e demais Deuses primais nasceram do Ovo Cósmico de Nix. Certos poetas a consideram como mãe de Urano e de Gaia; Hesíodo dá-lhe o posto de Mãe dos Deuses, porque sempre se acreditou que a Nix e Érebo haviam precedido a todas as coisas.
Muito freqüentemente colocam-na no mundo subterrâneo, entre Hipnos e Tânatos, seus filhos.
Hemera e as Hespérides nasceram para ajudar Nix a não se cansar, assim nasceu o ciclo diário, Hemera trás o dia (relaciona com Eos, a aurora, e Helios, o Sol); as Hespérides trazem a tarde, (relaciona com Selene a lua) e Nix traz a absoluta Noite, todas estas deidades em conjunto conduzem a dança das Horas; complementando estes ciclos temos outros Deuses de outras linhagens, como as Horas que representam ciclos mensais e anuais; Leto e Hécate que recebem o legado de Nix como deidade da noite. As Moiras, filhas de Nix (Cloto, Laquesis e Átropos), são outra continuidade dos poderes gigantescos de Nix do negro véu.

Referencia:Winkpedia

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Um ponto final é mais saudável do que reticências

Por: Deia

Uma sacerdotisa colocava repetidas vezes seus problemas diante de Apolo  e pedia:
Apolo, deus sol por favor, ajuda-me na minha causa.

Esperava por dias a fio a solução.
Não satisfeita, mentalizava, sonhava e digeria os seus problemas.
E incessantemente pedia:  
Apolo,  luz da verdade por favor, ajuda-me na minha causa.

Um dia, Apolo, deus a quem se atribui o  equilíbrio e a razão, resolveu a causa da sacerdotisa.
Matou-a sumariamente.

Chegando ao mundo dos mortos, a sacerdotisa perguntou a Hades o motivo de tão sumária decisão. 
O deus do mundo inferior respondeu: desperdiçastes sua vida e sua juventude andando em círculo esperando que outros resolvessem os seus problemas. A melhor maneira para que não mais os possua é cortando-os.  No seu caso, o maior problema de sua vida é você. Sempre deixava-os em reticências como se fossem se resolver por si próprios. Acaso não sabes que para um problema não resolvido, nada mais lhe resta do que um ponto final?

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Leônidas - Metallica - Don't Tread on Me

Metallica - Don't Tread on Me

Ocupou o trono entre 491 a.C. e 480 a.C., como sucessor de seu irmão Cleómenes I, cuja filha Gorgo se tornou sua esposa em 488 a.C.. Foi sucedido por seu filho Plistarco. Termópilas
Uma de suas ações mais importantes se deu por ocasião da invasão da Grécia pelos persas, em 481 a.C.. Defendendo o desfiladeiro das Termópilas, que une a Tessália à Beócia, Leónidas e uma tropa de apenas 7000 homens, sendo que apenas 300 eram espartanos, conseguiram repelir os ataques iniciais. Mas Xerxes, rei da Pérsia, foi auxiliado por um pastor local (Efialtes) que o conduziu por um caminho que contornava o desfiladeiro, e pôde cercar o exército de Leónidas. Restavam apenas 300 espartanos e voluntários tespienses e tebanos, que decidiram resistir até a morte.
Ao receber um pedido das forças confederadas para ajudar na defesa de Grécia contra a invasão persa, Esparta consultou o Oráculo de Delfos. O Oráculo teria feito a seguinte profecia em verso:


Ouçam seu destino, ó moradores de Esparta,
Ou a sua famosa e grande cidade deve ser saqueada pelos filhos de Perseus,
Ou, se isso não pode ser, toda a terra da Lacônia,
Irá lamentar a morte de um rei da casa de Hércules,
Pois nem a força de leões e touros irá segurá-lo,
Força contra força, pois ele tem o poder de Zeus,
E não terminará até que um dos dois seja consumido.


Últimas palavras de Leónidas, escritas no monumento em sua homenagem nas Termópilas.
Segundo Pausânias, Xerxes ameaçou a insignificante defesa grega dizendo: "Minhas flechas serão tão numerosas que obscurecerão a luz do Sol". Leónidas respondeu: "Tanto melhor, combateremos à sombra!" (Heródoto, que narra o desastre das Termópilas no seu Livro VII, reporta esta afirmação, não a Leónidas, mas Dieneces). Leônidas sabia da traição de Efialtes. Manteve os espartanos, que durante três dias mataram 20 mil persas, e dispensou o restante do exército. Para aqueles que ficaram, ele disse: "Almocem comigo aqui, e jantem no inferno". Leônidas sabia que sua morte era certa, mas resolveu ficar e morrer lutando. Por dois motivos: O primeiro, é que nenhum espartano foge a luta e retorna pra casa. Conforme sua própria filosofia, ou voltam vitoriosos, ou mortos em cima de seus escudos. E em segundo lugar, se ele fugisse, o restante da Grécia também fugiria.

 No final, já cercado por seus inimigos, o rei Xerxes dá uma ordem a Leónidas: "Deponham suas armas e se entreguem", Leónidas responde apenas: "Venham pegá-las". São as últimas palavras do rei espartano. Atacados por todos os lados, foram massacrados sem piedade. A cabeça de Leônidas foi cortada e empalada e o seu corpo crucificado.
Os persas esperaram, durante dois meses, o inverno passar, para continuar a guerra. Quando resolveram voltar, os espartanos restantes formaram o corpo principal do exército grego. Havia "três persas para cada grego", e no final da guerra os persas foram derrotados e expulsos da Grécia
Exércitos
Houve uma grande desproporção entre os exércitos de Leónidas I e de Xerxes. De um lado, Xerxes, com cerca de 200 000 soldados; do outro, Leónidas com algo entre 7000 e 9000 homens. Desses, apenas 301 oriundos de Esparta (o próprio rei Leónidas, que tomou parte ativamente no combate, e 300 soldados da sua guarda pessoal).
Naquele momento os espartanos festejavam a Carnéia — festival em honra ao deus Apolo, durante o qual não se podia lutar —, enquanto boa parte do restante da Grécia vivia os Jogos Olímpicos — outra celebração que, por motivos religiosos, impedia o combate. Leónidas deparou-se com o duro dilema de como conseguir guerreiros para lutar contra os Persas, dadas as condições. Não poderia desrespeitar as confraternizações - que cessavam momentaneamente os combates - no entanto, não se daria ao luxo de esperar que o exército invasor avançasse incólume pelo território grego. Foi aí que o "Leão de Esparta" (como também era conhecido), resolveu partir de encontro às forças invasoras com nada mais que sua guarda pessoal de 300 homens. No caminho, Leónidas reuniu entre 7000 a 9000 homens de povos e aldeias amigas para enfrentar os persas sob o comando de Xerxes.
Curiosidades

As mulheres de Esparta tinham fama de serem muito aguerridas e de trocarem favores sexuais por interesses. Para se ter uma ideia da sua combatividade: Sempre que seus filhos se despediam de suas mães para entrarem em combate, os soldados espartanos ouviam dessas doces mulheres a amorosa frase: "Meu filho, volta com teu escudo, ou em cima dele" (isto é, vitorioso ou morto…).
Mas nenhuma era igual à esposa de Leónidas: Gorgó. Em certa ocasião, uma mulher da Ática perguntou a ela por que é que as espartanas eram as únicas gregas que mandavam nos seus homens; ao que ela respondeu: "Ora, porque somos as únicas que parimos homens de verdade", rebateu.
O historiador grego Heródoto afirma que os helénicos souberam do ataque persa graças à rainha. Damáratos, ex-rei espartano, fazia um certo jogo duplo, avisou seus conterrâneos sobre a invasão. Para isso, gravou uma mensagem numa tábua de madeira, cobrindo o texto com cera. Quando a tábua chegou a Esparta, Gorgó teve a ideia de raspá-la. Assim o ataque de Xerxes foi descoberto.

Leónidas na Cultura Popular
A história em quadrinhos 300, de Frank Miller, retrata os eventos de Termópilas de forma fantasiosa (O filme "300" é baseado nela)

Leônidas no Cinema
The 300 spartans, onde é vivido pelo ator Richard Egan
300, onde é vivido pelo ator Gerard Butler.
Leônidas usa somente capa vermelha e sunga de couro, chegando a aparecer nu.

Fonte e colaboração: Renan Siqueira (leitor da nossa página Mitologia Grega no Facebook)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Arquétipos das deusas olimpianas encontrados em filmes Disney:


Quando os pais escolhem filmes ou contos de fada aos filhos inconscientemente estão levando algumas mensagens a respeito do arquétipo envolvido naquele filme ou animação. Vejamos o exemplo com histórias das heroínas Disney.




Mulan – Atenas
Mulan mostra uma corajosa jovem chinesa que se passa por um guerreiro no lugar de seu pai debilitado e ajuda o exército imperial chinês a expulsar os invasores hunos. 

Atenas, deusa da sabedoria, unia-se aos homens como seus iguais ou como uma supervisora do que eles faziam. Era a pessoa mais calma na batalha e a melhor estrategista. Sua maneira de se adaptar era a identificação com os homens - ela se tornava como um deles. As garotas tipo Atenas usualmente não são filhas-problema, como muitas outras. As cenas de gritaria e lágrimas estão notavelmente ausentes. A mulher tipo Atenas sente-se atraída pelos homens bem sucedidos. 



Pocahontas - Ártemis 


Pocahontas, filha de Chief Powhatan,discute a possibilidade de ela se casar com Kocoum, um bravo guerreiro que ela vê como demasiado "sério" quando em conflito com sua personalidade espirituosa. Chefe Powhatan dá à Pocahonatas o colar de sua mãe como um presente. Pocahontas, junto com seus amigos, o glutão raccoon Meeko e o beija-flor Flit, visita a Vovó Willow (salgueiro), que numa conversa espiritual a alerta para a presença dos ingleses. 

Artemis, a deusa da caça, abandonou a cidade, evitou o contato com os homens e passou sua vida na selva com seu grupo de ninfas. Nos mitos, Ártemis agia rapidamente para proteger e salvar aqueles que apelavam a ela pedindo socorro. 





Encantada – A jovem Perséfone 

Tem início no reino animado de Andalasia, onde conhecemos a bela princesa Giselle,que se apaixonou por Edward ,o príncipe do reino. Infelizmente, os planos de casamento dos dois são frustrados pela Rainha Narissa, a madrasta de Edward. Não querendo que seu enteado casasse, por medo de perder a coroa, ela usa suas práticas em magia negra para se transformar em uma velha e atrair Giselle no dia do seu casamento para o que ela chama de um poço dos desejos. Quando Giselle se aproxima do mesmo, ela é jogada lá dentro por Narissa, e vai parar no mundo real em plena Times Square como um ser humano de verdade. Perséfone era uma garota despreocupada que colhia flores e brincava com suas amigas. Então Hades apareceu repentinamente em sua carruagem numa abertura da terra, pegou a jovem à força e a levou de volta para o Inferno, a fim de ser sua noiva contra a vontade. 





Branca de neve – Deméter 

A primeira princesa Disney é uma jovem meiga, humilde e muito solidária. Adora os animais da floresta e tem um pensamento bem positivista perante as coisas, o que contagia muito seus amigos anões. Não se importa com coisas materiais e luxuosas, nem de trabalhar excessivamente para deixar seu castelo ou a casa dos anões sempre arrumada. 
Em sua mitologia Deméter foi a deusa mais generosa. Proporcionou agricultura e colheitas à humanidade, ajudou a engrandecer Demofonte, e o teria tornado imortal, e proporcionou os Mistérios Eleusinos. Essas expressões de generosidade são todas encontradas nas mulheres tipo Deméter. 



Ariel – Afrodite 

Uma noite, Ariel, Linguado e Sebastião embarcam em uma viagem dispostos a alcançar a superfície do oceano para assistir a uma celebração para o aniversário do Príncipe Eric em um navio, por quem Ariel se apaixona. Em uma tempestade que se seguiu o navio é destruído e Ariel salva Eric. Ariel canta para ele, mas rapidamente o deixa quando ele recobra a consciência para evitar ser descoberta. Fascinado pela voz que ficou em sua cabeça, Eric promete encontrar quem o salvou. Percebendo uma mudança no comportamento de Ariel, Triton pergunta a Sebastião sobre seu comportamento e descobre o amor de sua filha por Eric. Triton furiosamente confronta Ariel em sua gruta, onde ela e Linguado guardam artefatos humanos e destrói os objetos com seu tridente. Tanto os aspectos criativos como os românticos de Afrodite estão presentes na mesma mulher. Então ela se engaja em intensos relacionamentos, mudando de um para outro, bem como ficando absorvida em seu trabalho criativo. Tal mulher segue o que quer e quem quer que a fascine, e pode levar uma vida não convencional.



Sininho – Hera 


Ciumenta, sininho tem no seu maior sonho "ter o tamanho de um ser humano normal, para poder abraçar Peter Pan", por quem é platonicamente apaixonada. Embora a mitologia grega enfatize a humilhação e a índole vingativa de Hera, em sua veneração, por contraste, ela era grandemente honrada.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Precious Illusions - Sapos em príncipes




"Ora então, onde pois o segredo? No desejo. No desejo de ser ouvido e compreendido, no de ouvir e compreender... O sentir-se um sapo funda-se no desejo de ser príncipe. E o desejo de ser príncipe, no desejo de ser amado. Ora, sentir-se ouvido e compreendido pode facilitar a compreensão de que o que se deseja é ser amado. Pode talvez representar a aquisição de um direito. Ou, quem sabe, redimir a culpa de um desejo empostado em que se passou a acreditar. Ser ouvido e compreendido, talvez deva, sobretudo, facilitar a descoberta de que há momentos em que o que se deseja é não ser amado e então, livre do jugo e das obrigações em que ser amado implica, poder descobrir o que mais se passa no mundo..."  In: frogs into PRINCES - Neuro Linguistic Programming 







Alanis Morissette - tradução legendado

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Clara Nunes - Como É Grande E Bonita A Natureza



"O cometa que passa vai passando
E a estrela do norte pestaneja
Zelação pelo céu alumiando
No clarão da manhã a noite fecha
Minha sorte no meio dessa riqueza
Meu desejo, meu sonho, meu sertão
Meu inverno e a promessa de um verão
Como é grande e bonita a natureza
Oiê,oiê,como é grande e bonita a natureza
Oiê,oiê,como é grande e bonita a natureza"

Ártemis - de Teia de Tea




As imagens e mitos gregos mais recentes representam Ártemis como uma virgem assexuada, regente da lua crescente, perambulando pelas florestas com seu grupo de ninfas, evitando o contato com os homens e matando aqueles que espiavam sua intimidade. No entanto, esta é apenas uma das inúmeras identidades assumidas por esta misteriosa Deusa, uma síntese das energias multifacetadas da essência feminina.
A natureza de Ártemis é complexa e contraditória: ela é virgem, mas cuida e auxilia parturientes e crianças; é caçadora e ao mesmo tempo protetora dos animais, é guerreira e rainha das Amazonas, mas também é A Mãe dos Mil Seios, senhora da fertilidade. Simboliza a dualidade do bem e do mal, ora aparecendo como uma linda donzela, ora deusa vingativa, agindo como parteira amorosa ou feroz guerreira, protetora das crianças sem nunca ter sido mãe, cuidando da vida ou promovendo a morte.
A sua origem é remota, sendo a herdeira de Potnia Theron, a Senhora dos Animais da civilização neolítica, representada cercada de animais e alada, com desenhos de peixes e espirais na sua túnica, vistos como símbolos do fluxo de energia criativa. Originariamente, Ártemis era a Mãe da Floresta, invocada por caçadores e viajantes que eram por Ela protegidos, desde que eles não matassem fêmeas prenhas e filhotes, não caçassem por esporte ou distração, nem desperdiçassem recursos e riquezas naturais.
Ártemis foi reverenciada ao longo do tempo e do espaço, com diferentes atributos, nomes e rituais, mas permanecendo sempre Megale Ártemis, a Grande Deusa. Das montanhas de Anatólia, o habitat das tribos de Amazonas, seu culto espalhou-se para África, Sicilia, Europa, as ilhas gregas como Creta e Delos, até Trácia na Grécia, onde floresceu em Brauron com as iniciações e danças das meninas–ursas. Sua estátua como a Deusa dos Mil Seios, no templo de Éfeso (construído em 320 a.C.e destruído mil anos depois pelos godos), era uma das sete maravilhas do mundo antigo e simbolizava o instinto primal de gerar, viver e morrer, o poder verdadeiro da Grande Mãe, tanto a Nutridora quanto a Ceifadora da vida, chamada Proto Thronia, a primeira no trono.
No mito grego Ártemis aparece como filha de Zeus e Leto (que originariamente era uma deusa pré-grega chamada apenas “Nossa Senhora”), que tinha sido amaldiçoada pela Hera para não poder parir em nenhum lugar onde os raios solares incidissem. Leto foi ajudada pela sua irmã Asteria, que se transformou em uma ilha mágica, Ortigia, que flutuava sob a superfície do oceano e assim sendo, livre da maldição. Ártemis nasceu com facilidade, mas como seu irmão gêmeo custava a nascer e Leto sofria dores terríveis, Ártemis a ajudou trazer Apollo ao mundo. Foi assim que se originaram os nomes de Ártemis como Eileithya e Partenos, a Parteira amorosa e o título de “Aquela que trazia a luz”. A ilha mágica - renomeada Delos (“brilhante”) - foi consagrada a Ártemis e Apollo, sendo que lá nenhum ser humano podia nascer ou morrer.
Quando Ártemis completou três anos, foi apresentada ao seu pai e Zeus encantado com sua precocidade lhe ofereceu quaisquer presentes que ela quisesse. Ártemis pediu para jamais precisar casar (e assim permaneceu, sendo imune aos encantamentos de Afrodite e Eros), ter mais nomes do que seu irmão, mas ter arco e flechas como ele, poder usar sempre uma túnica curta para correr à vontade nos bosques, ter como companhia sessenta ninfas do oceano e trinta dos rios que cuidassem dos seus animais, reger a Lua e a luz (na sua qualidade de Phoebe, “a luminosa”), ter o domínio das montanhas e florestas e o direito de fazer sempre suas próprias escolhas.
Assim como Athena e Héstia, Ártemis era virgem, ou seja, tinha autonomia e independência, liberdade para agir seguindo seu instinto, jamais se submetendo ao domínio ou controle masculino. Ela prezava sua liberdade e defendia o Seu espaço, transformando os intrusos em animais, bem como protegia as crianças e animais recém nascidos com a ferocidade da ursa, que era o Seu animal totêmico (além do cão, veado, corça, lebre, javali, lobo, cavalo) e que a personificava como a Mãe Ursa.
Seus inúmeros títulos se referiam às Suas funções e domínios múltiplos, como regente das florestas, dos animais, caça, lagos, pântanos, rios, mares, campos, clareiras, madrugada, Lua, luz, partos, cura, proteção. Ela regia as fases da vida, as transições e dimensões das experiências femininas, (infância, adolescência, gravidez, amamentação, menopausa, solidão, morte), protegendo-as das ações ou interferências masculinas.
Eram três as grandes áreas regidas: a sobrevivência das espécies (fertilidade, reprodução e nascimentos), o controle do tempo, das águas e das marés e o ciclo de vida, destruição e morte (como caçadora ela mantinha o fluxo e o intercâmbio natural das energias), regendo também a lua negra e a noite, junto com Hécate. As matas, os bosques e campos pertenciam à Ártemis e às suas ninfas que moravam nas árvores, plantas, nascentes e rios, cuidando e protegendo tudo com amor e dedicação. A paixão e a virgindade são aspectos entrelaçados de forma estranha e profunda, assim como também é o habitat selvagem e longínquo, que resiste e reage à qualquer forma de violação.
De todas as deusas gregas, Ártemis é a mais próxima das mulheres, por isso é considerada sua Protetora por excelência, como comprovam as dezenas de títulos e atributos a Ela conferidos, distribuídos em várias áreas por eles regidos.
Aspectos da natureza: Agrea, da terra não cultivada, Aetole, dos ventos, Agrotera, da caça, Akrea, das colinas, Amarysia, que traz a chuva, Aphetura e Toxotis, as Arqueiras, Arkadia, das montanhas, Artio e Eleuthera, as Mães Ursas, Astrateia, das estrelas, Daphne, do louro, Diktina, da caça, Euploea, que traz bom tempo, Heleia, dos pântanos, Hemera, do anoitecer, Kypharissa, rainha dos ciprestes, Lakone, do lago, Lemnos, da terra, Kariathis, da nogueira, Kedrinos, do cedro, Lykaena, das lobas, Melissa, das abelhas, Skulakitis, protetora dos cães, Pythia, a serpente.
Protetoras dos partos: Amnius e Delphinia, guardiãs do ventre antes do nascimento, Argennis e Eileithya, auxiliam os partos difíceis, Eulochia, Eunumos, Genetaira e Orsilochia ajudam no parto, Genetyllis, protetora dos nascimentos, Kurotrophos e Paedotrophus, enfermeiras e “babás”, Hemeresia, que tranqüiliza, Locheia, a que cuida do sangue no parto, Mogostakia, ajuda diminuir as dores do parto, Oraia, protege os fetos, Paeonia, a curadora, Soodina, a salvadora nos partos difíceis.
Protetoras das mulheres: Alexeteira, a campeã nas competições, Alexiares, afasta as maldições, Alexibelemnos, protetora da vida, Angelos, mensageira, Aristoboulia e Boulephorus, conselheiras, Berekynthia, traz sabedoria, Brauronia e Philomeirax, protetoras das meninas, Britomartis, a doce donzela cretense, Despoena, a Senhora, Dynatera, a poderosa, Eleutho, a libertadora, Eulinos, a tecelã, Kalliste e Parthenia, lindas donzelas, Keladeina, que dá a boa voz, Kleito, das invocações, Kytheria, para esconder e proteger, Hegemone, da dança, Hiereia, a sacerdotisa, Iasoria , a curadora, Lathrios, dos segredos, Metapontina, guia e protege nas mudanças, Nikephoros, dá a vitória, Opis, do silêncio, Pamphylaia, providencia tudo, Pasikrateia, fortalece, Prothurea, fica na frente da porta, Progoneia, a ancestral, Polymastis, com muitos seios, Skiatis, das sombras, Thekla, a famosa, Themisto, do oráculo, Upis, a que vigia.
“Aquela que traz a luz”: Amphipyros, que leva a tocha, Delia, a Brilhante, Koryphasia, Donzela da luz, Leukione, a Branca Brilhante, Phoebe, a luminosa, Pyronia, guardiã do fogo, Selaphoros, que transmite a luz.
Nos seus cultos e festivais (como Mounichion, em abril em Athenas ou Nemoralia em agosto em Roma), celebrados nas noites de lua cheia eram acesas fogueiras e feitas procissões com tochas; as sacerdotisas apareciam em carruagens puxadas por cervos e traziam bolos cobertos com velas para as oferendas. Em Brauronia, onde tinha um templo dedicado a Ártemis, meninas pré-púberes vestidas com túnicas tingidas com açafrão e nomeadas de “ursinhas” eram iniciadas e preparadas para realizar danças ritualísticas imitando os movimentos das ursas. As sacerdotisas usavam máscaras de argila branca para representar a Lua e dançavam nas clareiras nas noites de lua cheia.
Muitas eram as lendas sobre as ninfas de Ártemis, as jovens que corriam junto com as corças e os cães nas florestas e se defendiam dos perseguidores com seus arcos e flechas como fazia a própria Deusa. Muitas delas ao invocarem a proteção de Ártemis – quando ameaçadas pela violência ou cobiça masculina – eram transformadas em árvores ou animais, como Daphne que se tornou em louro (planta sagrada e oracular), Aretusa em uma fonte ou Atalanta em leoa. Ártemis matava os seus perseguidores como aconteceu com Orion e Acteon; também matou a serpente Python e o gigante Tithyus, que atormentavam sua mãe, sendo a única deusa que auxilia e defende a mãe.
Para as mulheres que seguem o Caminho da Deusa, Ártemis personifica o espírito feminino independente, que lhes possibilita estabelecer e defender seus próprios objetivos e escolhas, agindo com confiança e determinação, sem precisar da aprovação masculina. Sentindo-se completas em si e por elas mesmas, o arquétipo de Ártemis reencontrado e reavivado pelas mulheres modernas, lhes confere a habilidade de se concentrar naquilo que é importante, sem se perturbar com a competição, as exigências ou necessidades alheias. O enfoque nos objetivos e a perseverança facilitam a superação dos desafios e obstáculos, direcionando a vontade para alcançar o alvo estabelecido.
As metas do movimento feminista podem ser resumidas pelas qualidades de Ártemis:empreendimento, independência, competência, compaixão (pelos oprimidos, crianças, mulheres, animais). A área dos interesses abrange uma gama variada como: defesa social, socorro às mulheres perseguidas, maltratadas ou abusadas, combate à pornografia e exploração infantil, punição dos estupros e incestos, o empenho para a divulgação e prática dos partos naturais com auxilio das parteiras, a conexão, o respeito e a gratidão permanente perante a natureza, as competições esportivas para jovens, atividades e preocupações ecológicas, solidariedade, parceria e irmandade entre as mulheres, o resgate dos valores e cultos lunares.
Os desafios representados pela exacerbação do arquétipo de Ártemis são: negação da vulnerabilidade própria, indiferença às necessidades alheias (frieza e crueldade com os homens e animais), hostilidade, raiva destrutiva, distanciamento emocional, falta de atenção, cuidados ou compaixão perante os outros, desvalorização das qualidades receptivas, nutridoras e protetoras femininas. A tarefa para retificar os excessos ou faltas deste arquétipo consta na identificação dos padrões positivos e negativos, reconhecendo e eliminando a auto-sabotagem, o alinhamento com os ciclos lunares e naturais, atividades físicas, interesse pela natureza, a definição do que precisa renovar, inovar, descartar, começar ou completar, a valorização da amizade com mulheres.
A sabedoria que Ártemis nos oferece nos dias de hoje é descobrir, defender e expressar a verdade e o poder pessoal, ter centramento e enfoque necessários para alcançar objetivos, complementar as polaridades internas e externas, ampliar os interesses saindo do micro e do individual para o macro e o global, unir razão e emoção, instinto e intuição, força e compaixão, rumo para a unificação e a total integração do ser.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

PRECONCEITO E ALIENAÇÃO DE SI MESMO





Parei hoje para pensar sobre valores sociais, principalmente naquilo que nos une ou nos afasta das pessoas na vida cotidiana. Antes, eu explico o que essa temática faz em um blog de arquétipos mitológicos:  os arquétipos se encontram entrelaçados na psique, sendo praticamente impossível isolá-los, bem como a seus sentidos, fazem parte do que somos e pensamos.

Valores nos rementem a Juízo de valor e preconceito.  Vamos começar falando de juízo de valor.  De uma forma geral, a expressão juízo de valor está relacionada a uma opinião individual. E por que isso seria preocupante? Porque a opinião de um indivíduo é formada quase sempre por seu sistema de crenças e pela cultura a qual ele pertence. A expressão Juízo de valor passa a ser composta por declarações que parecem ser de mão única e inserida em determinado sistema de valores. Embora as proposições de moral e ética não sejam verdades universais, e sim conjecturas que brotam do contexto cultural, para o sujeito elas passam a ser a única verdade ganhando um contexto paroquial.
Por exemplo: Nietzsche distingue na cultura Grega dois princípios fundamentais, para observar a questão da repressão da sexualidade e negação do prazer que são espécies de “Juízos morais” presentes até hoje na cabeça de muita gente.  Numa das suas primeiras obras, Origem da Tragédia (1871), a cultura Européia: o Apolíneo e Dionisíaco.
O princípio Apolíneo (do deus Apolo) simboliza a serenidade, claridade, medida, racionalidade. Corresponde à imagem tradicional da Grécia Clássica e que aparece frequentemente associada às figuras de Sócrates e Platão. O Dionisíaco (do deus Dioniso) simboliza as forças impulsivas, o excesso transbordante, o erotismo, a orgia, a afirmação da vida e dos seus impulsos (força, vontade).
Os dois princípios estavam presentes na tragédia e na cultura grega, antes da influência de Sócrates se fazer sentir. Ele submete os impulsos vitais e a sua energia excessiva aos constrangimentos da razão. Esta “viragem” na filosofia coincide com aquilo que Nietzsche considera a decadência da tragédia, preconizada por Eurípides, mas também ligada ao aparecimento da comédia. A partir de Sócrates-Platão a cultura ocidental seria marcada pela repressão dos instintos vitais e a negação do prazer
E de onde vem o malfadado preconceito? Heller (1985) afirma que todos os preconceitos são produto de falsos juízos de valor, uma categoria do plano cotidiano que implica necessariamente em  ultrageneralizações de conteúdos tradicionalmente difundidos ou a partir de conteúdos afetivos estabelecidos pelas  próprias experiências anteriores. Esses falsos juízos de valor são consolidados pelas classes dominantes e o indivíduo assimila conteúdos, seja por uma tomada de posição moral e/ou assimilação de uma estereotipia, configurando uma situação de alienação do comportamento e pensamento cotidianos. 
Quando o indivíduo se aliena, ele se torna incapaz de romper com qualquer formação do pensamento ou do comportamento, mesmo em situações cotidianas em que tais “padrões” necessitem de uma superação. Esse indivíduo experimenta um empobrecimento e esvaziamento da sua individualidade, de maneira que passa a atuar através de um conjunto de atividades cristalizadas, rígidas, o que demonstra uma hipertrofia da estrutura da vida cotidiana (Rossler, 2004). 
Neste sentido, o modo de funcionamento do cotidiano alienado implica na formação de um indivíduo que reproduz padrões de pensamentos e ações pré-estabelecidos, recorrendo a pensamentos ultrageneralizadores, na impossibilidade de tomar decisões de caráter individual. 
HELLER, A. (1985) O cotidiano e a história. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
MIRANDA, S.F. Preconceito, cultura e subjetividade: uma análise comparativa de dois posicionamentos teóricos: acessado em fevereiro/ 2013 http://www.abrapso.org.br/siteprincipal/anexos/AnaisXIVENA/conteudo/pdf/trab_completo_123.pdf,
NIETZSCHE, Friedrich. A Origem da Tragédia

ROSSLER, J. H. (2004). O desenvolvimento do psiquismo na vida cotidiana: aproximações entre a psicologia de Aléxis N. Leontiev e a teoria da vida cotidiana em Agnes Heller. Cad. Cedes: Campinas, vol. 24, n. 62, p. 100-116, abril. Acessado em fevereiro/2007, de http://www.cedes.unicamp.br.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

45 clássicos da literatura mundial para baixar grátis


 Universia Brasil, maior rede ibero-americana de colaboração universitária presente em 22 países, reuniu uma nova lista com 45 clássicos da Literatura mundial para você baixar grátis. Entre os Livros encontram-se obras de Machado de AssisFernando Pessoa, Dante Alighieri e Julio Verne, entre outros.
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