sábado, 30 de março de 2013



A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida


Mario Quintana

quinta-feira, 28 de março de 2013

UM DEUS PARA CADA HOMEM




Rapazes descubra SUA PERSONALIDADE arquéptica entre os oito deuses gregos:



Baseando-se no panteão das divindades gregas, uma nova psicologia foi apresentada por Jean Shinoda Bolen (psiquiatra e analista junquiana) em seu livro "Os Deuses e o Homem", que usou os conceitos de Carl Jung para estudar os oitos deuses gregos que correspondem a oito tipos de personalidade masculina.

Em seu livro apresenta os homens e a psicologia sob uma nova luz e afirma que o homem que tem consciência do deus(es) que está ativo nele, torna-se apto a fazer escolhas, sabendo que opções ou rumos são prováveis que lhe sejam mais satisfatórios. Jean nos presenteia com o que ela chama de uma "visão binocular" da psicologia, ou seja, "...uma visão em profundidade que leva em conta, ao mesmo tempo, os poderosos arquétipos que requerem conformidade, no esforço de compreender onde se situam nossos conflitos e como poderíamos melhor alcançar a plenitude."

Deuses e Deusas co-habitam em todos os indivíduos e através deles pode-se olhar num espelho e ver nossas verdadeiras feições pela primeira vez. Este lampejo de percepção pode revelar aquilo o que os outros reagem em nós, expondo-nos de uma forma mais a nós mesmos. Os deuses, são forças invisíveis, entretanto poderosas que atingem a personalidade, o trabalho e os relacionamentos. Estes diferentes arquétipos são responsáveis pela criação da diversidade entre os homens e pela complexidade masculina, qualidades que os tornam genuínos. São os deuses que ditam emoções e comportamentos, quer sejam reconhecidos ou não. Seu reconhecimento consciente ajudam o homem a se assumir como é e motivam-no a levar uma vida que lhe dá a sensação de ter mais sentido, pois ele está ligado à dimensão arquetípica de sua psique.

Na qualidade de figura arquetípica, os deuses descrevem a estrutura básica do homem, cuja singularidade é moldada por sua família, sua comunidade, sua nacionalidade, sua religião e por sua bagagem vivencial, assim como sua aparência física e coeficiente de inteligência. Entretanto, é possível reconhecer que ele também segue certo padrão arquetípico, que nos faz recordar alguns deuses. As imagens arquetípicas dos deuses estão vivas e presentes no legado humano coletivo, portanto, os mitos da Grécia devem ser explorados e recontados, porque é através deles que temos acesso a determinadas verdades sobre a natureza humana. O conhecimento mais profundo sobre os deuses gregos, nos levam a entender quem ou que atua no fundo do psiquismo.

Nossos "adoráveis" homens pouco compreendidos, encarnam a personalidade de oito deuses gregos. Conhecer um pouco mais sobre cada um deles, podem ajudar as mulheres a entender esta intrincada alma masculina.


POSEIDON, O EMOTIVO



O Mar coube a Poseidon quando ele e seus irmãos Zeus e Hades tiraram a sorte para dividir o mundo. 

É o mar que representa o nosso inconsciente em sonhos ou metáforas. As emoções afloram na superfície e em suas camadas profundas habitam seres misteriosos, primitivos e miríades de formas que representam o inconsciente coletivo. É das profundezas do mar que Poseidon, por vezes, ergue-se enfurecido para depois recolher-se novamente. Ele é conhecido também como o "Portador das Inundações" e "Aquele que a Terra sacode", exprimindo seu enorme poder de perturbar e destruir a natureza humana.

Como deus dos Mares, Poseidon oscila de acordo com a maré. Por vezes está na superfície, outrora nas profundezas. Pode ainda, como as ondas, explodir para depois tornar-se doce. Entretanto, ele é vingativo se for contrariado. Sua sensibilidade é esplendorosa, pois ele é uma arquétipo presente na alma dos poetas, compositores e terapeutas. No mundo de Poseidon, os homens trabalham e vivem de acordo com as marés e os instintos.

Poseidon ou Netuno para os romanos, é retratado como um homem poderoso, barbudo, segurando um tridente. Seu temperamento violento, mal-humorado, vingativo, destrutivo e perigoso, são os seus traços mais marcantes. Mas também tinha o poder de acalmar as águas quando sobre elas passava em sua carruagem de ouro puxada por cavalos brancos de crinas douradas.

Poseidon, filho de Cronos e Réia, foi engolido pelo pai, que temia ser destronado por um filho e só foi libertado depois que seu irmão, Zeus, desafiou Cronos e conseguiu com a ajuda de Métis, regurgitar suas três irmãs e dois irmãos. Depois, os irmãos e seus aliados lutaram contra Cronos e os Titãs e os venceram. Ao tirarem a sorte para repartir o mundo, o mar coube a Poseidon.

Poseidon casou-se com Anfitrite (Nereida), mas era tão infiel quanto seu irmão Zeus com sua esposa Hera. Anfitrite, filha de Doris e Nereu, deu ao marido, três filhos, um menino (Tritão) e duas meninas, mas além destes, Poseidon teve inúmeros descendentes, muitos dos quais eram monstros conhecidos na mitologia.

Ninguém se compara a Poseidon quando se trata de fúria e vingança. Quando Odisseu deixou cego seu filho cíclope Polifemo, que tinha só um olho, ele o perseguiu com ódio implacável e puniu também quem o ajudou. Seu ressentimento em relação aos troianos era tão grande que ele interveio em favor dos gregos, contrariando as ordens de Zeus. Mas, muito embora fosse conhecido pelo furor de sua raiva, Poseidon também tinha um aspecto pacífico e misericordioso em sua personalidade. Quando calmo, visitava seus fiéis etíopes que lhe ofereciam homenagens e, por algum tempo, esquecia de sua perseguição a Odisseu.

Imagine-se contemplando o azul espelho da superfície do mar, sabendo que lá no fundo reina um deus irado e vingativo pronto para explodir a qualquer instante num acesso de fúria! Pois saiba, que estas são as características do arquétipo de Poseidon. "Águas paradas são profundas", diz a sabedoria popular e, podem também serem traiçoeiras. Esta é uma grande verdade, pois este arquétipo é encontrado em toda aquela pessoa que luta muito para manter o controle, propiciando que o seu mundo de emotividade fique reprimido, escondido nas profundezas de seu ser, mas que pode a qualquer instante, brotar do subterrâneo, como as lavas de um vulcão, colocando para fora todo o seu ódio e dor.

O aspecto do mundo submarino de Poseidon nunca foi descrito pela mitologia grega, até porque as profundezas emocionais da psique masculina é assunto proibido no mundo patriarcal, pois homem que é homem, deve manter seu emocional reprimido e sob total controle. Todos nós já ouvimos alguém dizer: "Menino não chora"...LÁGRIMAS???, é coisa de menina!!!...Entretanto, sabemos que as emoções, muito embora não exteriorizadas, continuam lá, no fundinho do coração, na forma de sentimentos introvertidos que precisam ser manifestados para serem conhecidos.

Poseidon foi o único deus grego que tinha acesso às profundezas da água. Mergulhador das águas profundas permanecia debaixo delas o tempo que lhe aprouvesse, para depois, subir a superfície e comandar seus cavalos de crinas de ouro. O homem-Poseidon, portanto, é todo aquele que consegue penetrar nas profundezas do reino das emoções e sentimentos, tendo acesso a tudo que se esconde lá embaixo: a alma, a dor e os monstros abissais que ocupam lugares tão profundos e escuros que não nos é permitido vê-los com clareza. Nessa dimensão há muita sensibilidade, profundidade, algo que jamais alguém poderá plenamente atingir ou conhecer. Só o homem emotivo, sensibilizado com alguma dor ou extrema alegria, ou algumas vezes embriagado entra no reino de Poseidon, onde é temporariamente tomado por ele, ficando totalmente à deriva.

O aspecto deste deus também é cultuado pelos poetas, romancistas, compositores, músicos e psico-terapeutas. 

O ARQUÉTIPO DO REI

Poseidon é um DEUS-REI que busca garantir poder e controle inerentes a esta posição. Entretanto, ele não possui um pensamento estratégico como o de Zeus e em suas guerras perdia terras, quando as disputava com outras deidades e, quando publicamente humilhado, reagia com fúria.

Como o deus, o homem-Poseidon é um mau perdedor, que gosta de ter as coisas na hora, ou pode até cismar de não querer mais. Racionalidade não é seu forte. Se ele não consegue se impor no mundo, com certeza o fará em seu lar, o único domínio onde pode ser rei.

ARQUÉTIPO DA FERTILIDADE

O símbolo fálico de Poseidon era o tridente, significando o seu nome, marido "Da" ("posis Das"), designação da terra. Ele era o consorte da Grande Deusa que tinha três aspectos: Virgem, Mãe e Anciã. Seu tridente era o falo triplo simbólico, que indicava a sua função como companheiro da Deusa Tríplice. De igual modo, seus dois animais simbólicos, o cavalo e o touro, afirmavam a sua sexualidade e fertilidade.

Poseidon era considerado o "Marido da Terra", pois ele era a umidade que propicia a vida e tornava a terra fértil. Era ele também, que golpeava os rochedos para fazer brotar a água e o tridente era o símbolo de poder que entra em contato direto com esta fonte.

MAREMOTOS DE EMOÇÕES

O homem-Poseidon é aquele que xinga no trânsito, mas um pequeno gesto, uma música ou um filme bobo podem lhe emocionar.

Este homem, em nossa atual cultura foi obrigado a mascarar seus sentimentos, mas eles continuam intensos, somente contidos. Se ele for um homem introvertido, terá uma aparência tranqüila, muito embora abrigue sentimentos fortes e tempestuosos. Se for extrovertido, terá reações imediatas intensas e espontâneas, manifestando-se com atos e sentimentos. Fará o tipo que "tem fome de querer" ou viverá de frustração e raiva.

O trabalho ideal para este homem é aquele em que ele possa satisfazer sua própria natureza, ou seja, que desenvolva sua capacidade de agir com base em seus sentimentos intensos. As aptidões do homem-Poseidon, se direcionam para uma linha de trabalho envolvendo a natureza, na qual o tempo é medido em ciclos, marés e estações. Se sentirá imensamente feliz envolvendo-se com plantas, pessoas, animais, correntes de água e clima.

Em relação ao sexo oposto, o homem-Poseidon é dominador em virtude de sua atitude patriarcal e o poder de sua intensidade emocional. Não é um homem de aceitar um "não" quando está sexualmente excitado. Essa sua atitude pode resultar em vários níveis de desrespeito, inclusive chegar ao estupro, porque ele reage emocionalmente em vez de ser racional. A intensidade emocional combinada com sua poderosa natureza instintiva respondem pela sua sexualidade.

Poseidon é a sombra de Zeus e na mitologia era o causador dos maremotos e é este o fenômeno que nos dá uma idéia de sua natureza emocional. Poseidon está em desvantagem no mundo de Zeus porque reage emocionalmente em lugar da racionalidade. Ele fala uma "língua diferente" numa cultura que atribui valor negativo a este posicionamento.

"Não estava chovendo quando Noé construiu a arca", portanto, quem convive com um homem-Poseidon deve aprender a ler os boletins meteorológicos e os sinais do tempo, para preparar-se e sobreviver aos maremotos emocionais que dele partem.

O homem que vive sob a influência do arquétipo de Poseidon e se deixa arrebatar pelas emoções, precisa desenvolver a capacidade de enxergar as circunstâncias de modo menos apaixonado e mais objetivo. Também há necessidade de reconhecer que suas emoções muitas vezes são devidas as imagens arquetípicas. Quando outros aspectos estão ativos, Poseidon perde seu poder de inundar a personalidade e apossar-se dela pelas emoções. Assim, um dos principais modos de crescer é desenvolver os outros deuses.




ZEUS, O PODEROSO



Zeus ou Júpiter (para os romanos), era o deus supremo do Olimpo grego, Pai de todos os homens. Como deus dos céus que desfechava trovões, também era considerado o "Provedor de Bons Ventos" ou "Formador de Nuvens". Sua figura foi reproduzida como um homem barbudo sentado em seu trono com um raio na mão. Seu semblante majestoso era o mais forte de seus aspectos. Outro era a forma de conquistador de mulheres, com as quais viveu muitas aventuras e teve muitos filhos. Seus principais atributos abstratos eram a luz e o poder.

Zeus era filho de Cronos e Réia. Sua mãe o salvou de ser engolido pelo pai, que já tinha devorado 3 filhas e 2 filhos, ao substituí-lo por uma pedra embrulhada com vários panos. Ficou então escondido em uma caverna de Creta e foi criado por uma ninfa.

Ao chegar a idade adulta persuadiu Métis, Deusa da Sabedoria, para que ela desse um emético a Cronos. Assim, ele vomitou seus dois irmãos e uma pedra. Juntamente com Poseidon e Hades, seus irmãos, lutou contra Cronos e os Titãs, regentes do Olimpo e os destronou.

Zeus era um grande estrategista que obteve a ajuda dos Cíclopes e das criaturas de "Cem mãos". Foram os Cíclopes que ofertaram a Zeus seus relâmpagos e trovões e as criaturas de "Cem mãos" concederam-lhe extraordinário poder de fogo como se tivesse cem armas.

Zeus era muito namorador e teve uma série de ligações com deusas, ninfas e mulheres mortais. Entre elas: Métis, Têmis, Eurínome, Deméter, Mnemósine, Leta e Hera. Leta, uma titã, teve os gêmeos Apolo e Ártemis. Hera foi sua última esposa e sua hierarquia de poder era equivalente à de Zeus. O casamento durou trezentos anos, mas Zeus não deixou de ser promíscuo e teve inúmeros romances paralelos. Desses romances resultou uma descendência notável e numerosa e entre eles, encontramos Hermes, o deus mensageiro, seu filho com Maia e Dionísio, o deus extático do vinho, cuja a mãe era a mortal Sêmele. De acordo com Homero, Zeus também foi pai de Afrodite cuja mãe era a ninfa do mar, Dione. Tais mulheres e filhos fora do casamento sempre despertaram a cólera de Hera.

ARQUÉTIPO DE REI

Quando o arquétipo de Zeus é dominante em um homem, ele sente necessidade de construir seu reinado. Para tanto, deve primeiro constituir uma família e ter um lar. A esposa e filhos serão as extensões dele mesmo, pois é o casamento que consolidará alianças. Entretanto, a família é só um dos componentes da visão motivadora para instalar seu reino, pois o homem-Zeus deseja autoridade e poder e não medirá esforços para alcançar esta meta. É também um homem que nasceu para ser patrão e nunca ser mandado. Geralmente começa sua vida como um joão-ninguém desconhecido, mas que batalha muito, nunca se dando por vencido até tornar-se um grande homem de negócios.

Este arquétipo também é encontrado em homens que herdam grandes fortunas de suas famílias, já abençoado com o manto do poder.

O homem-Zeus possui a cabeça que enverga a coroa, mas que também é totalmente instável, pois poder e paranóia caminham de mãos dadas. O medo de ser destronado leva-o a não ter muita afinidade com o coração como órgão que dá e recebe. Faz o tipo que afirma amar a humanidade, mas despreza as pessoas. Com esta idéia, acaba afastando-se de todos e conseqüentemente de si mesmo. Só retornará desta distância emocional criada por ele, quando algo drástico acontecer em sua vida, tipo quando sua esposa o abandona, cansada de ser traída ou o filho se afasta por não possuir afinidade alguma com o pai, pois ele sequer se deu o trabalho de conhecê-lo. A cura de suas aflições só se dará quando tiver a humildade de descer do topo e deixar de ignorar seu coração.

ARQUÉTIPO DO PAI

Zeus é o arquétipo do pai. Ele quer muitos filhos para que estes possam dar continuidade ao seu trabalho e para conseguir o que quer, impõe sua vontade aos seus descendentes. O homem-Zeus, portanto, é um pai autoritário, que sempre dará a palavra final, um ditador que é temido e poucas vezes amado pelos filhos.

É também um pai provedor, mas sua generosidade é motivada por seu desejo de controlar sua prole, estando vinculada às expectativas que tem a respeito deles.

o homem que encarna o deus Zeus é decidido, estrategista e solucionador de problemas. Não abraça causas perdidas, pois é realista e vive o "hoje", sem remoer-se com o passado. 

Para o homem-Zeus, o poder é afrodisíaco e sua atração por mulheres faz parte de seu sucesso, além de caracterizar a sua natureza de "águia", que tudo faz para conseguir o que for preciso. Muda de forma, expõe seu lado vulnerável, torna-se um amante ardente, até conseguir seu objeto de desejo. Inconscientemente deixa de se prevenir contra uma gravidez em virtude do forte impulso de ser pai.

Mesmo sendo considerado namorador, preserva os valores patriarcais e a família. É o típico "paizão" que não costuma abrir seu coração para ninguém.


O homem-Zeus, entretanto, não é tão bem sucedido sexualmente como muita gente pensa. Passa longe de ser um amante nota 10, pois faz o tipo emocionalmente distante que não se esforça muito para agradar as mulheres e dificilmente se apaixona. É sexualmente agressivo e despende muito tempo com o trabalho. Sua intimidade emocional é precária o que prejudica a sua vida sexual. Suas parceiras sexuais ficam cada vez mais jovens à medida que ele fica mais velho, imitando a imagem clássica de um Zeus envelhecido cercado de ninfas juvenis.
Para casar-se escolhe alguém de status elevado ou no mínimo igual ao seu. E, após a lua-de-mel ele não terá mais tempo para o casamento, nem para sua esposa.


O aspecto arquetípico de Zeus pode manifestar-se em certa fase da vida de um homem, mas não permanece o tempo todo.

Zeus, no alto de sua montanha com seus raios e relâmpagos, continua a ser o princípio regente da nossa atual cultura e podemos vê-lo hoje na figura do presidente americano George Bush, entre tantos outros, e, assim permanecerá enquanto buscarmos a superioridade bélica e enquanto considerarmos o isolamento em relação aos outros desejável. Neste mundo regido por Zeus, infelizmente somos ensinados a desvalorizar nossos sentimentos e instintos.




HADES, O INTROVERTIDO



Todo aquele que gosta de ficar sozinho, curte a privacidade e que não se importa muito com o que se passa no mundo, leva a existência de Hades. O Hades "puro" é solitário e vive em seu reino interior.

O homem-Hades, é introvertido e geralmente alheio às regras de etiqueta e frivolidades. Não está "nem aí" com que as outras pessoas pensam dele. No trabalho se afina com tarefas repetitivas que lhe permitam certa exclusão. No amor, quando se apaixona vive experiências profundas com sua parceira e é somente ela que consegue arrancá-lo da toca.

Todo o homem-Hades tem predisposição para ser solitário e se sentir inadequado em um mundo muito competitivo, se recolherá para dentro de sua concha interior e para uma vida de esterilidade emocional. No mundo de Zeus, ele enfrenta muitas dificuldades, pois se sente inferior, um estranho no ninho. Fora de seu reino, verifica que só é recompensado todo aquele que atinge o topo, que adquire status, que se expõe e que corre riscos. Esta cultura extrovertida dominante é estranha ao homem de Hades, porque falta-lhe a ambição e a comunicação. A menos que desenvolva outros arquétipos, ficará à margem da estrada e só se encaixará em trabalhos que não ofereçam desafios, pois sua vida real é "interior".

Um Hades comete todas as "gafes" possíveis em reuniões sociais e diante de uma mulher. É natural, portanto, que muitas vezes seja rejeitado. A única experiência sexual do deus Hades foi com Perséfone que raptou e estuprou. A vida pode seguir o mito, mas o homem-Hades que se cuide, porque diferentemente de Zeus e Poseidon, ele tem menos credibilidade e poder e pode vir a ser denunciado e rotulado.

O casamento para este homem é crucial, pois sem ele será solitário e excluído. É através da esposa e filhos que irá relacionar-se com a sociedade. Como pai é sombrio, mal humorado, sem emoção e só espera de seus filhos organização e dever cumprido. Entretanto, pode compartilhar com as crianças o tesouro de sua vida interior.

O maior problema que um homem-Hades cria para os outros sendo como ele é, é que vive em um mundo"à parte", sem se dar chance de envolver-se emocionalmente com outras pessoas. O que se espera é que ele se comunique e nos conte o que acontece lá embaixo. Amar alguém como Hades é bem difícil, pois a qualquer momento pode tornar-se invisível e inabordável. O melhor modo de um Hades crescer é combiná-lo com um Hermes, pois era através deste último deus que as imagens e as sombras do mundo inferior eram entendidas e comunicadas ao outros.



ARES, O GUERREIRO




O deus Ares, conhecido como Marte pelos romanos, era o deus da guerra e o único filho de Zeus e Hera.

Há uma outra versão romana sobre o seu nascimento, segundo a qual, Hera enciumada de Zeus, procura a Deusa Flora, que a ajuda a conceber partenogeneticamente, depois de tocar uma flor que crescia nos campos de Achaia.

Hera designou Príapo como tutor de Ares, que ensinou-lhe a arte da dança e depois a da guerra.

A visão de Ares que temos hoje, nos foi fornecida por Homero em sua "Ilíada", que descreveu-o como um sedento sanguinário que era freqüentemente derrotado e insultado por sua meia-irmã Atena.

Quando um de seus filhos, Ascolafo, que comandava os beócios no cerco de Tróia foi morto, Ares foi pessoalmente vingar a sua morte, contrariando as ordens de Zeus. Atena instigou então, Diomede, a bater-se com Ares, que acabou ferido no flanco com a lança do herói. Seu pai, Zeus, apesar de repreendê-lo, ordena que os médicos curem seu filho.

Ares foi um deus de muitos amores, mas a sua Deusa preferida era Afrodite, a Deusa do Amor. Com ela teve três filhos: Deimos (Terror), Phobos (Receio) e a filha Harmonia, que se casou com Cadmo e fundou a cidade de Tebas. Já Eros, o outro filho de Afrodite, pode ter sido filho de Ares ou talvez tenha sido uma força primal, presente desde os primórdios dos tempos.

Tanto Ares quanto Afrodite tiveram muitos amantes, mas quando ela se apaixonou por Adonis, ele se transformou em um javali furioso e matou o rapaz.

Ares sempre foi um pai protetor de seus filhos e ele era o único deus a agir desta maneira. Quando Alirótio, filho de Poseidon, estuprou sua filha Alcípe, Ares vingou-se matando-o. Poseidon, desesperado com a morte do filho, citou Ares em julgamento em uma colina de Atenas próxima a acrópole, denominada mais tarde de Acópago (colina de Ares), onde defendeu-se e foi absolvido.

Como deus romano, Ares teve com Réia dois filhos: Rômulo e Remo. E, foi, especialmente em Roma que este deus era especialmente venerado.

A visão mais negativa de Ares, foi contada pelo poeta Homero, contrária a visão positiva que os romanos tinham deste Deus da Guerra, que ficou conhecido como Marte.

ARQUÉTIPO DO GUERREIRO

Ares é o arquétipo das reações intensas, apaixonadas, incontidas, instintivas, que fogem de qualquer controle e portanto, podem causar danos irreversíveis.

Ares é a personificação da ira que leva o homem a lutar ferozmente sem pensar em nada, pois ele fica cego e surdo e é levado pelo puro instinto selvagem. Se este homem é um soldado, não temerá por sua vida e pode tornar-se um herói condecorado. Neste deus da guerra se visualiza a agressividade nua e crua, antes que a civilização a moderasse e reprimisse.

Na mitologia, o deus Ares era tomado por um descontrolado e irracional frenesi que o levava a lutar e matar. Em nosso mundo contemporâneo, podemos vê-lo em brigas violentas no trânsito, nas saídas de bares noturnos ou em lutas simbólicas de competição por razões estratégicas. Sua reação, sempre violenta, virá após uma provocação, porque o arquétipo de Ares não deixa "nada barato", ele tem sede de guerrear e se deleita com o fragor das batalhas. Para os deuses gregos que idealizavam o pensamento e a racionalidade, este temperamento brigão de Ares foi muito condenado, assim como em nosso mundo também é.

Zeus detestava Ares porque ele era a sua sombra, mas quando Ares é detestado, como Zeus o detestava, esse arquétipo pode ficar reprimido, comprometendo a capacidade de reagir de maneira física a certas situações. Quando removido do campo da consciência, Ares pode ser reconhecido então em acessos de pressão alta ou em graves distúrbios intestinais. É importante que nossas reações emocionais também sejam acompanhadas pela linguagem corporal para que se alcance a harmonia e um crescimento satisfatório que nos liberte.

O deus Ares nos presenteia com a "coragem para agir". A palavra coragem está associada a "couer", palavra francesa que significa "coração". Estas são as palavras chaves deste arquétipo: agir com coragem, deixando que o coração delinhe a nossa jornada. Nunca deve-se fugir da luta, pois ela nos fornece infinitas possibilidades de crescimento. A vida é uma sucessão de riscos e conflitos, onde o homem deve agir segundo seus princípios, mas principalmente ouvindo a "voz" de seu coração.

QUEM É ELE?

O homem que desenvolve somente o arquétipo de Ares, nunca desenvolve a capacidade de refletir sobre seus atos, pois age por impulsos. O autocontrole é tarefa difícil para um ariano. Para aprender esta lição crucial, deverá ter muita força de vontade e motivação e depois, com treino, conter o impulso de revidar ou reagir. Sua explosividade poderá então, ser recanalizada, se o "Eu" escolher uma atitude diferente e se puder aprender a ativar e contar com a ajuda de outro arquétipo. às vezes, é a família que terá o poder para ajudá-lo a desenvolver o autocontrole. Já o esporte, convoca o arquétipo de Apolo que também poderá auxiliá-lo e discipliná-lo, tanto física como emocionalmente, mas todas estas metas são de longo alcance.

O homem-Ares é por natureza sensual e seus envolvimentos com o sexo oposto podem ser harmoniosos, como podem ser muito tempestivos, cheios de brigas e reconciliações. Dependendo do que aconteceu em sua infância, este homem pode amar as mulheres ou espancá-las. Ele só costuma gravitar em torno de uma mulher que realmente goste e com que possa ser espontâneo e manifestar corporalmente seu afeto. O resultado desta sua natureza tão afetuosa, pode levá-lo a tornar-se pai de muitos filhos, caso as mulheres com quem se envolva não tomem medidas preventivas de engravidar.

Como pai, o homem-Ares , está sempre presente na vida de seus filhos, quando pequenos. Ele ensina o filho a jogar futebol e dança com a filha pequena. Os conflitos podem surgir quando eles se tornam maiores e não compartilharem dos mesmos interesses.

Por seu temperamento, o homem-Ares aprecia sempre estar em movimento. No tabalho, interessa-se por ocupações que apresentem riscos e não cultiva metas a longo prazo, pois seu mundo é o aqui-e-agora. Pode até entrar para o exército, mas por certo, terá em sua ficha várias anotações em desabono a sua conduta. Caso se torne um atleta profissional, também deve desenvolver o autocontrole, senão acabará prejudicando seu time em face de seus impulsos à brigas e provocações.

Seu sucesso profissional dependerá de um pouco de sorte, além de ter absorvido algumas lições que a vida lhe proporcionou.

O homem-Ares é um guerreiro e amante inquieto e turbulento, que se regozija com os prazeres de uma contenda, mas é possuidor de um grandioso coração. Tem reações emotivas, é leal e corajoso. O arquétipo de Ares, predispõe o homem a entrar em contato com seus sentimentos e seu corpo, o que é bem positivo no terreno amoroso. Entretanto, quando a ira e a raiva o fazem explodir, pode causar muitos danos.

O crescimento psicológico do Homem-Ares só se processará quando poder escolher entre reagir ou não a uma provocação. Para chegar a este ponto, precisa desenvolver o autocontrole e também outros arquétipos.




HERMES, O COMUNICADOR



O homem-Hermes não gosta de viver segundo regras fixas. Sua mente ligeira abre caminhos alternativos, soluções ou atalhos. Ele é o engenhoso generalista com atitude empreendedora, é o típico oportunista que capta a importância de uma idéia. É também inovador e sempre aberto a novidades e pode ir muito além das limitações costumeiras na busca do que quer.

O típico Hermes não se fixa em nada, ama a liberdade que lhe possibilita trafegar em todos os reinos psicológicos e físicos. Em relação a vida amorosa, este homem é esquivo, escorregadio como o mercúrio que não se consegue prender entre os dedos. É aquele homem que da mesma forma misteriosa que chega em nossas vidas, desaparece. Para Hermes, "o que os olhos não vêem, o coração não sente" e é por isso, que entra e sai da vida de uma mulher sem se responsabilizar pelos sentimentos dela e sem ser fiel. Para ele, cada novo amor é um novo território para ser desbravado. Mas, para conseguir o objeto de seu desejo, ele se torna sedutor, mentiroso, promete "mundos e fundos", sem ter a menor intenção de cumprir suas promessas. Em terreno amoroso, o homem-Hermes sempre age impulsivamente, permanecendo um eterno adolescente inconseqüente e acaba tornando-se o esquivo dos solteirões. Ele é um solitário gregário que nunca se compromete e está sempre atrás de uma novidade. Com o homem-Hermes, somente o casamento de duas almas independentes pode dar certo.

O maior erro do homem-Hermes é pecar pela sua superfialidade. É o "faz tudo, que não domina nada". Em certos períodos de sua vida, acha-se imortal e crê que possui todo o tempo do mundo, mas não o tem. Enquanto a maioria dos homens se definem em sua carreira profissional e constroem suas famílias, ele permanece adejando de aventura em aventura, para só descobrir na meia idade que a vida passou por ele e não construiu nada. Mas, se o homem-Hermes, descobre que o eterno menino dentro dele já teve vida longa demais, pode mudar o curso da sua existência e decidir convocar o Zeus em seu interior. Foi o deus Zeus com sua autoridade que fez com que Hermes parasse de mentir e devolvesse as vacas roubadas de Apolo. Não deu espaço a ambigüidades e nenhuma margem de desculpas. O homem-Hermes, geralmente necessita reconhecer e respeitar uma autoridade e fazer o que é esperado dele.

O deus Hermes, foi o mais consumado mentiroso e ladrão de seu tempo. Como pai, o homem Hermes, igual ao deus, não tem muita moral para cobrar algo de seus filhos, portanto, não costuma impor limites, já que ele não se atém a eles. Seus filhos acabam fazendo o que bem entendem, principalmente se puderem apresentar a questão de maneira persuasiva. Mas o pai-Hermes, gosta de sair com seus filhos em aventuras e brincar com eles de igual para igual.

O homem-Hermes é assim...,não gosta de ficar parado, adora viajar. Não é dado a reflexões e age por impulso. Prestativo e extrovertido, é aquele "cara legal" cheio de amigos, mas é difícil de conseguir prendê-lo.



APOLO, O RADIANTE



APOLO é o deus do Sol, das Artes, da Profecia e exímio arqueiro. Como Deus, Arquétipo e Homem, ele tem luz própria, "brilha" e seus atributos conduzem ao sucesso, dentro do patriarcado. 

Apolo é sempre representado jovem, sem barba, belo e imberbe, porque o sol não envelhece, em pé ou montado e com uma cabeleira dourada flutuante ao vento. 

O arco e flechas que traz, simbolizam os raios e a lira, a harmonia dos céus. 

Em seu templo em Delfos, pode-se visualizar as inscrições: 

-"Conheça-te a ti mesmo"...e... 

-"Nada em excesso", bandeira defendida pelo deus Apolo. 

Entretanto, tudo que muito "brilha", também produz sombras, portanto, nosso deus Apolo também possuía um aspecto sombrio, muito pouco conhecido. Tanto seu aspecto luminoso como o escuro se refletiam em seus símbolos. 

Os mitos narram que Apolo, deus da música, da poesia e da profecia, nasceu em Delfos, em um dia 7. Neste dia, para celebrar o nascimento da criança divina, cisnes sagrados, deram 7 voltas em torno da ilha. Zeus ofereceu à criança-deus sua lira atrelada a estas magníficas aves brancas. 

No outono de cada ano, o deus subia para as regiões nórdicas onde, atrás de uma tríplice barreira de gelo branco, reinava a eterna primavera do Hiperbóreo, banhada pela quente luz do sol dourado. Lá, o deus da Luz, da Sabedoria e da Beleza permanecia por seis meses entre os cisnes sagrados, que, com o retorno da primavera, o reconduziam para as primeiras flores da ilha de Delfos, sua pátria natal. 

O cisne, portanto, está ligado a primavera e a renovação e, tem um caráter não negligenciável. Entretanto, o corvo e o urubu, assim como a serpente e o lobo, também estavam associados à Apolo, justificando suas punições cruéis e o quanto ele era capaz de agir de forma vingativa. 

FRACASSOS AMOROSOS

Dafne foi o primeiro amor de Apolo que surgiu graças a malícia de Cupido. Depois de ter zombado da capacidade de Cupido manejar o arco e a flecha, este último tirou da aljava duas setas diferentes. Atirou a de ponta dourada do amor no coração de Apolo e a outra, de chumbo, para repelir o amor, no coração de Dafne, filha do rei-deus Peneu. Apolo tomado de grande paixão, passou a persegui-la, mas a ninfa sempre em fuga, não tinha ouvidos para suas súplicas. Mas, quando ele estava vencendo pelo cansaço, ela invoca seu pai, pedindo ajuda. Ele a transforma então em um loureiro. Apolo, entretanto, continua a amá-la e converte o louro em árvore sagrada, fazendo com que as suas folhas adorne seu cabelo. 

Cassandra, filha de Príamo, uma famosa mulher, também rejeitou Apolo e pagou caro por isso. Apolo ensinou a ela o dom da profecia, mas em troca, depois deveria tornar-se sua amante. Cassandra deu sua palavra, mas acabou não cumprindo sua promessa. Apolo irritou-se, pois não poderia mais retirar o dom, então tornou-a desacreditada. 

Apolo foi um pouco mais feliz com Coronis que engravidou dele. Designou um corvo branco para observá-la e teve a infeliz surpresa de saber que Coronis o estava traindo. Tomado de fúria, transformou as penas do corvo em negras e matou Coronis. Antes porém, retirou seu filho do ventre da mãe e deu-o a Quíron, o centauro, para criar. Este menino foi Asclépio, que se tornou o deus da medicina e da cura. 

Apolo ainda, amou apaixonadamente um jovem chamado Jacinto. Mas, certo dia, quando os dois competiam em um jogo que consistia em impulsionar um disco, o disco de Apolo saltou na terra e atingiu Jacinto, matando-o. Desesperado pela morte do homem que amava, Apolo jurou que Jacinto seria lembrado para sempre. Do sangue de Jacinto brotou uma flor que tem seu nome. 

ARQUÉTIPO DO ARQUEIRO/MÚSICO 

Ser arqueiro requer habilidade, força de vontade e prática. Apolo, como exímio arqueiro, pode mirar o alvo e ter a certeza que irá atingi-lo. Arquetipicamente é isso que o homem-Apolo tem a propensão natural de fazer. 

Mirar o alvo a noção de futuro e este homem a tem. Seus alvos costumam ser bem visíveis e suas atitudes favorecem a obtenção do reconhecimento. 

Todo o Apolo é um homem realizado, geralmente de boa aparência, de fisionomia franca, sempre foi bom aluno, toca instrumentos musicais e tem bom desempenho em esportes, mas acima de tudo, é um homem determinado e que tem a força de vontade para alcançar as suas metas. 

Apolo era considerado um deus puro, tão claro quanto o sol e tinha no arco e na lira seus objetos mais estimados. Nos dois visualizava uma seta rumo ao alvo. Em um caso, uma flecha certeira, e no outro, uma canção precisa. Sua música voava na direção de uma verdade percebida com clareza. Possivelmente Bach incorporou Apolo quando compôs sua música clássica, pois só este deus era capaz de gerar harmonia e notas que elevam o espírito. Moderação e beleza eram a essência e o efeito da música apolínea. 

QUEM É ELE? 

A mente do homem-Apolo é lógica e se relaciona facilmente com a realidade objetiva. Ele é aquele cara "super-racional" que sabe o que quer. Como arqueiro consumado, ele pode mirar um alvo distante e tem a confiança que o atingirá. É também o tipo do homem "certinho", que explica as causas e efeitos. Outros homens podem ter certa dificuldade em estabelecer metas, mas não o homem-Apolo. Ele sempre sabe aonde quer ir, o que quer realizar e o que quer ganhar. Seus alvos são realistas, mas exigem esforços para serem atingidos.

O legislador e o músico, expressam ambos o instinto deste arquétipo para instaurar a ordem e a forma. Quem vive sob o aspecto apolíneo, respeita limites, valoriza a ordem e pensa mais do que sente. Tanto os idealistas, como os defensores da "lei e da ordem", extraem essa noção de autoridade do arquétipo de Apolo. O jurista, o astronauta e o músico pode sentir e perceber que Apolo confere dimensão sagrada ao seu trabalho.

O arquétipo de Apolo, predispõe o homem a viver tanto no futuro como arqueiro mirando alvos, ou como um sujeito profético. Possui tanto a capacidade de ver as coisas de forma racional, como espiritual. Estes aspectos fazem com que este homem reaja à própria dor emocional buscando um distanciamento delas. No nível psicológico, qualquer que seja o lugar de retiro, sempre nos levará ao mundo inferior habitado por Hades, pois a reclusão sempre produz um sentimento de isolamento, independentemente do local encontrar-se no "mundo dos céus".

O homem-Apolo gosta de mulheres atraentes e independentes, mas não se apaixona fácil. Ele não é bom amante, justamente pela sua falta de paixão. Seus relacionamentos não possuem muita profundidade emocional. Ele vive com a cabeça e não com o corpo e tem pouca experiência do fluxo e refluxo da atração sexual. O homens-Apolo, geralmente são rejeitados pelas mulheres que querem um elo de ligação mais profundo, com mais intensidades e manifestações emocionais do que ele é capaz de demonstrar.

Em relação aos filhos, podem ser bons pais ou neutros. Os critérios que estabelecem são justos e transmitem aos filhos estes conceitos. O maior problema é que absorvem-se muito com o trabalho, afastando-se, deste modo, do reino do lar.

No trabalho, este homem se sai muito bem, pois ele é muito persistente e possui a capacidade natural de se concentrar em uma tarefa. Ele é encontrado em profissões que exigem anos de estudos como a medicina e o direito. Adapta-se também ao trabalho em instituições e empresas. Dificilmente o encontramos no topo, nem alcançando muito sucesso, por que lhe falta a ambição e motivação para acumular dinheiro e poder, qualidades inerentes ao homem-Zeus.

O Sol nasce, sobe o zênite e se põe, sempre igual todos os dias, olhando lá de cima a terra distante. O homem-Apolo tem a mesma postura distante e desprovido de emoções. Ele é o advogado "sem palavras" quando o assunto é sentimento. "Penso, logo existo", de René Decartes, definem este homem, que não tem consciência de outra coisa além da sua coisa além da sua capacidade de pensar. Para um homem-Apolo crescer, deve superar os limites da lógica e da racionalidade e dar espaço para que o deus Dionísio também possa dar voz ao seu coração e entrar em sintonia com seu corpo. Algumas lições de humildade também lhe cairiam bem.




HEFESTO, O INVENTOR 



O Deus Hefesto, assim como seu Arquétipo e Homem, personifica a inventividade e a criatividade. Ele foi rejeitado pelos pais e expulso do Monte Olimpo, lugar onde só o poder e as aparência tinham importância. Suas qualidades também são desvalorizadas no mundo atual e com certeza terá muita dificuldade de fazer sucesso. 

A versão mais conhecida é que ele nasceu de Hera que o concebeu por via partenogenética. Contudo, como apresentava uma deformação no pé, sua mãe o rejeitou e atirou-o do alto do Olimpo. 

Uma outra versão, conta que ele foi expulso por Zeus e criado por ninfas do mar, Tétis e Eurínome. Foram elas que tornaram Hefesto um exímio artesão. 

O homem-Hefesto como o deus, é desvalorizado em nossa cultura, onde só vence quem possui poder e capacidade intelectual acelerada. 

O arquétipo de Hefesto está no âmago de um profundo instinto de trabalho e de criação a partir da "forja da alma". Quando ele está presente, a beleza e a expressividade são liberadas, um conteúdo que até então estava nas sombras da psique toma forma e se torna traduzível por meio do trabalho. 

ARQUÉTIPO DO FOGO 

O fogo de Hefesto é o fogo subterrâneo erupcionado através da vala do vulcão e é metáfora para intensos sentimentos de erotismo e sexualidade, contidos no âmago do corpo esperando ser expressos de modo súbito e inesperado. O mesmo acontece com a ira e a raiva contidas e amortecidas.

O fogo da forja é uma paixão inexpressa que inspira o trabalho criativo. Pode ser um amor não correspondido, o extravasar de uma raiva, a ansiedade de conseguir algo. A compulsão pelo trabalho é uma maneira de curar feridas emocionais. 

O homem-Hefesto não fala de seus sentimentos e na maioria das vezes, ele os canaliza para o trabalho. 

Hesfesto é o arquétipo do escritor, artesão, curador e inventor que não consegue separar a criatividade de suas dores. 

Assim como Adão e Eva foram expulsos do Paraíso, Hefesto caiu na terra e o sofrimento e a necessidade de trabalhar são decorrentes de sua expulsão do Olimpo. 

HESFESTO E AFRODITE 

Hefesto foi o marido traído por Afrodite. O casamento dos dois é a personificação entre a habilidade para trabalhar com as mãos e a beleza, que é o que dá luz as coisas belas. 

Beleza e Amor foram valores negados a Hefesto desde seu nascimento. Uma bela mulher, como a Deusa Afrodite, pode ser a musa inspiradora que acende os sentimentos de um homem-Hefesto. 

QUEM É ELE? 

O homem-Hefesto é inquieto, vulcanicamente explosivo e introvertido. Pode tornar-se um aleijado emocional ou um homem altamente produtivo. Podemos encontrar seu arquétipo ativo em alguns estudantes-cirurgiães de medicina, extremamente dedicado, mas o campo típico de Hefesto é o criativo.

As mulheres também são muito importantes em sua vida. Se uma mulher puder compreender a profundidade deste homem e despertar a imaginação dele, ela poderá tornar-se o principal acontecimento de sua vida. Ele é um homem monógamo, fiel e espera que sua parceira também o seja.

Quanto a Hefesto, o deus, não teve filhos e muitos homens-Hefestos também preferem não tê-los, especialmente se sua infância foi infeliz. Mas, se os tiver, talvez venha a desenvolver com eles uma profunda ligação. Entretanto, os filhos poderão achá-lo um pai distante, irritado e mau-humorado.

"Conhece-te a ti mesmo", esta é a bandeira do homem-Hefesto, que busca a solidão para encontrar-se e trabalhar prodigiosamente. O pintor, o arquiteto e o escultor de metais, são homens que lembram Hefesto. Para o homem-Hefesto, o trabalho não é tão somente um serviço, mas um meio de vida. Só o trabalho dá profundidade e sentido a sua existência.

A vida se parece com o mito e só outra pessoa igualmente intensa e deslocada e que tenha paciência para entendê-lo, terá êxito com o Homem-Hefesto.

O homem-Hefesto sempre terá problemas em se encaixar e se adaptar em sociedade. Seu trabalho, poderá levá-lo a descobrir que é uma pessoa produtiva, valorizada e criativa. Mas, sempre lhe faltará a habilidade da comunicação, da socialização e do tato político. Com sua personalidade introvertida, sempre renunciará a sua masculinidade. A depressão pode ver a ser um problema crônico para este homem, pois esta sua natureza pode também, levá-lo a conter mágoas e raivas que acabarão interiorizadas. Tais sentimentos voltados para dentro de si, fazem com que a depressão se instale.

Quando o homem-Hefesto absorve-se em um trabalho que goste, ele se absorve completamente impedindo que outras facetas desenvolvam dentro dele. Mas este homem, tem que dar-se conta da necessidade de ser mais do que Hefesto a fim de poder liberar tempo e energia e fazer escolhas que lhe permitam crescer.




DIONÍSIO, O ETERNO MENINO



Dionísio é o arquétipo que mais predispõe o homem a permanecer um eterno menino, independente de sua idade. Sua versão adolescente é de uma pessoa intensa e emotiva, que não se compromete com nada, principalmente com relacionamentos longos, pois detesta viver preso. Entretanto, é um homem fiel quando está apaixonado. Mas cuidado, pois ele possui uma personalidade dualista, em certo momento parece desesperado e no seguinte, no êxtase. O movimento hippie dos anos 60 foi a expressão máxima deste aspecto arquetípico. Esta geração fazia orgias de sexo em grupo, abandonavam a escola e largavam seus empregos.

O homem-Dionísio é todo aquele que interrompe o fluxo do cotidiano, chamando as pessoas para se entregarem ao prazer do momento, mas que torna a vida comum difícil de ser vivida. A maioria das mulheres o vêem como um ser perturbador e vulnerável, que necessita de cuidados maternais. E, quando este homem faz amor com uma mulher, esta experiência será de fusão e extremo prazer e ela poderá se sentir profundamente tocada. Mas, não devemos esquecer que o homem-Dionísio gosta é de mulheres, de preferência várias delas e desde o berçário...

Como pai, o homem-Dionísio pode ser maravilhoso, quando estiver disposto a brincar com os filhos ou decepcionante, pois fatalmente esquece suas promessas. Além disso, não costuma ser um provedor, disciplinador ou mediador entre a família, mas quando nascem seus filhos, ele se envolve intensamente, estando sempre presente emocionalmente e fisicamente.

Nos tempos atuais, o homem-Dionísio padece muito frente a nossa sociedade moralista, que lhe envia mensagens negativas mais fortes do que para qualquer outro arquétipo. A extensão dos danos que causará dependerá da força do arquétipo que habita neste homem.

Os homens de personalidade dionísica lutam com paradoxos e opostos, em permanente convívio com seu interior.

Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO

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quarta-feira, 27 de março de 2013

PROFESSOR XAVIER E MAGNETO DE X-MEN ALEGORIAS PARA MARTIN LUTHER KING JR. E MALCOLM X






Não é nenhum segredo que contar histórias sobre os eventos politicamente ou socialmente ocorridos é uma coisa muito difícil de fazer. Uma maneira de contornar este problema é dizer a esses tipos de histórias em um mundo diferente. Agora, eu não estou dizendo que os X-Men foram criados unicamente com o desejo de contar uma história sobre o movimento dos direitos civis, mas os paralelos são bastante óbvias. Aqui está uma citação de Chris Claremont, escritor de Uncanny X-Men :

"Os X-Men são odiados, temidos e desprezados coletivamente pela humanidade por nenhuma outra razão do que eles são mutantes. Então o que temos aqui, intencional ou não, é um livro que é sobre racismo, intolerância e preconceito." 

Eu cresci com o X-Men desenho animado na década de 90 e ler alguns livros de quadrinhos aqui e ali. Então, eu estou de maneira nenhuma um especialista, mas eu acho que vai mostrar o quão incrível estes dois personagens são; que mesmo um fã mais casual pode realmente apreciar suas complexidades. Sua relação e confronto de ideologia está no coração do universo dos X-Men e dá origem a alguns conflitos surpreendente. 

Charles Xavier tem muito procurado direitos mutantes através de métodos mais pacíficos. Ele realmente acredita que os humanos e os mutantes pode viver e funcionar em conjunto na sociedade. Sua filosofia está em consonância com o mesmo tipo de postura de Martin Luther King, Jr. assumiu durante o movimento dos direitos civis, que começou nos anos 50, que uma co-existência pacífica onde todos são tratados de igual para igual era possível. Obras mais famosas de King veio durante o seu "I Have a Dream" discurso em frente ao Lincoln Memorial durante uma marcha em Washington. Muitas vezes, o objetivo principal do X-Men foi referida como "o sonho de Xavier." Isso definitivamente não é mera coincidência. Xavier procura de uma paz que ele acredita que só pode ser alcançado por ter mutantes mostrar seus homólogos humanos normais que eles são realmente a mesma pessoa, mesmo que possa parecer diferente ou ter dons extraordinários. Para ele, a violência só serve para dividir ainda mais os humanos e os mutantes e dirigir o medo que traz sobre a perseguição de seus irmãos. Isso não quer dizer que ele não acredita em violência, mas apenas quando necessário e geralmente sob a forma de proteger a humanidade de outros mutantes que procuram prejudicá-lo. 
Talvez a parte mais fascinante de ideais diferentes Xavier e Magneto é que ambos têm um final muito semelhante em mente, um mundo onde os mutantes podem viver sem medo. Eles são apenas no extremo oposto do espectro quando se trata de chegar a esse lugar. O mesmo pode-se argumentar tanto para o Dr. King e Malcolm X. Mas, enquanto Xavier foi modelado após MLK, Jr., Magneto tomou após o mais militante Malcolm X. Ele acreditava em assumir agressores humanos de frente com demonstrações de força. Aqui está um par de Malcolm X cita antes de continuar: 
"Eu nem mesmo chamo de violência quando é auto-defesa, eu chamo de inteligência." 
"Seja pacífico, seja cortês, obedeça a lei, respeite todo mundo, mas, se alguém põe a mão em você, mande-o para o cemitério." 


Malcolm X 

Essas citações certamente sentir como algo Magneto, especialmente em seus primeiros anos, poderia ter dito. Agora, como muitos de vocês sabem, Magneto nasceu em uma família de judeus alemães e experimentou o peso da agressão nazista durante a 2 ª Guerra Mundial. Ele foi enviado para o Gueto de Varsóvia e, eventualmente, se encontrou em Auschwitz depois que sua família foi executado. Suas características e visões de mundo podem ser diretamente rastreada até o trauma psicológico que sofreu como uma criança. De sua perspectiva, ele está apenas tentando evitar essas atrocidades voltem a acontecer aos seus companheiros mutantes. Ele viu o lado escuro da natureza humana e, agora, tem o poder de acabar com estes abusos horríveis, então por que não usá-lo? Ele não vê os seres humanos como iguais para os mutantes, que ele vê como uma espécie menor e mais fraco. 

Obtendo a banda de volta juntos ... 


Como Malcolm X e Martin Luther King, Jr., ambos Magneto e Professor X ter visto na ocasião alguns benefícios em si a filosofia, mesmo que nunca iria admitir isso. Ambos os homens têm um respeito mútuo um pelo outro, mesmo se as suas ideologias cair em completa oposição com a do outro. O que ambos percebem, porém, é que um grande conflito está no horizonte. Xavier acredita que pode impedi-lo, Magneto acredita que seja inevitável. O que resulta é uma luta incrível entre dois homens que, em diferentes circunstâncias, poderia ter ficado melhor dos amigos e, talvez, o mais poderoso dos aliados. E, por este caminho, os dois homens acabam divergindo suas posições iniciais de vez em quando. Na ocasião, Xavier abusou seus próprios poderes e Magneto deu a "paz" um tiro. No final, eles sempre parecem estar em extremos opostos do espectro e que deixa você saber o quanto bom estes dois poderia ter realizado juntos. 

Com base no trailer mais recente, os filmes parece realmente focar no relacionamento e visões conflitantes de uma jovem Magneto e Xavier Charles. Eu estava realmente cavar a conversa entre os dois homens, que foi intercalada por todo o trailer. A configuração também contribui para a tensão, uma vez que esta muito dinâmico acontece bem no meio da Guerra Fria e do movimento dos Direitos Civis. Eu estou realmente feliz que tais complexidades e alegorias podem ser tecidas em um blockbuster de verão. Eu sou tudo para se divertir mudo, mas quando você pode contar uma história como essa, você tem algo realmente especial. Eu vou acabar com isto, deixando você com uma citação de Michael Fassbender sobre os personagens de Magneto e Xavier sendo diretamente influenciados pelo Dr. King e Malcolm X: 
"Ela surgiu no início do período de ensaio e que foi o caminho que levou. Essas duas mentes brilhantes se unindo e as suas opiniões não são tão diferentes em algumas coisas importantes. Como você vê-los você sabe que se a sua compreensão, habilidade e inteligência poderia de alguma forma se reúnem seria realmente especial. Mas a divisão é o que os torna ainda mais interessante e trágico."




terça-feira, 26 de março de 2013

Filoctetes, Ulisses e Neoptólemo: a difícil ou a generosa arte da convivência


Tudo se torna repugnante quando somos falsos à nossa própria natureza e nos portamos de forma indecorosa [vv. 902-3]. Versão portuguesa a partir da inglesa de Edmund Wilson.

Sófocles in: Filoctetes




Sófocles


Recentemente, ou não tão recentemente escrevi a história do jovem Neoptólemo (filho de Aquiles e um dos heróis de Tróia) e sua jornada para roubar as armas de Heracles (Hércules) que estavam em poder de um velho ferido chamado Filoctetes. Mesmo não considerando uma boa ideia, ele foi convencido a tal ato pela astúcia e pragmatismo do herói da Odisséia Ulisses (Odisseu). Chegando a ilha e convivendo com Filoctetes ele se deparou com outro discurso: o que falava com sabedoria, mesmo na amargura. Assim, o jovem em seu caminho para torna-se homem pode a principio ter mentido e enganado, mas teve entendimento para ser a voz madura dos três personagens, garantindo a vitória sobre Tróia.

O que e entendo deste breve resumo da obra de Sófocles? Pela convivência um jovem aprendeu a ser um guerreiro. Neoptólemo tinha recebido por parte de seu pai Aquiles uma educação que lhe garantiu honradez e nobreza, mas isso não foi suficiente para que ele se tornasse um herói como seu pai.

Foi preciso que o jovem convivesse com os lados bons e ruins de dois importantes heróis para torna-se grande guerreiro. Ulisses era astuto e pragmático por outro lado, queria a vitória a qualquer custo não importando se precisava corromper um jovem, roubar armas ou sequestrar um velho. Filoctetes era homem de muita sabedoria, mas que por outro lado se considerava vítima das circunstancias.

O que Filoctetes não relatava em seu discurso vitimista era a sua culpabilidade na questão do seu abando por dez anos em uma ilha após ser mordido por uma cobra ao corromper o templo de Athena. S
eus companheiros resolveram abandona-lo em função de gritos lacerantes de dor e do cheiro fétido da sua ferida 

Sobre a postura dos dois heróis cabe perguntar - Por que toda vítima nunca enxerga suas próprias responsabilidades? Por que algumas pessoas vivem de passado, culpando sua origem, desculpando as suas derrotas em função da do local ou da situação de classe onde nasceu?

Ulisses por outro lado, em prol de um bem maior achou que era certo sequestrar Filoctetes para que este fosse lutar em Tróia. Mas quando foi conveniente ele o deixou abandonado em uma ilha. Por que algumas pessoas acreditam que as outras só existem no mundo quando lhe são convenientes? Por que algumas pessoas acreditam que em prol de um "bem maior" é justificável passar por cima dos princípios das outras? Por que tem pessoas que acreditam que são melhores do que as outras?

Hoje eu vi gente assim. Hoje pode ser que eu fui gente assim. Hoje pode ser que preciso passar pelo amadurecimento de Neoptolémo.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Transição do alisado para o natural - Uma decisão política

Raízes são o sustentáculo e a razão da nossa existência. Quando nos afastamos delas ficamos tão firmes como uma folha de capim ao vento!
 (provérbio chinês)




Após postar uma foto em que estava de saída para minha festa de aniversário, recebi muitos elogios pela bela aparência, mas um elogio em especial me chamou muito a atenção: "Irreconhecível, parabéns!". Fiquei pensando o motivo pelo qual alguém que não se parece consigo mesmo ser merecedor de elogios. Na foto estava uma mulher caucasiana, não eu. 
Na tentativa de chegar um pouco mais próxima ao resultado de se parecer comigo mesma eu pintei os cabelos (que estavam com luzes) em preto e cortei mais curtos.
Mesmo com essa mudança, eu ainda não me reconhecia. Tirei fotos no intuito de ver uma mulher que refletisse aquela que eu tinha na minha alma. Nenhuma delas era eu. 
Decidi radicalizar e não mais fazer escova ou chapinha. Mas, o cabelo desestruturado por intervenções químicas me incomodou bastante, eu queria na verdade era os meus cachos de volta. Optei por cortar toda a extensão do cabelo deixando uns quinze centímetros. 
Me senti muito Atena, não sei como explicar. O primeiro choque foi inevitável, já que sou extremamente vaidosa, "perdi o feminino" pensei. 
Mas, depois de fazer uma intervenção com mousse vi que os curtos são belos e os cachos apareceram. 
Para mim, essa decisão foi mais do que estética, foi também uma decisão política. Tenho um pertencimento histórico e é esse que quero resgatar e sei que não é perdendo parte do meu poder interior que irei assumir minha responsabilidade comigo mesma. 

Processo de transição



quarta-feira, 20 de março de 2013

Hera, a poderosa!

De:  Empoderando as mulheres


Quão mal se falou de você! De certo o que os homens mais temem é uma mulher poderosa, pois eles reservaram todo poder para si. Por trás de tanta poeira e calunias, está tua majestade, tua força, tua realeza. Como precisamos hoje em dia de você! Para sermos respeitadas, consideradas, reverenciadas.

A Hera que dá palpites, que recrimina, é aquela que não consegue assumir seu poder. Hera, a megera indomada! Indomada sim, pois ela quer seu legitimo espaço social, exige sua porção de céu que lhe foi tirada à força, pretende restituída sua realeza pisoteada, obstina-se em reclamar, pois não sabe ainda cobrar seus direitos. Bate boca e cria intrigas nos bastidores do poder, pois nega sua própria 
legitimidade. Sua memória foi corrompida por longos séculos de domínio masculino, sua auto-estima caiu lá no fundo do poço. Não acredita mais em si mesma, não confia no próprio cetro e sua coroa jaz esquecida num canto do porão. Como pode sentir-se verdadeiramente importante, merecedora e digna?

Ela que deveria proteger e nortear o conjunto social, tutelar pela conservação e saúde das instituições, zelar pelas escolas e pela retidão das relações sociais, ela não sabe mais como fazer isso. Acredita nos meios masculinos, baseados na forca bruta, na preponderância da razão do mais forte e não da Razão em si. Sua ética reduziu-se à ética das alianças convenientes, que são oportunas para quem? Para manter no poder os mesmos que lhe negam o poder. Ela, mais do que todas as outras deusas, traiu-se. De onde tirar hoje autoridade e direito sentindo-se esvaziada e anulada por dentro? Quanto mais comprometida com o patriarcado maior sua dependência dele e, portanto, maior sua fraqueza interior, e mais longe ela se encontra do âmago de seu ser feminino e da solidariedade com as outras mulheres. Ela, que deveria protegê-las e ampara-las, ela que era a grande mãe social, ela as traiu no exato instante em que renegou a si mesma associando-se a um poder opressor e discriminador.

Precisamos de você, Hera. Precisamos de mulheres fortes, que andem de cabeça alta, afirmando em alto e bom tom nossos direitos. Precisamos de mulheres na política, no governo, nas lideranças das instituições. Precisamos de mulheres que implementem novos paradigmas éticos e políticos, que redefinem regras do jogo, que criem e tutelem novos espaços sociais, para a realização de uma vida mais digna e justa para as mulheres e com certeza para os homens também.

Salve, ó Rainha!

segunda-feira, 18 de março de 2013

O poder da mãe sobre o Falo







Sabe aquela velha história: quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha? No caso do homem, poderíamos afirmar que foi a galinha, pois a mãe é o ser primordial. Segundo Eugene Monick o feminino tem prioridade (no sentido de ser primal), enquanto a criatividade do homem só aparece depois como fenômeno secundário.
Monick ainda afirma que a mulher é a primeira, o homem é apenas o que sai dela, fato que se observado pelo aspecto bíblico, explicaria o patriarcalismo na figura de Deus ter criado primeiro Adão e de uma costela dele ter feito Eva. Pode ser que a história um dia foi contada diferente, porém com o advento do patriarcado e com o homem tirando a mulher de seu posto primordial, fica latente o motivo pelo qual as coisas não foram simplificadas: o homem saiu da mulher.
O que acontece é que o domínio materno primal, ocorreu em um período em que a consciência do ego não estava desenvolvida, o homem não tinha aprendido a dominar, não existia a guerra dos sexos e o homem continuava ligado à natureza, à  Mãe, à Terra.
O papel de mãe é muito importante e tem que receber seu devido valor, primeiro a mulher existe como mãe e o homem como filho. A Deusa dá a luz ao Deus, que é sua criança, seu filho. A responsabilidade de ser mãe e poder que se tem sobre um filho é algo que muito tem se perdido em nossa sociedade. Esse sistema capitalista onde a mulher tem direito apenas de seis meses de licença maternidade é falho e não permite muitas vezes que a mulher cumpra seu papel, se preparando para ser mãe e se dedicando em seu papel maternal.
A mãe, diz Eugene Monick, é inquestionavelmente importante como fator maior no desenvolvimento da identidade masculina, talvez até mesmo o maior fator da identidade masculina. "É quando estamos nos desenvolvendo que recebemos dela os cuidados necessários para nossa evolução. Não que o homem não tenha um papel importante na formação de uma criança, pois a mãe não é identidade masculina, nem a única base original da existência".
Os povos antigos deixavam menino sob a guarda da mãe até certa idade, quando este começasse a apresentar sinais de maturidade, como princípio de barba, a voz se tornando mais grave, e o nascimento de pêlos pubianos. Sendo esta criança um jovem em puberdade era tirado do meio materno para passar a ser treinado entre os homens. Para  se tornar um caçador, um guerreiro e se iniciar nos mistérios masculinos.  
Infelizmente as coisas não funcionam mais assim e muitas vezes a criança acaba não tendo uma figura masculina forte em sua formação (que não precisa ser necessariamente o pai) e acaba ficando dependente da mãe. A mãe que não se permite ver seu filho como homem o castra o privando de aprender a ser homem fazendo com que ele se torne totalmente dependente dela e não saiba como usar sua lança para a caça. 
Dessa maneira, depois da mãe vem a esposa que se torna uma babá e que tem que fazer tudo como a sogra fazia. Isto acaba gerando um desequilíbrio na formação da identidade masculina e o homem não aprende a ser independente e a cumprir seu verdadeiro papel.
A Mãe tem grande poder sobre seu filho, mesmo que ele não tenha crescido junto com o pai, cabe a mãe fazer com que ele comece a sair da barra da saia dela e passe a enfrentar os perigos da caça. Dessa maneira, estará criando um homem forte, independente e que não tem medo de enfrentar as dificuldades. 
Torna-se-á assim um guerreiro que protege não só a si mais todo o seu clã.







Fontes: MONICK, Eugene - Falo a imagem do Sagrado Masculino, São Paulo: Edições Paulinas, 1993, - (Amor e psique)
Natan Brith (Gawen Ausar)

quarta-feira, 13 de março de 2013

Onde a Democracia?


Compelir alguém à votar usando Deus como desculpa é no mínimo vergonhoso e criminoso. Esse povo deveria ter vergonha na cara!

quarta-feira, 6 de março de 2013

Por que o dia internacional da mulher? E por que não tem o dia do homem?

Faço aniversário no dia 08 de março. Essa é uma data mais do que simbólica para mim. Já ouvi de tudo, que a data era por si machista porque não tinha um dia do homem. Acho que essa é uma fala de quem acha que colocar na camiseta: "orgulho de ser negro" é racismo. 

O fato é que ser mulher ou, como preferirem, minoria nunca foi fácil. E é lindo ter um dia para "comemorar" essa data em que elas resolveram lutar contra uma sociedade majoritariamente patriarcal. Zapeando pela net encontrei esse texto fantástico que agora quero compartilhar com vocês. 



Texto de Cely Couto


O Dia internacional das Mulheres está chegando e tem atividades feministas pra todo lado, mas muito comentário/piadinha sexistas e misóginos também. E tem desinformação, e tem perseguição, e tem aquele monte de cara chato que te dá parabéns ironicamente (ou não) e acaba com o seu dia. Aqui vai uma pequena contribuição, pelo menos pra colocar em pauta a discussão sobre a data. 


Por que não tem o dia do homem?


Porque é uma data "comemorativa" com uma função específica: fixar no calendário a memória de luta das mulheres. Isso porque existe uma longa trajetória de esforços para que as mulheres pudessem ter seus direitos mais básicos reconhecidos. Basta pensar que há poucos anos éramos consideradas propriedades de pais e maridos, economicamente dependentes e nossa única função social era reproduzir e cuidar da família, sujeitas a todo tipo de violência por nossa condição subordinada. Muitos grupos tem um longo histórico de luta pelo seu reconhecimento, mas com certeza os homens não enfrentaram nenhuma discriminação com base no seu gênero, por se tratar simplesmente do gênero dominante que sempre oprimiu "a outra metade" do mundo. O patriarcado manteve os homens em posição de autoridade, dominando a política e as ciências, detendo todo o conhecimento e restringindo o acesso das mulheres à esfera pública, é mais do que suficiente para relembrarmos aquelas que batalharam pelos seus direitos mínimos. Ainda temos muito trabalho pela frente em busca da igualdade, mas nada mais justo do que uma data que celebre as conquistas das mulheres e coloque o feminismo em discussão. Um dia do homem, como foco na sua condição de gênero, não faria nenhum sentido e seria inclusive uma afronta às mulheres que resistiram à dominação masculina, já que eles sempre contaram com privilégios sociais e nunca sentiram na pele o estigma do "segundo sexo" - pelo contrário, se posicionaram contra a libertação feminina. 


Mas porque tem que ter um dia específico pra isso?


Uma data comemorativa é mais uma estratégia de ação afirmativa, ou seja, faz parte das políticas públicas que garantem direitos a grupos minoritários, historicamente discriminados, em busca de igualdade social. Nesse caso, é fixada uma data que relembra um evento histórico representativo para a luta das mulheres, com o objetivo de resgatar sua trajetória e avaliar o quanto avançamos ou regredimos. É uma estratégia questionável? Sim, até porque hoje nós vemos a apropriação comercial de todas essas datas, é mais fácil encontrar artigos sobre lucrar mais no Dia da Mulher do que sobre o real significado da data. Mas isso não anula a importância da discussão e nos incentiva a retomar o sentido original do 8 de Março. Particularmente, eu prefiro encarar como mais uma oportunidade de tornar a questão pública e reacender o debate, sempre ciente de que corremos o risco de restringir a visibilidade para um único dia no ano, como se fosse pra cumprir agenda de movimento. Por isso a necessidade de insistir no tema durante todo o ano, se possível deslocando comemorações do tipo também para outras datas.


Mas a mulherada só quer saber de ganhar presente, não acha?


Infelizmente, no geral, é só mais uma data apropriada pela lógica capitalista, isso não é novidade pra ninguém. Existe o 8 de Março no que ele realmente respresenta, que está restrito muitas vezes ao pessoal dos movimentos sociais ou envolvido em algum nível com política, e o 8 de Março do senso comum. Obviamente é esse último que interessa na sociedade de consumo, até porque a história real do 8 de Março é anti-capitalista! Nada como transformar a memória de luta pela libertação das mulheres em uma oportunidade de vendas, mas isso não é exclusividade dessa data, absolutamente TUDO será engolido por isso nesse contexto. E as últimas culpadas por isso são as mulheres que querem ganhar seu presentinho, que enxergam isso como uma gentileza e recebem todas as felicitações por cumprirem seu papel feminino na sociedade - em uma data que, VEJA BEM, deveria contestar o papel feminino. Cabe a nós, pessoas preocupadxs com as desigualdades sociais, retomar a verdadeira função dessa data e combater a apropriação do capital, embora essa luta seja muito maior e esteja ligada a todas as perspectivas de uma realidade diferente. 


Qual o problema em dar parabéns, entregar a rosa ou um presente?


Parabéns pelo que, presente pelo que? Essa é a grande questão. Claro que a gente não quer reforçar essa ideia de transformar uma data que é referência de luta em uma comemoração a nível pessoal, mas muito além disso, o significado dessas felicitações é problemático porque vai na CONTRAMÃO da proposta. Não se trata de "Parabéns pela trajetória de luta dos movimentos de mulheres, que você continue em frente pelos seus direitos!", isso seria um cenário razoável, mas o que acontece de verdade é o contrário: felicitam as mulheres pelo seu papel atual na sociedade, que ainda é extremamente desigual. Parabenizam a gente por corresponder a uma ideia engessada do que é ser mulher: bonitas, sensíveis, boas mães e esposas... até os famigerados "independente e batalhadora" estão ligados a uma ideia de jornada tripla, da mulher que se mata pra cumprir uma jornada de trabalho fora e ainda cuidar da casa e dos filhos, sem divisão justa de tarefas, o que é considerado ideal hoje em dia. Apelam para o estereótipo mais tosco de feminilidade, reforçam os papéis de gênero que nos limitam, nos colocam como apaixonadas, dedicadas à família, lindas e sedutoras, a mesma porcaria de sempre. É interessante pra qualquer umx que esteja comprometidx com o fim do sexismo que não felicite as mulheres pelo papel que elas alcançaram, mas pela luta feminista que é mais atual do que nunca e necessária. 


Mas ainda é necessário relembrar e prosseguir com a luta feminista?


Violência contra a mulher, divisão sexual do trabalho, precarização do trabalho feminino, criminalização do aborto, jornada tripla, disparidade salarial, tráfico sexual, ditadura da beleza... não são poucas as demandas que o feminismo ainda tem como desafio atualmente. Avançamos muito, mas ainda estamos longe da igualdade social de fato, que está interligada com outras lutas. O 8 de Março coloca em pauta todas essas questões, porque mais importante do que parabenizar pelas conquistas é ter um olhar crítico sobre elas, a quem beneficiaram, qual direção estamos tomando, quais serão as próximas estratégias. Como a própria data se origina entre as mulheres trabalhadoras, para mim, atualmente, é o momento de repensar o formato institucionalizado que o feminismo vem tomando e pegar firme na questão de classe, chegar onde realmente importa. Um bom sinal de que o feminismo é mais necessário do que nunca são essas mensagens incríveis de Dia das Mulheres nos resumindo a "presentes da natureza, pura ternura, lindas florzinhas", isso porque a data é em memória de mulheres combativas, independentes e insurgentes - as trabalhadoras de Petrogrado. 


E essa história de Petrogrado? Qual a origem do 8 de Março, afinal?


A grande polêmica é que a história das trabalhadoras queimadas dentro da fábrica nos EUA, durante a greve, pode ser um mito. Eu, particularmente, dou crédito à versão da Renée Cote, que escreveu "O dia Internacional da Mulher - Os verdadeiros fatos e datas das misteriosas origens do 8 de março" (1984). Ela nunca encontrou evidências dessa greve, na verdade, houve uma mistura de fatos que geraram um mito, e a verdadeira origem do 8 de Março ocorreu entre as mulheres socialistas. Com a queda da URSS, foi politicamente mais interessante retomar a versão das operárias americanas do que dar o crédito às russas, assim a ONU e a UNESCO consolidaram o mito do 8 de março. A versão que eu acredito é a de que, em 8 de março de 1917, na Rússia, houve uma greve espontânea de tecelãs e costureiras de Petrogrado, que saíram às ruas pedindo pão e paz e contrariando a decisão do partido. Essa manifestação foi o estopim da primeira fase da Revolução Russa, como Kollontai escreve: "O dia das operárias, 8 de Março, foi uma data memorável na história. Nesse dia as mulheres russas levantaram a tocha da revolução”. Em 1921, na Conferência das Mulheres Comunistas, a data foi unificada como Dia Internacional das Operárias e mais tarde espalhada como comemoração da luta das mulheres pela 3ª Internacional. Desmistificar o mito do 8 de março não desvaloriza seu significado histórico, até porque as greves das operárias americanas ocorreram em vários períodos e merecem ser lembradas, na verdade a retomada da história verdadeira enriquece ainda mais o sentido dessa data, trazendo à tona o fato: o 8 de março nasceu das mulheres socialistas! E isso quer dizer que a luta das mulheres está diretamente ligada à luta contra todo tipo de exploração, que o 8 de março é libertário e que é, acima de tudo, o dia da mulher trabalhadora.