quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Aquela que espera.

Por: Deia Morais
"Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações terá sido mera coincidência, detalhes de vida e crenças desse texto e blog não expressam a crença da autora, é pura expressão literária”


Em um primeiro momento, aquela que espera não queria ser esta sentada à mesa, papel e lápis a mão. Essa que espera, o que será dela?  E dessa explosão de sentimentos em seu peito? E dessas lágrimas que ficam presas, deixando a garganta salgada? E o que ela fará daquele pressentimento que se questiona se ele virá. Ela se pergunta o que fará com sua resiliência, com sua mania teimosa de quem se dobra e não cede, com sua teima de quem nunca se dá por (con) vencida?  
Aquela que espera sabe da sua passionalidade, da sua explosão. Por outro lado, sabe que sempre terá quem vai a amar. Quanto a ele, aquele que (ainda) não veio, pensa: "você sempre soube no passado, você sempre saberá no futuro". Aquela que espera ri sozinha na mesa porque percebe que pensou sobre si em segunda pessoa. E, para não perder o hábito, novamente diz a si mesma com um riso nos lábios: "você perdeu o juízo".
Aquela que espera sabe que, com relação a ele,  é mais madura,  sabe que é mais vivida,  sabe que vai ser feliz. Sabe que tem amigos de verdade,  amigos de infância e perpétuos,  amores eternizados,  dias iluminados,  pais que a amam, força na vida,  doideiras insanas. Ela tem suas lembranças de cama, sua ausência é sentida, seu coração é de quem ama, sua dor é efêmera. 
Aquela que espera sorri para si mesma porque vê,  que aquele que (de fato) não veio,  jamais poderia amá-la, porque jamais passou do tácito, do material, do falível, daquilo ninguém leva no espírito. E vê que que, sobre o conhecimento mais  importante de vida, ele tão pouco soube, ele tão pouco saberá.
E ali,  entre um copo e outro, decide afogar de vez qualquer espera por ele, qualquer espera de um encontro que nunca mais vai acontecer, nem nesta, nem na outra vida. 



Claude Monet
Camille Monet in the garden
Coleção privada - Zurique - Suiça

Nenhum comentário:

Postar um comentário