No último semestre, fui caloura do curso de
graduação em Jornalismo na Universidade de Brasília (UnB), apesar de não
parecer. Explico: tenho quarenta anos muito bem vividos, sou mãe de uma
universitária de 19, divorciada há seis e, agora, muito bem casada há dois. No campo
profissional, sou uma bem-remunerada funcionária que ultrapassou o circum-adjacente
do que o velho Marx chamaria de alienação: a falta de contato e o
estranhamento que o trabalhador tem com o que produz. De uma maneira geral, sou
feliz e realizada. Você pode então se perguntar: por que estudar justo agora?
Antes de dizer o que
seria o meu motivo, creio ser relevante para você que está curioso (ou que pensa em voltar a estudar) apreciar dados de quem, assim como eu,
decidiu entrar novamente no mundo acadêmico. O mais recente Censo da Educação
Superior do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)
revelou que, no Brasil, pouco mais de 731 mil matrículas realizadas nos cursos
de Graduação Presenciais e a Distância foram efetivadas por pessoas acima de 40
anos. O número representa um aumento de cerca de 2,11% em relação ao ano de
2014, quando, no País, mais de 716 mil matrículas foram feitas nessa mesma
faixa etária.
Minhas anotações do primeiro semestre |
E o que poderia
justificar os números crescentes de alunos com mais de 40 no ensino superior? Em primeiro lugar, dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a expectativa de vida no
Brasil aumentou de 48 anos, em 1960, para 75,8 anos, em 2018. Vivemos muito
mais. Assim, ao contrário do que acontecia há cinco décadas, se você tem 40 anos, ou mais, você não está em um final de carreira, e sim na metade dela praticamente! Outro
fator relevante reside no fato de que nunca paramos de aprender. Charlotte
Bühler (1893-1974), psicóloga alemã, considerou a aprendizagem como um processo
que se dá em toda a extensão da vida humana. O cérebro não é velho para aprender coisas novas!
O também psicólogo
alemão Paul Baltes (1939-2006) publicou estudos que corroboram com as ideias de
Bühler. Segundo ele, em todas as fases da vida somos desafiados a aprender pelas
próprias expectativas quanto ao futuro, às exigências ambientais e ao desejo de
progresso na sociedade.
Do mesmo modo, outros motivadores figuram entre aqueles
que levam um adulto de 40 anos, ou mais, a voltar aos bancos universitários: a
busca pelo conhecimento, a melhora da empregabilidade, o desejo de realizar
sonhos antigos e a possibilidade de estudar a distância. Assim, voltando à questão que ficou aberta no
primeiro parágrafo deste artigo, destaco o desejo de realizar um sonho antigos
como o meu motivador principal.
Tudo organizado em uma pastinha ao final do semestre. |
E você que passou dos 40? Ainda se sente inseguro em começar a sua graduação? Se todos os fatores elencados acima não foram suficientes para te convencer, saiba que há uma característica inerente da sua idade que poderá ajudar você. E não estou falando dos fios brancos muito menos das rugas. Essa característica é a MATURIDADE. Que é um grande diferencial na hora de começar qualquer coisa que você se propor. E, tenha certeza, fará uma imensa diferença nos momentos que precisar lidar com estresses de provas, trabalhos e apresentações. Boa sorte!!
Uau! Adorei! Acho corajoso demais. Quando terminei a última pós, estava tão traumatizada que decidi que nunca mais me aventuraria por experiências acadêmicas. E lá se vão 10 anos! Depois disso, só cursos de extensão e aprendizados via universidade Google hehe. Talvez quando minha filha crescer mais, eu siga seus passos. Tenho vontade de fazer História e Psicologia. Concordo que a maturidade faz toda a diferença no decorrer do curso. Quando cursamos Pedagogia, tínhamos 20 e poucos. E já foi um curso totalmente diferente do que o feito pelos nossos colegas de 18 - porque tínhamos outra cabeça. Imagina agora! Deve ser o ouro! Parabéns e continue em frente! Muito orgulho de ti
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