quarta-feira, 20 de março de 2013

Hera, a poderosa!

De:  Empoderando as mulheres


Quão mal se falou de você! De certo o que os homens mais temem é uma mulher poderosa, pois eles reservaram todo poder para si. Por trás de tanta poeira e calunias, está tua majestade, tua força, tua realeza. Como precisamos hoje em dia de você! Para sermos respeitadas, consideradas, reverenciadas.

A Hera que dá palpites, que recrimina, é aquela que não consegue assumir seu poder. Hera, a megera indomada! Indomada sim, pois ela quer seu legitimo espaço social, exige sua porção de céu que lhe foi tirada à força, pretende restituída sua realeza pisoteada, obstina-se em reclamar, pois não sabe ainda cobrar seus direitos. Bate boca e cria intrigas nos bastidores do poder, pois nega sua própria 
legitimidade. Sua memória foi corrompida por longos séculos de domínio masculino, sua auto-estima caiu lá no fundo do poço. Não acredita mais em si mesma, não confia no próprio cetro e sua coroa jaz esquecida num canto do porão. Como pode sentir-se verdadeiramente importante, merecedora e digna?

Ela que deveria proteger e nortear o conjunto social, tutelar pela conservação e saúde das instituições, zelar pelas escolas e pela retidão das relações sociais, ela não sabe mais como fazer isso. Acredita nos meios masculinos, baseados na forca bruta, na preponderância da razão do mais forte e não da Razão em si. Sua ética reduziu-se à ética das alianças convenientes, que são oportunas para quem? Para manter no poder os mesmos que lhe negam o poder. Ela, mais do que todas as outras deusas, traiu-se. De onde tirar hoje autoridade e direito sentindo-se esvaziada e anulada por dentro? Quanto mais comprometida com o patriarcado maior sua dependência dele e, portanto, maior sua fraqueza interior, e mais longe ela se encontra do âmago de seu ser feminino e da solidariedade com as outras mulheres. Ela, que deveria protegê-las e ampara-las, ela que era a grande mãe social, ela as traiu no exato instante em que renegou a si mesma associando-se a um poder opressor e discriminador.

Precisamos de você, Hera. Precisamos de mulheres fortes, que andem de cabeça alta, afirmando em alto e bom tom nossos direitos. Precisamos de mulheres na política, no governo, nas lideranças das instituições. Precisamos de mulheres que implementem novos paradigmas éticos e políticos, que redefinem regras do jogo, que criem e tutelem novos espaços sociais, para a realização de uma vida mais digna e justa para as mulheres e com certeza para os homens também.

Salve, ó Rainha!

Um comentário:

  1. Lindo texto! Amei;) acho que existe uma mulher Hera dentra de cada uma de nós.

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