quinta-feira, 5 de setembro de 2013

CUIDADO COM A VITÓRIA DE PIRRO



Uma das expressões históricas mais recorrentes no vocabulário popular é a chamada “Vitória de Pirro”.
Pirro foi um rei na antiga Grécia, mais especificamente de Épiro e da Macedônia, onde hoje está situada a Albânia. Desde sempre, Pirro foi um opositor feroz dos romanos. A ele não agradava o expansionismo da Bota. Na verdade, Pirro pretendia o exato oposto do que fizeram os romanos: formar um imenso Império grego, sob seu comando, estendendo-se desde a península do Peloponeso até o sul ta Itália. Para alcançar esse intento, era evidente que seu principal objetivo era fustigar os romanos.
E foi isso que Pirro fez. Naquela época, os romanos já haviam crescido bastante, mas ainda não dominavam toda a península itálica. Para conquistar o restante da Europa, era necessário garantir a retaguarda. Assim, os romanos resolveram invadir o sul da Itália. Tarento foi a cidade escolhida.
Por suposta inspiração do Oráculo de Delfos, Pirro resolveu mandar tropas para defender Tarento. A empreitada mataria dois coelhos com uma só cajadada: impediria o avanço romano ao mesmo tempo em que atrairia os tarentinos para o seu lado.
Numa sangrenta batalha, conhecida como Batalha de Heracléia, os exércitos de Pirro rechaçaram a invasão romana, ao custo de 4.000 baixas de seu lado e 7.000 do lado romano.  Ao contrário do que muita gente diz por aí, não foi a Batalha de Heracléia que cunhou a expressão “vitória de Pirro”. As baixas foram muitas, mas nada que prejudicasse o moral do exército jônico. A primeira parte do plano fora alcançada com êxito.
A segunda parte era iniciar a tomada da península itálica. Pirro bolou uma estratégia clássica: um desembarque no sul da península itálica, para depois subir em direção a Roma. Com suas tropas e elefantes, Pirro desembarcou em Apúlia, região que corresponde ao calcanhar da Bota. Lá, novamente enfrentou os exércitos romanos. Uma vez mais levou a melhor, na batalha que ficou conhecida como Batalha da Ásculo. Mas, dessa vez, as baixas foram pesadas demais. Somados os mortos e feridos das duas campanhas, o exército de Pirro reduzia-se perigosamente a olhos vistos. A despeito dos cumprimentos recebidos dos aliados e de seus generais, o rei de Épiro pronunciou uma frase que, de tão realista, entraria para a história:
“Mais uma vitória como essa e estamos perdidos”.
Depois de uma tentativa frustrada de tomar mais uma parte da Bota, Pirro recolheu-se ao Peloponeso e conquistou a Macedônia. Pouco tempo depois, morreria em circunstâncias misteriosas. Alguns relatos dizem que ele morreu envenenado. Outros, que foi morto numa das vielas da cidade de Argivo.
Desde então, a expressão Vitória de Pirro designa uma batalha cujo custo é muito alto. Não significa, ao contrário do que erroneamente propagado por aí, uma vitória que não vale nada. A vitória representa muito, mas a energia despendida na empreitada é tão assustadoramente grande que você deve pensar duas vezes se deve ou não lutá-la.
Quando você precisar usar uma expressão para representar uma vitória que efetivamente não vale nada, prefira uma machadiana: “Ao vencedor, as batatas”. Fica igualmente elegante e etimologicamente mais correto.

Fonte: http://blogdomaximus.com/2012/07/17/cuidado-com-as-vitorias-de-pirro/

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