Uma das
expressões históricas mais recorrentes no vocabulário popular é a chamada
“Vitória de Pirro”.
Pirro foi
um rei na antiga Grécia, mais especificamente de Épiro e da Macedônia, onde
hoje está situada a Albânia. Desde sempre, Pirro foi um opositor feroz dos
romanos. A ele não agradava o expansionismo da Bota. Na verdade, Pirro
pretendia o exato oposto do que fizeram os romanos: formar um imenso Império
grego, sob seu comando, estendendo-se desde a península do Peloponeso até o sul
ta Itália. Para alcançar esse intento, era evidente que seu principal objetivo
era fustigar os romanos.
E foi isso
que Pirro fez. Naquela época, os romanos já haviam crescido bastante, mas ainda
não dominavam toda a península itálica. Para conquistar o restante da Europa,
era necessário garantir a retaguarda. Assim, os romanos resolveram invadir o
sul da Itália. Tarento foi a cidade escolhida.
Por
suposta inspiração do Oráculo de Delfos, Pirro resolveu mandar tropas para
defender Tarento. A empreitada mataria dois coelhos com uma só cajadada:
impediria o avanço romano ao mesmo tempo em que atrairia os tarentinos para o
seu lado.
Numa sangrenta batalha, conhecida como Batalha de Heracléia, os
exércitos de Pirro rechaçaram a invasão romana, ao custo de 4.000 baixas de seu
lado e 7.000 do lado romano. Ao contrário do que
muita gente diz por aí, não foi a Batalha de Heracléia que cunhou a expressão
“vitória de Pirro”. As baixas foram muitas, mas nada que prejudicasse o moral
do exército jônico. A primeira parte do plano fora alcançada
com êxito.
A segunda
parte era iniciar a tomada da península itálica. Pirro bolou uma estratégia
clássica: um desembarque no sul da península itálica, para depois subir em
direção a Roma. Com suas tropas e elefantes, Pirro desembarcou em Apúlia,
região que corresponde ao calcanhar da Bota. Lá, novamente enfrentou os
exércitos romanos. Uma vez mais levou a melhor, na batalha que ficou conhecida
como Batalha da Ásculo. Mas, dessa vez, as baixas foram pesadas demais. Somados
os mortos e feridos das duas campanhas, o exército de Pirro reduzia-se
perigosamente a olhos vistos. A despeito dos cumprimentos recebidos dos aliados
e de seus generais, o rei de Épiro pronunciou uma frase que, de tão realista,
entraria para a história:
“Mais uma
vitória como essa e estamos perdidos”.
Depois de
uma tentativa frustrada de tomar mais uma parte da Bota, Pirro recolheu-se ao
Peloponeso e conquistou a Macedônia. Pouco tempo depois, morreria em
circunstâncias misteriosas. Alguns relatos dizem que ele morreu envenenado.
Outros, que foi morto numa das vielas da cidade de Argivo.
Desde
então, a expressão Vitória de Pirro designa uma batalha cujo custo é muito
alto. Não significa, ao contrário do que erroneamente propagado por aí, uma
vitória que não vale nada. A vitória representa muito, mas a energia despendida
na empreitada é tão assustadoramente grande que você deve pensar duas vezes se
deve ou não lutá-la.
Quando
você precisar usar uma expressão para representar uma vitória que efetivamente
não vale nada, prefira uma machadiana: “Ao vencedor, as batatas”. Fica
igualmente elegante e etimologicamente mais correto.
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