sexta-feira, 22 de março de 2013

Transição do alisado para o natural - Uma decisão política

Raízes são o sustentáculo e a razão da nossa existência. Quando nos afastamos delas ficamos tão firmes como uma folha de capim ao vento!
 (provérbio chinês)




Após postar uma foto em que estava de saída para minha festa de aniversário, recebi muitos elogios pela bela aparência, mas um elogio em especial me chamou muito a atenção: "Irreconhecível, parabéns!". Fiquei pensando o motivo pelo qual alguém que não se parece consigo mesmo ser merecedor de elogios. Na foto estava uma mulher caucasiana, não eu. 
Na tentativa de chegar um pouco mais próxima ao resultado de se parecer comigo mesma eu pintei os cabelos (que estavam com luzes) em preto e cortei mais curtos.
Mesmo com essa mudança, eu ainda não me reconhecia. Tirei fotos no intuito de ver uma mulher que refletisse aquela que eu tinha na minha alma. Nenhuma delas era eu. 
Decidi radicalizar e não mais fazer escova ou chapinha. Mas, o cabelo desestruturado por intervenções químicas me incomodou bastante, eu queria na verdade era os meus cachos de volta. Optei por cortar toda a extensão do cabelo deixando uns quinze centímetros. 
Me senti muito Atena, não sei como explicar. O primeiro choque foi inevitável, já que sou extremamente vaidosa, "perdi o feminino" pensei. 
Mas, depois de fazer uma intervenção com mousse vi que os curtos são belos e os cachos apareceram. 
Para mim, essa decisão foi mais do que estética, foi também uma decisão política. Tenho um pertencimento histórico e é esse que quero resgatar e sei que não é perdendo parte do meu poder interior que irei assumir minha responsabilidade comigo mesma. 

Processo de transição



6 comentários:

  1. Reconhecivelmente linda! Sempre acompanho seu blog, felicidades!

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    1. Gabriel;

      Obrigada por acompanhar o blog e pelo jogo das palavras. Nós mulheres associamos o estar sexy aos cabelos compridos, quando na verdade o estar sexy deveria ser associado a um estado de espírito.
      Adorei o jogo de palavras.

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  2. Deia,
    Realmente chamou-me bastante atenção esse texto...principalmente quando aparece termo "pertencimento histórico". Sabe, minha namorada é mulata e diz sempre sobre um dia 'deixar de usar alisante'...na certa,fica claro aqui a não aceitação do jeito de ser por parte de várias mulheres...detalhes culturais como 'cabelo comprido','rosto maquiado','pernas torneadas',etc.Muitas mulheres que não tem,ao menos algumas,dessas características,sentem-se um pouco 'diminuídas'...isso é fruto do machismo e um estereótipo dos sexos...
    Com certeza,sejamos germânicos,latinos,negros,caucasianos ou amarelos,somos humanos...
    Felicidades...

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    1. Caro Luiz,

      Você falou muito bem, quando o desejo vem segui de agradar ao outro é muito preocupante. Ficar o dia inteirinho se equilibrando em um sapato que é desconfortável apenas para parece sexy, ou manter o cabelo comprido por medo de perder o feminino é muito preocupante. A vaidade não é ruim. Se é para agradar a si mesma, para se considerar bela e não para se comparar as outras.
      Obrigada pelas palavras

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  3. Respostas
    1. É muito bom ter amigos generosos e presentes. Adoro tê-lo sempre por aqui.

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