sábado, 12 de janeiro de 2013

A deusa e o passado




"A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente. "

Soren Kierkegaard * um filósofo e teólogo dinamarquês. É considerado um precursor do existencialismo.



Passado.

Só tenho uma coisa a dizer: amigos, ainda bem que me avisaram. Hoje tenho ombros e minha resiliência para me apoiar, e o que é resiliência? Na área da psicologia a resiliência é usada como a capacidade do indivíduo adaptar-se de maneira positiva diante de situações adversas, mantendo seu desenvolvimento normal e recuperando-se dos efeitos estressores. Ou seja, a forma como cada um lida com situações como morte de uma pessoa querida, a separação, a traição de um parceiro, um assalto, um sequestro, um abuso sexual, uma perseguição racial, etc.

Esta qualidade de seguir em frente e sair fortalecido de uma crise tem feito com que a medicina se interrogue por que alguns são mais resistentes que outros. Tem sido detectado alguns fatores protetores como: os traços de personalidade; a maturidade; a capacidade de manejar as próprias emoções; a capacidade de lidar com ocorrências adversas e estressantes.

Ao aceitar as circunstâncias que não podem ser mudadas pode ajudar a concentrar-se sobre as que se pode alterar. O melhor é agir em lugar de se afastar completamente dos problemas, querendo que eles desapareçam. As pessoas podem aprender algo sobre si mesmas como resultado de suas lutas com perdas.
Desenvolvendo a confiança a auto-estima o bom humor em sua habilidade para resolver problemas e valorizar seus instintos que irá ajudar a construir a resiliência.
Resumindo, resiliência é a capacidade de psicoadaptação de cada ser humano. Adaptar a sua psique às mudanças da vida sempre com retorno positivo. Diz-se de que tem a resiliência: é uma pessoa resiliente. Sinônimo: resiliência.
Na mitologia encontramos a resiliência na história de Afrodite e Adônis que já contei aqui., encontramos também na história de Ártemis e Órion e tantas outras. 





Por fim, uma história para explicar bem como o passado impede nossa felicidade:


Numa cidadezinha do interior, uma professora estadual enviuvou de um conhecido vereador chamado Tobias, a quem amava muito. Os amigos do vereador fizeram uma “vaquinha” e deram de presente à viúva um austero busto de madeira com a figura de Tobias, que foi colocado solenemente na sala. Todos os dias a moça podia ser vista depositando flores na tumba do seu amado Tobias. E eis que começou a aparecer no cemitério outro viúvo, triste e enlutado, que perto da professorinha chorava também o seu amor perdido. As coincidências se repetiram. Eles fizeram amizade. A professorinha um belo dia foi seguida pelo seu triste companheiro de aflições até a casa onde morava. Convidou-o a tomar um cafezinho. Na sala o visitante encontrou o rosto de Tobias, que o fuzilava com seu olhar. As visitas se reiteravam. A amizade crescia. Mas entre os dois havia algo que os distanciava: era o olhar severo de Tobias. Um dia Maria — a empregada — disse que não podia fazer o café porque faltava lenha (a cozinha naquela casa antiga do interior evidentemente tinha fogão a lenha). Faltando lenha não haveria café; faltando café a conversa não se justificava… De repente a empregada ouviu uma voz cava que saía do fundo da garganta da professorinha:
“Maria, racha o Tobias!”
“Que disse a senhora? Que faça lenha com o busto de Tobias?”
“Isso mesmo!”, repetiu de forma incrivelmente decidida a professorinha. “Racha o Tobias!”
A partir daquele momento a sombra agourenta de Tobias desapareceu… A amizade virou namoro e o namoro, casamento.
Hoje se pode ver nessa cidadezinha do interior um casal muito feliz, que todos os dias à tardinha dá um passeio à beira do rio, acompanhado de uma criança, o seu filhinho, que alegremente corre por todas aquelas campinas. Essa história ficou para mim como um símbolo.
Poderíamos perguntar: qual é o seu “Tobias”? Qual é a sombra que paira na sua vida? Que mágoa, que decepção, que medo, que derrota o prendem ao passado? Que complexo, que nostalgia, que rancor, que frustração o impedem de correr agilmente para o futuro?
“Racha o Tobias!”, deveríamos ouvir gritar a nossa consciência.
Seremos ser jovens, não podemos carregar os mortos do passado. Jesus nos diz no Evangelho: “Deixa que os mortos enterrem aos seus mortos; vem e segue-me” (Mat. 8; 22).
“Racha o Tobias”, o “Tobias” que o está tornando um velho decrépito, e passa a viver livre dos fantasmas do passado (Rafael Llano Cifuentes, “85 Experiências sobre o Amor”).



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